A ação da Polícia Federal que cumpre mandados de busca e apreensão e prisão em quatro cidades, entre elas Caarapó, onde conflito por terras entre índios e fazendeiros terminou com um indígena morto em junho, tem como alvo produtores rurais. O Ministério Público Federal (MPF) confirmou que mais de um fazendeiro já foi detido.
Segundo o órgão, o pedido de prisão preventiva foi autorizado pela Justiça Federal de Dourados e os policiais cumprem os mandados desde o início da manhã de hoje em Caarapó, Campo Grande, Dourados e Laguna Caarapão. O MPF ainda não divulgou quem são e quantos produtores já foram detidos.
Nas apurações, o MPF constatou que os fazendeiros tiveram envolvimento direto com o ataque e “podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado”.
Os pedidos de prisão foram feitos para evitar novos casos de violência nas regiões de conflito. O MPF lembra, ainda, que os pedidos foram expedidos pela Justiça no dia 5 de julho, no entanto, a Polícia Federal demorou mais de 40 dias para cumpri-los.
O CONFRONTO
No dia 12 de junho, índios da comunidade Tey Kuê, da etnia Guarani-Kaiowá, ocuparam a Fazenda Yvu. No dia seguinte, agentes da Polícia Federal foram notificados da ocupação por fazendeiros que os levaram até o local. Os policiais não encontraram reféns e foram informados pelos indígenas de que o proprietário poderia, em 24h, retirar o gado e seus pertences do local. Sem mandado de reintegração de posse, os PFs retornaram a Dourados.
Os proprietários rurais que foram presos hoje e mais 200 ou 300 pessoas ainda não identificadas, munidas de armas de fogo e rojões, se organizaram para expulsar os índios do local em 14 de junho. De acordo com testemunhas, foram mais de 40 caminhonetes que cercaram os índios, com auxílio de uma pá carregadeira, e começaram a disparar em direção à comunidade.
De um grupo de 40 a 50 índios, oito ficaram feridos e Clodiode Aquileu Rodrigues morreu. Dos indígenas feridos, um deles continua internado.