Detalhes do acidente que matou o piloto Marcos David Xavier, de 34 anos, anteontem no Pantanal de Miranda serão apurados por técnicos do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), e levando em conta as últimas investigações dos peritos em acidentes ocorridos no Estado, as causas do acidente devem levar meses e até anos para serem conhecidas.
Conforme o Cenipa, os peritos que estão em Mato Grosso do Sul a caminho de Miranda para apurar o acidente vieram de São Paulo e não há prazo determinado para que eles permaneçam no Estado.
Além de analisar os destroços da aeronave prefixo PT-VKY, modelo Embraer EMD-810 Seneca III, os peritos irão ouvir depoimentos de funcionários de fazendas que afirmam ter visto a aeronave voando baixo pouco antes de cair. O avião pertencia a uma das donas da empresa MS Táxi Aéreo, que ontem informou que o mau tempo pode ser uma das causas do acidente.
DEMORA
A conclusão do laudo pericial que vai apontar as causas do acidente não tem prazo determinado por lei ou regulamentação interna da ANAC. No entanto, na maioria dos casos, o tempo para término do laudo supera 1 ano.
A reportagem apurou, com base nos dados do Cenipa, que o último laudo pericial finalizado pelas equipes de investigações em Mato Grosso do Sul é de acidente ocorrido em dezembro de 2014. Ou seja, há 1 ano e 9 meses nenhuma nova apuração de acidente aéreo foi finalizada.
De lá para cá, incluindo o acidente ocorrido anteontem no Pantanal, foram pelo menos quatro incidentes com aeronaves no Estado, em dois deles houve mortes.
Um dos casos em que a finalização do laudo virou “lenda” é da aeronave bimotor prefixo PT-LSS, de propriedade do ex-senador Antonio João Hugo Rodrigues. Em março do ano passado, a aeronave teve um problema no trem de pouso durante aterrissagem no Aeroporto Teruel, em Campo Grande. Diante da falha, a aeronave percorreu cerca de 300 metros “de barriga”.
Um ano e meio se passou e até hoje o laudo do Cenipa não ficou pronto. “Essa perícia do Cenipa é uma lenda. Eles vieram aqui, ouviram piloto, mecânico, fizeram medição na pista e até agora não veio o laudo”, afirma Antonio João.
Outros acidentes que ainda estão em apuração foram envolvendo a família do apresentador Luciano Huck, em maio do ano passado, em área rural de Campo Grande, e outro em Jaraguai, quando o advogado Túlio Murano Garcia e piloto morreram na queda da aeronave de pequeno porte, em dezembro de 2014.
A assessoria de imprensa do Cenipa afirma que o tempo para elaboração do laudo pericial depende da complexidade do acidente. Em alguns casos, peças das aeronaves precisam ser encaminhadas para fabricantes para fora do Brasil, onde coleta de dados é feita e, nesses casos, a conclusão dos relatórios demora mais ainda.