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Medicina hoje se parece com
'fast food', diz médico italiano

Medicina hoje se parece com
'fast food', diz médico italiano

FOLHAPRESS

21/10/2017 - 10h32
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A medicina atual e os restaurantes fast-food têm mais em comum do que se poderia imaginar -pelo menos segundo um movimento italiano que prega atendimentos médicos mais humanizados.

O italiano Marco Bobbio vê na medicina atual desperdício de recursos, excesso de velocidade em vários momentos e ainda falta de conexão com os pacientes.

"A medicina hoje é muito efetiva. Temos tantos procedimentos e tratamentos disponíveis que, às vezes, estamos fazendo demais. Isso significa que usamos drogas e tratamentos quando o paciente não precisa", diz Bobbio.

Ir além do necessário é o assunto de seu novo livro, "Troppa Medicina" (medicina demais, em tradução livre; ainda não disponível no Brasil) e também é parte dos temas tratados pela Slow Medicine (medicina lenta), movimento do qual é secretário-geral.

Bobbio diz que deve haver mais conversa e decisões compartilhadas entre médico e paciente sobre qual caminho de tratamento seguir.

O italiano também diz acreditar que, por mais que as indústrias farmacêuticas e de diagnóstico tenham interesse na realização de mais exames, talvez os maiores responsáveis pelos excessos sejam os próprios médicos. "Para elas, é um negócio; para os médicos, não. Para eles, o negócio é dar o melhor para cada paciente."

Pergunta - Hoje os médicos fazem mais procedimentos do que o necessário?
Marco Bobbio - Sim. Normalmente, os pacientes querem mais testes e os médicos prescrevem mais exames do que o necessário.

Temos que entender quando usar os procedimentos de forma apropriada, se não é desperdício.
Economistas avaliam que um terço dos gastos de saúde nos países ocidentais –no Brasil deve ser o mesmo– é desperdício. Gastamos dinheiro que não produz saúde.

Fora o fator econômico, qual o perigo de muitos exames?
- Muita medicina também é um perigo. Pacientes usam drogas que não precisam e têm todos os efeitos colaterais, sem efeitos positivos.

Quando você faz um procedimento sem indicação real, pode-se achar algo que não é patológico, mas não é completamente normal. O paciente começa a ter ansiedade com o que irá acontecer se o achado evoluir para uma doença.

As pessoas se sentem bem, elas não têm nada, mas estão preocupadas com o que irá acontecer no futuro. Fazem testes, tomam remédio só pelo medo de uma doença.

Qual o impacto dessa preocupação excessiva com a saúde?
- É por isso que há pessoas que tomam montes de drogas todas as manhãs, estão comendo comidas saudáveis -que chamam de saudável, mas eu não tenho certeza de que o sejam-, porque pensam que isso pode salvar a vida delas de tudo. Elas não apreciam a vida. Passam a maior parte da vida tentando gerenciá-la.

Não vivem, de fato.
- E não vivem melhor. Em jantares, as pessoas não dizem "gosto" ou "não gosto dessa comida". Elas dizem "posso" ou "não posso comer". Perdemos a subjetividade da relação com a vida, com a comida. Confiamos em supostas regras científicas que muitas vezes não são científicas, são só coisas que as pessoas leram na internet.

Como ter uma vida saudável?
- Só relaxe. Faça o que você gosta. Claro que algumas preocupações sobre doenças e riscos são necessárias. Claro que é bom evitar fumar e ser sedentário. Você precisa fazer algum exercício.

Não se deve exagerar em nada. Exercício intenso não é saudável. E comida, você pode comer qualquer coisa, mas de forma moderada.

Você pode comer manteiga, mas não um monte todo dia. Você deve direcionar sua alimentação para uma dieta vegetariana, mas isso não significa que você não deva comer carne nunca. Tudo com moderação. Você conhece o movimento slow food?

Quer dizer que a medicina hoje pode ser comparada a uma cadeia de fast food?
- Claro que há grandes diferenças, mas a ideia é quase a mesma. Temos uma forma de 'fast medicine'. Isso não significa que os médicos devam ficar relaxados.

Eu sei que a medicina precisa ser muito rápida às vezes. Mas também há várias situações nas quais você pode pensar um pouco mais e discutir com o paciente qual a melhor conduta.

Os médicos não costumam ouvir os pacientes? Por quê?
- Os médicos têm que fazer mais e mais procedimentos. Os hospitais fazem com que eles realizem muitos atendimentos, então o tempo para a consulta é reduzido ano a ano.

