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Entrevista

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"Não é nosso objetivo multar; objetivo é não ter mortes", diz presidente do Detran

Gerson Claro enfatiza que o acidente é evitável e quem dirige dentro da lei não é multado

Cristina Medeiros

03/04/2016 - 06h00
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Há um ano e três meses como diretor-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de MS (Detran-MS), Gerson Claro fez um balanço, nesta entrevista ao Correio do Estado, dos avanços do órgão no que se refere, principalmente, aos serviços, respaldados agora com investimentos em tecnologia. Outro destaque fica para as mudanças que ocorrerão em leilões, por conta da nova legislação, e do investimento em programas educacionais de trânsito, com a criação da Escola Pública de Trânsito de MS.

CORREIO PERGUNTA - Quando o senhor tomou posse, no ano passado, disse que promoveria revisão completa nos documentos do Detran MS e faria mudanças. Quase um ano e meio depois, quais alterações o senhor promoveu?
GERSON CLARO - 
Com um ano de trabalho, a principal alteração é cultural. Conseguimos com nossa equipe implementar um novo modelo, traçar um novo paradigma para a gestão do Detran- MS, que é lastreada na questão de a gente ter o controle total de nossos serviços. O Detran, tradicionalmente - não é só aqui,  mas no Brasil - tem uma cultura cartorial, um órgão onde há este serviço de bate carimbo e emite documento. Então, nós conseguimos estabelecer uma cultura de inovação, de investimento em tecnologia objetivando modernizar esta prestação de serviços, que é, por exemplo, a virtualização de nossos processos.  Algumas coisas já estão em funcionamento. Por exemplo, a possibilidade de a pessoa consultar os seus recursos de multas, todos pela internet; agendamento pela internet, fazer seu recurso por este meio também, fazer a CNH ágil, que está sendo implementada. Trata-se daquela pessoa que vai fazer a renovação da habilitação, entra no portal, emite uma guia, faz o agendamento, paga a guia de renovação e é só ir  ao Detran para fazer a consulta. Se ela fizer a opção, recebe a habilitação em casa. Neste mês de abril já teremos este sistema implantado. Então, destaco esta inovação nos serviços e também o controle dos nossos serviços como grande avanço. Temos hoje o Centro de Controle Operacional, que controla efetivamente os nossos serviços, especialmente a formação do condutor. Hoje, há o controle desde as aulas teóricas, práticas com biometria, com fotografia da pessoa que está dando aula, da pessoa que está fazendo a aula, da aula prática, da aula teórica, do simulador, dentro do veículo também foi implementado o GPS, câmeras, os exames todos monitorados, todos os pátios de apreensão são controlados. 

O Detran MS exigiu que em março as autoescolas deveriam instalar em seus veículos câmeras de monitoramento, aparelho GPS e sistema de biometria, que funcionariam durante as aulas de instrução no trânsito. Isso já está vigorando? 
Sim, eles estão dentro do prazo de implantação. Já tem carros funcionando assim. Nós temos uma parceria, as autoescolas estão credenciadas aqui e estabelecemos a obrigação. O prazo de implantação termina dia 10 de abril. Há escolas que já implementaram e este controle já existe. É bom salientar que 100% dos veículos deverão ter as câmeras para a gente controlar as aulas práticas. Aqui nós temos um departamento que cuida deste controle para saber quem efetivamente deu a aula prática, quem é o aluno, como foi a aula. Nós temos estrutura para fazer este controle.

O senhor também anunciou a ampliação do sistema de câmeras em lombadas eletrônicas no Estado, que podem fazer a “varredura” nos veículos. Quantas estão funcionando e qual o número da ampliação? 
Temos apenas 12 funcionando até agora. Estamos encontrando dificuldade de implantação por causa do sistema de comunicação, que é feito por fibra ótica e é difícil termos acesso. O projeto inicial de implantação seria de no mínimo 50 lombadas em pontos estratégicos definidos pela engenharia. Estas 12 estão em funcionamento em Dourados, Três Lagoas e Campo Grande. Elas funcionam no sistema OTR, que é uma comunicação on-line  e leitura on-line dos veículos que passam. Elas estão em rodovias, avenidas, espalhadas. Com a implantação de 50 lombadas previstas daria para termos noção geral das saídas das rodovias. A dificuldade de implementação fica por conta da fibra ótica. Nós pretendemos chegar às 50, mas na comunicação temos tido dificuldade; para sanar o problema temos que fazer gestão junto às operadoras que nos atendem para que elas deem o suporte. 

