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Caminhoneiros não têm área de descanso e lei não sai do papel

Polícia Rodoviária Federal multa apenas casos mais extremos de abuso de jornada nas estradas

RAFAEL BUENO

22/03/2015 - 17h00
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Em vigor desde setembro de 2012, a “Lei do Descanso” não vingou em sua plenitude no país. Sem áreas de descanso suficientes para atender a demanda de caminhoneiros, apenas os casos mais graves são autuados pela Polícia Rodoviária Federal (PRF). O Governo Federal, avalia, inclusive,  cancelar as multas já aplicadas.

A lei determina que em um período de 24h, os motoristas tenham 11h de repouso, mais 30 minutos de descanso a cada quatro horas de viagem. O caminhoneiro Adelmar Glay de Oliveira, 62 anos, aprova a parada obrigatória, mas reclama da falta dos locais apropriados para isso.

Segundo ele, sem estacionamentos, os profissionais são obrigados a parar nos postos de combustíveis. Acontece, que por serem particulares, estes estabelecimentos cobram caro pelos serviços.

“Quando nós, caminhoneiros, não abastecemos nos postos que paramos, temos que pagar até R$ 5 por um banho”, diz. Para Oliveira, deveriam ser criados nossos espaços de descanso às beiras das rodovias, com preço mais acessível para receber os caminhoneiros.

Se de um lado a categoria alega a falta de condições para cumprir a lei, os policiais rodoviários federais também foram orientados a autuar, somente nos casos mais extremos de abuso de jornada. Isso deve acontecer até o Governo Federal resolver a situação.

“Há casos de motoristas com mais de 15 horas seguidas na direção, então estes imediatamente são autuados e têm que ficar no mínimo onze horas descansando no posto de fiscalização”, explica Tercio Baggio, chefe de Comunicação da PRF/MS.

No ano passado, foram aplicadas 410 multas pelo descumprimento da lei. Porém, o número é baixo se for levado em conta, que por dia são cerca de doze mil caminhões que passam pelas estradas em MS.

Para o presidente do Sindicato dos Transportadores Rodoviários de Bens em MS (Sindicam/MS), Osny Carlos Bellinati, a BR-163 é a rodovia que mais sofre a falta de estacionamentos, em razão do grande fluxo de caminhões. O sindicato, inclusive, apresentou projeto ao Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para novas áreas de descanso nesta rodovia. 

Porém, segundo Osny, o negócio esbarra em entrave político para sair do papel. Pelo projeto, o BNDES financiaria os estacionamentos, a fundo perdido. “Até a rede de postos já temos. Em Dourados, temos uma área de 75 hectares para construção do estacionamento regulamentado, o que falta é boa vontade”.

Rebites

Com a falta de aperto na fiscalização, o problema do uso de drogas do tipo anfetaminas (rebites) e até cocaína, continuam nas estradas. Parte dos caminhoneiros faz uso destas substâncias para perder o sono e conseguir um maior tempo na direção.

O viajante J. C., de 43 anos, tem conhecimento de colegas de estrada que usam das  anfetaminas e ficam até dois dias sem dormir. Ele chama atenção para a facilidade na qual se encontram estes produtos nas rodovias. 

Para J. C., o comércio clandestino é o grande problema e, no caso de MS, aumenta em razão da fronteira com o Paraguai. No país vizinho, a venda destas substâncias não exige receita médica.

“À noite, nos pátios dos postos de combustíveis sempre tem alguém vendendo; garotas de programas também revendem”, afirma.

O caminhoneiro M. J. N, de 52 anos, condena o uso de drogas para tirar o sono na estrada. Porém, ele lembra que a baixa remuneração da categoria, força as jornadas excessivas.

Para cada R$ 4 mil pagos por um frete, cerca de apenas R$ 600 sobram para o caminhoneiro depois de pagar despesas, pedágio e óleo diesel. “Então quanto mais dirigir, mais vai ganhar dinheiro com os fretes para pagar as conta”, ressalta.

M. conta que certa vez, entrou no banheiro de um posto de combustíveis em Coxim (distante 254 Km da Capital), e viu um rapaz cheirando cocaína na pia. Ao perguntar o que estava fazendo, a resposta foi direta: “vou pegar a estrada daqui a pouco e virar à noite”.

Cidades

Saiba o que mudou na CNH para ciclomotores

Usuários desse tipo de transporte devem se atentar para regularizar a documentação a partir de 1º de janeiro de 2026

17/12/2025 15h33

Crédito: Tomaz Silva / Agência Brasil / Arquivo

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Em reunião entre o Departamento Estadual de Trânsito de Mato Grosso do Sul (Detran-MS) e o Conselho Estadual de Trânsito (Cetran-MS) para debater mudanças na carteira de motorista, foram abordadas alterações na legislação dos ciclomotores.

A partir de 1º de janeiro de 2026, a Resolução nº 996/2023 determina que será necessário o registro e o emplacamento dos veículos.

Com relação à legislação dos ciclomotores, o Detran-MS alertou que vários municípios não editaram normas próprias sobre a circulação desses veículos, o que, a princípio, poderá implicar dificuldades na fiscalização quanto à exigência da CNH ou da Autorização para Conduzir Ciclomotor (ACC) para usuários desse tipo de veículo.

Cabe ressaltar que, conforme explicou o órgão de trânsito, o Detran-MS tem responsabilidade pela parte da documentação, enquanto o emplacamento fica por conta do proprietário.

