A semana mais importante do ano para os cristãos se iniciou com o domingo de Ramos. Até sexta-feira, os grupos de diversas igrejas da Capital intensificam os ensaios para as encenações da “Paixão de Cristo”. Nela, os fiéis – ou não – poderão assistir aos momentos finais de Jesus, que foi crucificado na sexta-feira e, segundo os cristãos, ressuscitou três dias depois, no domingo de Páscoa.
No Hospital São Julião, a encenação da Via-sacra comemora 20 anos desde a primeira vez que foi realizada. Aberta à comunidade, a interpretação dos últimos passos de Jesus conta com a leitura de reflexões a partir do texto escrito por um dos pacientes que passaram a vida no hospital especializado no tratamento hanseníase, o poeta e escritor Lino Villachá.
“Quando ele faleceu, encontramos em meio aos seus escritos este texto, intitulado ‘Via-sacra do Doente’. Nele, o autor faz um paralelo entre a vida de uma pessoa que é levada ao hospital e Jesus”, explica Bruno Maddalena, que dirige as encenações. O escritor faleceu em 1994 e desde 1996 o hospital tem sido palco das apresentações.
Segundo Bruno, as primeiras representações do sofrimento de Cristo contavam com a participação de pacientes. “Como hoje atendemos outra tipologia de pacientes, o número de participantes é menor. Mas contamos com funcionários, que doam um pouco do seu tempo para os preparativos”, comenta. Ele conta que as encenações reúnem cerca de 20 a 25 colaboradores.
Entre eles Christopher Mateus Naressi, que trabalha na recepção do Hospital São Julião há quatro meses. “Eu sempre fui bem próximo, estudei no colégio que fica aqui dentro”, explica o jovem de 20 anos, referindo-se à Escola Estadual Padre Franco Delpiano, localizada dentro das instalações. “É uma maneira de retribuir e estou muito ansioso”, explica.
Trata-se do vigésimo ano que a Via-sacra será encenada, e a equipe do São Julião promete o mesmo empenho das outras edições. “Vamos dar o nosso melhor para consagrar este momento, que é um dos mais importantes do cristianismo”, ressalta Bruno. Com duração de cerca de 40 minutos, o espetáculo começará às 9h de sexta-feira.
Grande produção
No Bairro Santo Antônio, a encenação da “Paixão de Cristo” foi retomada há três anos e reunirá 150 pessoas – entre atores e a equipe – da Paróquia Nossa Senhora Auxiliadora. Para garantir o sucesso da apresentação, que se tornou um dos grandes eventos culturais do bairro, a equipe começa a se reunir em janeiro, e os primeiros ensaios têm início em fevereiro.
Alyne Goulart é uma das coordenadoras da equipe. Segundo ela, a encenação é uma das mais tradicionais da cidade e tem crescido a cada ano. “Recebemos um grande público. As pessoas nos escrevem, por meio das redes sociais, afirmando que se trata de um momento muito aguardado”, comenta.
Ela afirma que o principal objetivo da apresentação é a evangelização. “Tentamos criar um espetáculo que aproxime as pessoas do evangelho. Muita gente que vem nos assistir estava afastada, pelos mais diversos motivos, e podem se aproximar”, ressalta.
Segundo Alyne, a Semana Santa é o momento mais importante da fé católica, representando o grande sacrifício oferecido por Deus para garantir que todos tivessem a oportunidade de ser salvo. “É o centro de tudo aquilo que direciona nossa fé”, argumenta.
No Interior
Em Glória de Dourados, a tradicional encenação da “Paixão de Cristo” chega à 11a edição e será apresentada nos dias 2 e 3 de abril, às 20h, no Parque de Exposições Manoel Alves de Azevedo. Com mudanças na direção, que este ano ficou a cargo de Rodrigo Bento e Júnior Souza, a temporada contará com o envolvimento de 250 pessoas.
Para garantir o sucesso da apresentação, os ensaios acontecem diariamente. Segundo Júnior Souza, que assumiu a direção no lugar de Fábio Germano, o objetivo é garantir ao público um espetáculo de alto nível.
A encenação em Glória de Dourados é a maior a céu aberto de Mato Grosso do Sul.