O depósito de carros e motos apreendidos no pátio continua sendo um grande problema por falta de espaço e – atualmente – como criadouro do mosquito da dengue? 
Eu diria que este é um problema nacional que tende a ser resolvido agora. A  mudança na legislação está nos proporcionando ter uma agilidade maior nos leilões. Foi aprovada uma mudança no Código de Trânsito, por meio da MP 699. Nesta mudança ela possibilita facilidade na desvinculação do veículo, facilitará para nós fazermos o leilão. Neste ano de 2016 já houve mudança na lei e já proporcionou a nós fazermos leilões on-line muito mais rápido. Mas eu penso que em 30 dias poderemos utilizar mais desta medida provisória.

Quantos veículos há hoje no pátio do Detran MS?
Mais de 30 mil veículos. São veículos do Detran, da Polícia, do Poder Judiciário, entre outros. Temos veículos com restrição judicial, os que foram repatriados (por exemplo, da Bolívia) e não encontramos o proprietário e eles continuam aí, parados. Ele não pertence a nós, não posso fazer nada com ele. Mas a partir desta nova legislação eu poderei avaliar e vender este veículo.Se o dono amanhã ou depois aparecer, terá o que foi auferido com o veículo. 

Quantos leilões são realizados por ano  para desova dos carros e motos apreendidos e como é aplicada a renda obtida?
Hoje, falar de quantos leilões foram realizados... foi muito pouco. No ano passado, em função destas dificuldades citadas, conseguimos fazer apenas um leilão.  Então, nós tivemos a mudança da legislação do desmanche, não podia mais fazer leilão para vender peça porque havia todo um novo sistema onde os desmanches são credenciados no Detran, fiscalizados por ele. Terão que ter uma estrutura física adequada, terão que ter as peças identificadas. O cidadão, agora, poderá comprar uma peça num desmanche e ter lá, por meio de um código de barra, de onde e de qual desmanche comprou a peça. Teremos, então, controle nacional já implementado a nível nacional, todo mundo em fase de implantação - São Paulo já está um pouco mais avançado mesmo antes da legislação nacional. Estamos caminhando para ter todo este controle de todos estes antigos ferros-velhos e todo leilão para peças, tê-las cadastradas. Quanto à renda do leilão, é muito pequena. O valor auferido com leilão e o custo que  temos de ter com estes veículos... Nós não queremos ter carros presos, não é esta a política do Estado. A renda é aplicada na manutenção do serviço e na implementação dele. Mas esta renda é muito pequena se formos levar em conta o custo de manutenção deste serviço dos veículos aqui. Nosso objetivo não é nem fazer leilão para vender peça, estamos trabalhando para ter leilão do veículo que volta para a siderurgia para reaproveitar como matéria-prima, para não circularem mais veículos que foram objeto de apreensão. 

E no que se refere ao vetor da dengue, como é feito o controle neste volume todo de carros parados?
O Detran, desde o ano passado, tem um trabalho próprio de acompanhamento, fiscalização do pátio e parcerias também com as prefeituras. Sempre mandam equipes da secretaria de Saúde porque temos Detran em todo o Estado, temos programa em parceria com o servidor do Detran, o Sindicato, fizemos juntos um trabalho. E isso é  um trabalho contínuo de acompanhamento. Em alguns lugares furar o veículo, tampá-lo.

