A mobilização dos agentes penitenciários das 54 unidades prisionais do Estado tem ocasionado motins neste domingo. As primeiras rebeliões registradas até o momento é no Presídio Estadual de Dourados e Rio Brilhante.
Em Rio Brilhante, presos quebraram celas e em Dourados eles estão quebrando as portas do raio 1 e 3.
O Sindicato dos Servidores da Administração Penitenciária do Estado (Sinsap-MS), solicitou que todos servidores compareçam nas unidades de origem para oferecer suporte aos plantonistas.
Cerca de 1,6 mil servidores penitenciários cruzaram os braços hoje. O intuito da mobilização é chamar atenção das autoridades por mais segurança e valorização profissional.
Com isso neste domingo os 54 presídios do Estado estão “trancados”, o que significa que não está tendo banho de sol; visitas; entrega de alimentação e pertences aos presos; liberação para trabalho; atendimento aos advogados; atendimento aos oficiais de justiça; liberação de presos dos regimes aberto e semiaberto para visitação em domicílios; assistências penais, educacionais, laborativas e religiosas; atendimento a saúde, exceto em casos de urgência e emergência e recebimento de preso.
Devido a essas medidas o clima nas unidades é tenso e a segurança pública como forma de prevenção solicitou o reforço das forças táticas nas muralhas e na parte externa.
Em nota, o presidente do sindicato, André Luiz Santiago pede compreensão e apoio de toda sociedade e principalmente dos familiares dos ressocializandos . “A mobilização coletiva é em prol das melhorias do sistema prisional devido a forma desumana e caótica que afeta tanto os agentes quanto os detentos, por isso pedimos o apoio e compreensão dos familiares dos presos que também sofrem com essa falta de estrutura. Paralisar o trabalho é a única forma de pressionar o Governo para garantir o mínimo de segurança e condições de trabalho”, ressalta o presidente do sindicato.
De acordo com o sindicato, Mato Grosso do Sul tem apenas 1.600 servidores e destes, somente 900 fazem a custódia dos cerca de 16 mil detentos. “Estamos trabalhando acima do limite. Todos os dias temos um pouco mais de 200 agentes para cuidar de uma massa carcerária que é considerada a maior do país por habitante. O que dá uma média de 200 ressocialização para cada servidor. Enfrentamos 5 envenenamentos, 2 atentados e são 7 pessoas marcadas para morrer. Sem falar nos atentados em Coxim e Naviraí”, explicou Santiago.
O agente penitenciário trabalha 24 por 72 horas e tem vencimento na ordem de R$ 3,1 mil, o menor da Segurança Pública no Estado, e um dos piores do País, conforme informações do presidente do sindicato da categoria.
O déficit de servidores atinge o patamar de 13 mil agentes, de acordo com o Sinsap faltam quase 12 vezes o número suficiente de agentes. “São quase 16 mil presos num sistema superlotado que precisaria ter mais 7 mil vagas para termos condições de trabalhar conforme a LEP (Lei de Execuções Penais)”, alerta Santiago.