Além disso, hoje tanto médicos quanto pacientes confiam mais em tecnologia do que na experiência do próprio médico.

Pacientes acham que exames trazem verdades objetivas?
- Sim. Em geral, se pensa que o corpo é como um carro. Se pisca a luz vermelha, você precisa levar para o conserto. Mas o corpo não é isso. Há uma certa dose de autocura, então, em alguns casos, as doenças passam sem você fazer nada.

Foram feitos estudos apontando que, se você mostra raios-x para radiologistas, a concordância entre eles será entre 60% e 70%. Cada um dá uma interpretação pessoal.

Estudos mostram também que se você mostra o mesmo raio-x para um mesmo radiologista com alguns meses de diferença, ele terá interpretações diferentes. Nós precisamos falar que a tecnologia não é objetiva.

Quando um exame é crucial?
- Depende do paciente. Fazer exames sem sintomas, o check-up, não tem sentido.

Mesmo para os mais velhos?
- De acordo com o paciente, com o histórico dele e da família, ou como ele se sente, pode ser útil.

Quem ganha com mais testes sendo feitos?
- As indústrias farmacêutica e de diagnóstico. Elas gastam um bom dinheiro para incentivar médicos a prescreverem o máximo possível. A maioria dos congressos médicos é patrocinada por elas.

Não as culpo. Tenho a tentação de culpar os médicos que prescrevem de modo incorreto. Para elas, é um negócio; para os médicos, não. Para eles, o negócio é dar o melhor para cada paciente.

Como conciliar slow medicine e cargas pesadas de trabalho?
- Para ser amigável, empático, não é necessário mais tempo. Se você tem pouco tempo, você precisa decidir como usá-lo. Você pode usá-lo de modo lento ou rápido.

Lento não significa ser devagar, mas, sim, ter que ser positivo com o paciente.

Pacientes têm de exigir médicos mais atenciosos?
- Pacientes precisam ter papel ativo. Toda vez que um médico prescrever um procedimento, eles devem perguntar se o teste é realmente necessário, o que irá acontecer se ele não fizer o teste. Posso adiar o procedimento? Posso esperar que a doença se cure sozinha? Quais são as alternativas?

Inteligência artificial

Google anuncia IA para criar vídeos, resumir reuniões e melhorar emails

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho

10/04/2024 16h00

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Divulgação

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O Google apresentou na terça-feira (9) um pacote de novidades de inteligência artificial para sua plataforma de trabalho que inclui Gmail, Docs, Meet e Sheets, após seguidos deslizes na competição pela liderança na tecnologia com a OpenAI e a Microsoft.

Entre os anúncios, chamou atenção uma ferramenta de IA geradora de slides em vídeo. Chamado de Google Vids, a nova ferramenta é, segundo o Google, um assistente de criação de vídeos equipado com inteligência artificial. A tecnologia cria uma espécie de sequência de cenas, ou um "storyboard", como é chamado na indústria criativa.

O lançamento de uma versão de testes acontecerá em junho. Assinantes do Workspace, disponível por US$ 10 (R$ 50) mensais, terão acesso à plataforma.

De acordo com a vice-presidente do Google Kristina Behr, a ideia é que qualquer pessoa seja capaz de contar bem uma história com o auxílio da ferramenta. "Nosso objetivo é que, se uma pessoa pode fazer um slide, pode fazer um Google Vids", disse a executiva em evento realizado pelo Google em Las Vegas para anúncio de novidades voltadas às empresas.

Os usuários poderão escolher estilo, composição dos slides, cenas, imagens e músicas a partir de botões e comandos textuais dados ao chatbot Gemini. Uma das apostas do Google para recuperar a competitividade no mercado de IA é a integração de seus serviços.

O Google teve um início desajeitado no mercado de IA generativa, embora seja o responsável pelos principais avanços técnicos por trás da tecnologia. Entrou na concorrência apenas após o sucesso do ChatGPT, e o primeiro produto da empresa —Bard— desapontou o público em termos de performance.

A segunda tentativa, o chatbot Gemini que chegou ao mercado em fevereiro, rivaliza em performance com a versão mais recente do ChatGPT, mas foi centro de uma polêmica que envolveu a representação de nazistas não-brancos, entre outras imprecisões históricas. Por isso, a plataforma teve sua função de geração de imagens desativada por dias.

Agora a empresa se apoia na sua grande base de assinantes para integrar o bot concorrente do ChatGPT a Gmail, Docs, Sheets e outros recursos. Os recursos se assemelham às funções de IA disponíveis no pacote Office e no Windows, da Microsoft.