Quais ações se desenvolve hoje para orientar o motorista sobre a direção consciente? 
Neste aspecto avançamos muito. Estamos caminhando para a criação do Observatório Estadual de Trânsito, baseado no modelo nacional. Todo mundo que participa do Sistema Nacional de Trânsito dá sua contribuição. No ano passado, nós implementamos uma ideia de mudança nas campanhas educacionais  para programas educacionais de trânsito. Tinha a campanha da volta às aulas, a campanha do Maio Amarelo, a do Carnaval. Hoje o Detran tem, com os seus parceiros - e aí citamos todos os municípios, as agências municipais, a Polícia Militar, Polícia Rodoviária etc. - envolvimento para caminhar no sentido de programas educacionais. No ano passado tivemos o Maio Amarelo e a Semana Nacional de Trânsito com o tema “Seja você a mudança no trânsito”, mostrando que não adiantam ações do Detran como órgão executivo, da Agetran municipal, da polícia, se você sai de sua casa e não muda o comportamento diante do trânsito. E estamos caminhando para criar  a Escola Pública de Trânsito de MS. Nós temos um departamento voltado apenas para a educação de trânsito. Mas queremos institucionalizar para que seja uma escola com política de trânsito não apenas para este Governo, mas para o Estado. Se observarmos, na questão do acidente de trânsito, até 30 de março último não havia sido registrada nenhuma morte por acidente de trânsito na Capital. A que atribuímos isso? A todo um trabalho de fiscalização, de educação de trânsito, aos meios de comunicação, às empresas de veículos que têm feito campanhas conosco,  à escola. O trânsito tem que ser mais harmonioso, não é um lugar para se ter racha. E, ainda, tolerância zero com alcoolemia. Toda vez que há uma blitz estamos diminuindo a chance de haver lá pra frente uma vítima fatal no trânsito. Toda autuação, a pessoa que está regular, respeitando a velocidade, não é autuada. Fala-se muito em indústria de multa. Não é nosso objetivo multar ninguém; o objetivo é não ter mortes, não ter acidentes. O acidente custa mais caro para o Estado do que a receita da multa.O custo Brasil de acidente de trânsito estima-se que seja de R$ 40 bilhões por ano. Em MS temos em Campo Grande mais de 500 acidentes por mês. Todos estes acidentes, 70%, 80% deles têm vítima, que vai sofrer cirurgia e terá custo para o Estado. O acidente é, sim, evitável. Estamos com a parte documental da Escola Pública de Trânsito já em andamento, mas a parte prática já funciona. Nas rodovias estaduais temos resultado muito menor em 2015; nos primeiros meses de 2016 também um resultado muito bom com a diminuição de acidentes. Para nós, o índice sonhado e a ser perseguido é zero acidente. Mas a sociedade é a mola mestra desta possibilidade de termos um trânsito mais humano e melhor. 

Qual a arrecadação mensal de multas e como é feita a aplicação do dinheiro?
A arrecadação é aplicada em educação no trânsito, em segurança e engenharia no trânsito.  Em 2015, foram R$ 19.217.886,15 em arrecadação e, em janeiro de 2016, R$ 1.208.385,02. O importante é ressaltar o que é a multa do trânsito. Temos um sistema nacional de trânsito e às vezes as pessoas não compreendem isso. O condutor sai de MS e passa pelo Rio de Janeiro e tem uma autuação dentro do município. Esta multa será parte do município do RJ, parte do estado que cadastrou e parte aqui de Campo Grande, que participará da administração desta multa. Trata-se de um sistema nacional, porque o objetivo é ter o controle para a divisão e aplicação deste recurso. Mas o maior valor de recurso com multas vem das aplicadas no Estado. Para se ter esta autuação, se formos colocar o custo da fiscalização ou o equipamento eletrônico, é muito alto; o melhor mesmo é não ter o acidente de trânsito. 

Segurança

Agendamento online para passaportes está indisponível temporariamente

Polícia Federal detecta tentativa de invasão do ambiente de rede

18/04/2024 20h00

Marcelo Camargo/ Agência Brasil

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A Polícia Federal (PF) informou, nesta quinta-feira (18), em Brasília, que está temporariamente indisponível o serviço de agendamento de emissão de passaportes pela internet. A decisão foi tomada após a instituição detectar, no início desta semana, tentativa de invasão ao ambiente de rede da PF.

O serviço de agendamento será retomado após a verificação de integridade dos sistemas, porém, ainda não há previsão de quando isso ocorrerá. A nota da PF diz que o governo trabalha para restabelecer o serviço online.

Para os atendimentos marcados previamente em uma unidade emissora do documento de viagem, a instituição garante que serão realizados normalmente na data e horário marcados, quando o solicitante deverá apresentar a documentação original necessária e o atendente público fará a conferência das informações cadastradas, além de coletar dados biométricos (impressões digitais e fotografia facial).

