As linhas em branco, o tema proposto, os minutos passando, a tensão, a dificuldade para externalizar as ideias. Isso tudo remete a um recorte de uma cena comum: a do estudante diante de uma redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Por duas vezes, em 2011 e 2012, Marina Rocha Rubini transformou essa experiência em nota 1.000. Após conseguir sua segunda nota máxima, ela cumpriu uma promessa que fizera a si mesma: usar a internet como ferramenta para ajudar outros estudantes a conseguir o melhor resultado possível na redação do Enem.
A promessa ocorreu entre o Enem de 2011 e de 2012. “Eu prometi que, se tirasse nota 1.000 de novo, iria partilhar o que sei sobre como fazer uma redação”, lembra-se. Criou, então, um blog. Essa decisão foi reforçada pelo “assédio” dos colegas que buscavam saber de Marina os caminhos para o sucesso da redação.
Atualmente, Marina, que completou 20 anos há cinco dias, divide sua rotina de blogueira com os compromissos da faculdade – ela cursa Medicina na Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul).
Veja as redações:
Sob o olhar do “Twitter”
Para Constituição Brasileira, Carta Magna do país, a liberdade de consciência, de culto e de pensamento são direitos invioláveis. Hoje, no século XXI, os cidadãos enxergam a Internet como aliada social e política, já que através dela a interação com amigos e conhecidos é facilitada e, ao mesmo tempo, ocorre com mais rapidez e simplicidade a disseminação de projetos e ideais. A questão, porém, é a dificuldade que tantos encontram em separar o público do privado, isto é, o que deve ou não ser colocado em rede.
Fotos demasiadamente expositivas, críticas desrespeitosas a pessoas quaisquer e comentários relacionados ao ambiente íntimo de trabalho devem ser evitados. Se utilizadas com limites e bom senso, as redes sociais e a Internet como um todo só tem a engrandecer as relações entre as pessoas, rompendo barreiras entre tempo e espaço. Exemplos desse quadro são as revoltas nos países árabes que o mundo recentemente testemunhou. Adultos e jovens clamaram por democracia. Muito foi conquistado e o uso da rede foi decisivo para a articulação de passeatas e protestos.
Vive-se sob os efeitos do capitalismo, em que os modos de pensar, agir e sentir estão sendo a todo tempo modificados. No Brasil, muitos já têm acesso a Internet, entretanto, é preciso incluir digitalmente mais pessoas, afinal o mercado de trabalho mudou junto com as relações interpessoais, tendo hoje o uso independente de um computador como pré-requisito.
Ao Estado cabe o dever de expandir e baratear os custos das redes, como forma de permitir que todos vivenciem essa liberdade. Aos pais cabe o papel de instruir e fiscalizar o acesso de seus filhos a Internet, de maneira que tenham conhecimento sobre possíveis casos de bullying ou pedofilia, por exemplo. Os meios de comunicação também exercem função importante, fornecendo informações com seriedade.
A liberdade de consciência, de culto e de pensamento deve ser respeitada. Com educação de qualidade, crianças e jovens serão capazes de ter discernimento sobre os prejuízos e benefícios da Internet. Além disso, é fundamental a existência de um ensino moral, intelectual e cívico, pois é essa parcela jovem que comporá o Brasil de amanhã com mais justiça e igualdade.
Brasil, um país de oportunidades
A miscigenação brasileira apresenta raízes históricas. Nos primórdios, houve o contato de índios, africanos e portugueses. Séculos mais tarde foi a vez dos europeus virem trabalhar nas fazendas de café. Isso mostra que a cultura do país é fruto de uma imensa pluralidade, sendo formada por diferentes contextos sociais. Hoje, século XXI, podemos contar com a chegada de bolivianos, paraguaios e haitianos. Receber esses povos de braços abertos e garantir-lhes dignidade é a nossa grande tarefa.
O Brasil melhorou de maneira significativa os seus índices de desenvolvimento nas últimas décadas. Por esse motivo, o mundo voltou os olhos para o país, que hoje é visto como um celeiro de oportunidades. Todos os dias há a chegada de novos imigrantes, seja para fugir de guerras, da intolerância religiosa ou mesmo da miséria. O governo brasileiro tem tido a responsabilidade de administrar as questões burocráticas em relação a esses imigrantes.
Apesar de viver uma realidade de desenvolvimento, o Brasil ainda possui graves mazelas sociais, como a fome e o desemprego. Com a presença dos imigrantes, essas questões se agravam e as cidades do país não conseguem absorver o fluxo. O resultado poderia ser uma intensificação da favelização e marginalização. Mas, é completamente possível que o Brasil se estruture e consiga atender as demandas dessa gente.
Se em outros tempos, os brasileiros marcaram presença em países desenvolvidos, como Estados Unidos, Reino Unido e Japão, hoje é a nossa vez de inserir e valorizar a força de trabalho dos imigrantes. Regularizar a situação dos mesmos se faz fundamental, de forma que não sofram exclusão ou preconceito. Sendo a sexta economia global, há espaços para todos no Brasil, seja profissionais de excelente, média ou baixa qualificação.
Nesse momento, cabe ao Estado investir em cursos profissionalizantes para capacitar os imigrantes, bem como fornecer-lhes condições adequadas de saúde e moradia. É papel das escolas e dos meios de comunicação, incentivarem a inclusão dos imigrantes, ressaltando a importância do respeito à diversidade. Os imigrantes que aqui almejam um lar precisam encontrar justiça e igualdade, eixos de uma sociedade democrática.
A reportagem, de Osvaldo Júnior, está na edição de hoje (26) do jornal Correio do Estado