Um exemplo dessas funcionalidades é um assistente feito com IA capaz de resumir conversas, fazer traduções e responder dúvidas durante uma sessão de Google Meet. O robô funciona a partir de comando de voz.

Também com expectativa de lançamento em junho, a tecnologia tem suporte para 69 idiomas incluindo o português, segundo o Google. A assinatura do serviço custará US$ 10 (R$ 50).
O assistente também funcionará no Google Chat, bate-papo presente no Gmail.

A plataforma de email também passará a receber comandos por voz e receberá um botão para "melhorar" textos com um clique. A tecnologia "transformará uma nota simples em um email completo".

Ainda com base em IA, as planilhas do Google ganharão uma funcionalidade para formatar e organizar dados de maneira intuitiva. O produto promete acelerar a produção de tabelas.
O Google também acrescentou gatilhos condicionais às planilhas, que avisarão o usuário em caso de mudanças relevantes nos dados.

No Google Docs, programa de edição de texto, a empresa implementará um sistema de abas, que promete facilitar acesso e trabalho em múltiplos documentos ao mesmo tempo.

Para o Google Drive, o gigante da tecnologia passou a oferecer na terça um recurso de classificação e proteção de arquivos com o auxílio de IA. A tecnologia pretende facilitar a gestão de arquivos de negócios, para facilitar a detecção de arquivos nocivos, como vírus.

Integrado aos aplicativos de produtividade, o chatbot do Google para empresas, chamado Vertex, terá 130 opções de personalização sob promessa de adequar e melhorar a performance da tecnologia às necessidades dos usuários.

Programadores ainda ganharam acesso na terça a uma versão mais sofisticada do chatbot Gemini, o modelo 1.5 Pro.

De acordo com o Google, essa versão trabalha melhor com imagens, áudios e linguagens de programação.
 

Justiça

Barroso dá recado a Musk e fala em instrumentalização criminosa das redes sociais

O presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito"

08/04/2024 14h00

O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, divulgou nota hoje em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado". divulgação

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Em meio ao embate entre o ministro Alexandre de Moraes e o empresário Elon Musk, dono da rede social X (antigo Twitter), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Luís Roberto Barroso, divulgou nota nesta segunda (8) em que afirma que "decisões judiciais podem ser objetos de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

Neste domingo (7), Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado no inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.

Moraes afirmou que o empresário iniciou uma campanha de desinformação sobre a atuação do STF e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), "instigando a desobediência e obstrução à Justiça, inclusive, em relação a organizações criminosas".

Na nota assinada por Barroso, sem citar nominalmente Musk, o presidente do Supremo diz que é público e notório que "travou-se recentemente no Brasil uma luta de vida e morte pelo Estado democrático de Direito e contra um golpe de Estado, que está sob investigação nesta corte com observância do devido processo legal".

"O inconformismo contra a prevalência da democracia continua a se manifestar na instrumentalização criminosa das redes sociais", afirmou.

"O Supremo Tribunal Federal atuou e continuará a atuar na proteção das instituições, sendo certo que toda e qualquer empresa que opere no Brasil está sujeita à Constituição Federal, às leis e às decisões das autoridades brasileiras", disse Barroso.

Segundo ele, "é uma regra mundial do Estado de Direito e que faremos prevalecer no Brasil", que "decisões judiciais podem ser objeto de recursos, mas jamais de descumprimento deliberado".

No domingo, Musk disse em seu perfil no X que Moraes deveria renunciar ou sofrer impeachment. No mesmo texto, afirmou que em breve publicará tudo o que é exigido pelo ministro e "como essas solicitações violam a legislação brasileira".

Um dia antes, um perfil institucional do X havia postado que bloqueou "determinadas contas populares no Brasil" devido a decisões judiciais, e Musk retuitou mensagem em que disse que "estamos levantando todas as restrições" e que "princípios importam mais que o lucro".

Apesar de o post da empresa não citar de onde seriam as decisões, Musk repostou a publicação, junto da mensagem: "Por que você está fazendo isso @alexandre", marcando o ministro do STF.

Horas após a postagem do domingo, Moraes determinou a inclusão de Musk como investigado. Segundo o ministro, a medida se justifica pela "dolosa instrumentalização criminosa" da rede, em conexão com os fatos investigados nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos.

Moraes determinou ainda a instauração de um inquérito para apurar as condutas de Musk em relação aos crimes de obstrução à Justiça, inclusive em organização criminosa e incitação ao crime, todos previstos no Código Penal.
 

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