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VIA SACRA

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Texto de quem viveu em hospital inspira encenação da Paixão de Cristo

A via sacra com encenação acontece em diversos pontos da cidade, nesta sexta-feira

Thiago Andrade

30/03/2015 - 14h30
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A semana mais importante do ano para os cristãos se iniciou com o domingo de Ramos. Até sexta-feira, os grupos de diversas igrejas da Capital intensificam os ensaios para as encenações da “Paixão de Cristo”. Nela, os fiéis – ou não – poderão assistir aos momentos finais de Jesus, que foi crucificado na sexta-feira e, segundo os cristãos, ressuscitou três dias depois, no domingo de Páscoa.

No Hospital São Julião, a encenação da Via-sacra comemora 20 anos desde a primeira vez que foi realizada. Aberta à comunidade, a interpretação dos últimos passos de Jesus conta com a leitura de reflexões a partir do texto escrito por um dos pacientes que passaram a vida no  hospital especializado no tratamento hanseníase, o poeta e escritor Lino Villachá.

“Quando ele faleceu, encontramos em meio aos seus escritos este texto, intitulado ‘Via-sacra do Doente’. Nele, o autor faz um paralelo entre a vida de uma pessoa que é levada ao hospital e Jesus”, explica Bruno Maddalena, que dirige as encenações. O escritor faleceu em 1994 e desde 1996 o hospital tem sido palco das apresentações.

Segundo Bruno, as primeiras representações do sofrimento de Cristo contavam com a participação de pacientes. “Como hoje atendemos outra tipologia de pacientes, o número de participantes é menor. Mas contamos com funcionários, que doam um pouco do seu tempo para os preparativos”, comenta. Ele conta que as encenações reúnem cerca de 20 a 25 colaboradores.

Entre eles Christopher Mateus Naressi, que trabalha na recepção do Hospital São Julião há quatro meses. “Eu sempre fui bem próximo, estudei no colégio que fica aqui dentro”, explica o jovem de 20 anos, referindo-se à Escola Estadual Padre Franco Delpiano, localizada dentro das instalações. “É uma maneira de retribuir e estou muito ansioso”, explica. 

Trata-se do vigésimo ano que a Via-sacra será encenada, e a equipe do São Julião promete o mesmo empenho das outras edições. “Vamos dar o nosso melhor para consagrar este momento, que é um dos mais importantes do cristianismo”, ressalta Bruno. Com duração de cerca de 40 minutos, o espetáculo começará às 9h de sexta-feira. 

Grande produção
No Bairro Santo Antônio, a encenação da “Paixão de Cristo” foi retomada há três anos e reunirá 150 pessoas – entre atores e a equipe – da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. Para garantir o sucesso da apresentação, que se tornou um dos grandes eventos culturais do bairro, a equipe começa a se reunir em janeiro, e os primeiros ensaios têm início em fevereiro. 

Alyne Goulart é uma das coordenadoras da equipe. Segundo ela, a encenação é uma das mais tradicionais da cidade e tem crescido a cada ano. “Recebemos um grande público. As pessoas nos escrevem, por meio das redes sociais, afirmando que se trata de um momento muito aguardado”, comenta. 

Ela afirma que o principal objetivo da apresentação é a evangelização. “Tentamos criar um espetáculo que aproxime as pessoas do evangelho. Muita gente que vem nos assistir estava afastada, pelos mais diversos motivos, e podem se aproximar”, ressalta. 

Segundo Alyne, a Semana Santa é o momento mais importante da fé católica, representando o grande sacrifício oferecido por Deus para garantir que todos tivessem a oportunidade de ser salvo. “É o centro de tudo aquilo que direciona nossa fé”, argumenta.

No Interior
Em Glória de Dourados, a tradicional encenação da “Paixão de Cristo” chega à 11a edição e será apresentada nos dias 2 e 3 de abril, às 20h, no Parque de Exposições Manoel Alves de Azevedo. Com mudanças na direção, que este ano ficou a cargo de Rodrigo Bento e Júnior Souza, a temporada contará com o envolvimento de 250 pessoas.

Para garantir o sucesso da apresentação, os ensaios acontecem diariamente. Segundo Júnior Souza, que assumiu a direção no lugar de Fábio Germano, o objetivo é garantir ao público um espetáculo de alto nível.

A encenação em Glória de Dourados é a maior a céu aberto de Mato Grosso do Sul.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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