Já aos municípios compete a regulamentação e a fiscalização da circulação.

Ficaram de fora das alterações

Bicicletas e patinetes elétricos não são classificados como ciclomotores e, portanto, não necessitam de registro ou emplacamento, devendo apenas respeitar as normas municipais vigentes.

Preciso de CNH?

Com isso, bicicletas elétricas (com pedal e sem acelerador) não exigem que o condutor possua habilitação.

Já os ciclomotores necessitam de habilitação (ACC ou CNH categoria A), licenciamento, placa e uso de capacete, seguindo regras semelhantes às aplicadas a quem pilota motocicletas.

Alterações na CNH

Na reunião, os gestores pontuaram que a mudança na legislação alterou procedimentos de emissão e renovação da CNH, sem considerar o tempo necessário para que os órgãos de trânsito estabeleçam as mudanças, que implicam em:

  • adequações internas;
  • novos protocolos;
  • regramentos;
  • credenciamentos e fluxos operacionais.

“A resolução e a medida provisória não trouxeram instrumentos que permitam uma rápida adequação dos Detrans, o que impacta diretamente as operações e rotinas. Esse alinhamento é fundamental para garantir segurança jurídica e eficiência na aplicação da legislação”, disse o diretor-presidente do Detran-MS, Rudel Trindade.

A presidente do Cetran-MS, Regina Maria Duarte, destacou que a aplicação da nova legislação da CNH exige atuação integrada entre os órgãos normativos e executivos.

“Estamos diante da maior mudança na legislação de habilitação das últimas décadas, que não se resume à alteração de normas, mas envolve a adaptação de sistemas, processos e estruturas. Nesse contexto, o Cetran tem o papel de coordenar, harmonizar e orientar a aplicação das diretrizes federais à realidade do Estado, enquanto o Detran executa essas diretrizes no dia a dia. Essa parceria é essencial para garantir segurança jurídica, continuidade dos serviços e transparência à população”, afirmou.
 

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Texto segue à Câmara

Senado aprova emenda que permite separar polícias civil e científica

Nelsinho Trad e Tereza Cristina votaram a favor da proposta; Soraya Thronicke não compareceu

17/12/2025 15h30

Foto: Paulo Ribas / Arquivo Correio do Estado

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O Senado Federal aprovou nesta terça-feira (16), em dois turnos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 76/2019, que inclui as polícias científicas no rol dos órgãos de segurança pública previstos na Constituição, medida que abre caminho para a separação administrativa e funcional entre a Polícia Civil e a Polícia Científica nos estados, reforçando a autonomia dos órgãos responsáveis pelas perícias criminais. O texto segue agora para análise da Câmara dos Deputados.

Em primeiro turno, a proposta recebeu 65 votos favoráveis e apenas uma abstenção. No segundo turno, foram 64 votos a favor, superando com folga o mínimo constitucional de três quintos dos votos dos senadores. Para entrar em vigor, a PEC ainda precisa ser aprovada em dois turnos pela Câmara, com pelo menos 308 votos favoráveis.

Após a aprovação no Senado, entidades representativas da categoria comemoraram o avanço. Francisco Orlando, presidente do Sindicato dos Peritos Oficiais Forenses de Mato Grosso do Sul (Sinpof/MS) agradeceu aos senadores de Mato Grosso do Sul que votaram favoravelmente à proposta, destacando o apoio de Nelsinho Trad e Tereza Cristina. A senadora Soraya Thronicke não participou da votação.

Segundo Orlando, a autonomia da Polícia Científica garante mais independência técnica e fortalecimento institucional. O sindicato afirmou estar mobilizado para acompanhar a tramitação da PEC na Câmara dos Deputados, confiantes na continuidade do apoio parlamentar a uma medida considerada histórica para a segurança pública brasileira.

Texto

A PEC foi apresentada em 2019 pelo então senador Antonio Anastasia (MG), hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU), e tem como objetivo garantir autonomia constitucional às polícias científicas, responsáveis por atividades criminalísticas, de identificação e ações médico-legais. Atualmente, em muitos estados, esses órgãos ainda estão vinculados à estrutura da Polícia Civil.

Relatora da matéria, a senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO) afirmou que a mudança representa um avanço institucional para a segurança pública brasileira. Segundo ela, o reconhecimento constitucional fortalece a independência técnica das perícias, fundamentais para a qualidade das investigações criminais e das decisões judiciais. De maneira muito equilibrada, o Senado respeita muito a área da segurança pública, declarou a relatora durante a votação.

Dorinha também acatou parcialmente uma emenda apresentada pelo senador Dr. Hiran (PP-RR), esclarecendo que a PEC contempla os peritos criminais, os peritos médico-legistas e os peritos odontolegistas como peritos oficiais de natureza criminal.

Plenário

Durante a discussão em Plenário, senadores de diferentes partidos elogiaram a proposta. Para Jayme Campos (União-MT), a PEC representa um marco na modernização do Estado brasileiro. Marcos Rogério (PL-RO) e Sergio Moro (União-PR) destacaram que a iniciativa valoriza os profissionais da polícia científica e fortalece o sistema de justiça criminal. Moro afirmou que rende homenagens não apenas à polícia científica, mas a todos os policiais que se dedicam à segurança pública.

A relatora ressaltou ainda que diversos estados já possuem polícias científicas estruturadas de forma independente da Polícia Civil, o que demonstra a viabilidade do modelo agora proposto em nível constitucional.

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