A Polícia Federal recomenda aos cidadãos que não tiverem viagem ao exterior programada para os próximos 30 dias que aguardem a normalização do serviço.

Os brasileiros que irão para o exterior nos próximos dias e, comprovadamente, necessitarem da emissão de passaporte comum podem enviar a documentação que prove a urgência para o e-mail da unidade da Polícia Federal mais próxima. Os contatos das superintendências estaduais da PF e das delegacias onde são emitidos passaportes estão disponíveis no link.

Agendamento regular
Habitualmente, quando o serviço virtual de agendamento para emissão de passaportes está operando, o cidadão interessado preenche o formulário eletrônico na internet, escolhe uma das datas e horários disponíveis e, por fim, marca o posto de atendimento da PF onde deseja ser atendido.

O cidadão não deve ir diretamente a uma delegacia da Polícia Federal sem fazer o agendamento prévio para passar pelos procedimentos de emissão do documento.

A entrega do passaporte ocorrerá na mesma unidade apontada no primeiro agendamento online do serviço e não poderá ser modificada.

Após o atendimento presencial, a retirada do documento poderá ser feita entre seis e dez dias úteis até 90 dias corridos. Depois desse prazo máximo, o documento será cancelado, com total prejuízo da taxa paga.

O custo comum para emissão de um passaporte é R$ 257,25. Se houver urgência, serão somados R$ 77,17, como taxa adicional de emergência, gerada durante o atendimento. Total: R$ 334,42

Contudo, se a remissão for de um passaporte ainda válido que tenha sido extraviado ou perdido, o valor cobrado na taxa comum dobra: R$ 514,50 ao todo para desembolso.

Briga interna

PCC vive maior racha em 20 anos, e Marcola tem poder testado pela 1ª vez

Advogado de rivais de líder da facção confirma desavença, mas nega surgimento de um novo grupo criminoso

18/04/2024 19h00

Marcelo Victor/ Correio do Estado

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A rebelião de três supostos integrantes do alto comando do PCC (Primeiro Comando da Capital) contra o chefe máximo do grupo marca uma das mais maiores crises vividas pela facção nos últimos 20 anos e testa pela primeira vez o poder de Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola.

Integrantes de órgãos de inteligência do governo paulista, delegados das polícias Civil e Federal e advogados ouvidos pela reportagem confirmaram a existência do racha entre membros da chamada "Sintonia Final" e apontam para mudanças que já começaram a ser percebidas em alguns pontos da capital.

As primeiras informações sobre o racha no PCC surgiram em fevereiro, quando os serviços de inteligência interceptaram uma mensagem atribuída a membros da ala mais radical da facção. Nela, Camacho estava sendo excluído do PCC e tinha a sua morte decretada por supostamente ter delatado colegas.

Marcola sempre negou ser chefe ou integrante do PCC, mas os investigadores afirmam o contrário. Procurada, a defesa de Marcola não quis comentar o assunto.

Na liderança dos rebelados está Roberto Soriano, o Tiriça, apontado pela polícia como um dos mais temidos integrantes da cúpula do PCC, seguido por Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka, e Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, todos presos no sistema federal.
Dias depois, porém, um novo "salve", em resposta à primeira mensagem, foi interceptado pelos órgãos de inteligência. Nele, a cúpula do PCC trazia à tona a rebelião do trio, classificada como calúnia e traição, e dizia que a atitude havia custado a expulsão dos rebelados, além da decretação da morte de todos.

O motivo da discórdia teria sido uma conversa entre Marcola e um funcionário da Penitenciária Federal de Porto Velho, quando o primeiro passava por atendimento de médico, em julho de 2022. O preso teria dito que Soriano seria um psicopata e insinuado que agia contra agentes.

A conversa foi usada pelo Ministério Público contra Soriano, que acabou condenado a 31 anos pela morte de uma psicóloga da Penitenciária Federal de Catanduvas (PR), em 2017. Irritado com a situação, o preso condenado teria convencido os colegas de que Camacho cometera um erro imperdoável.

Na resposta interceptada, os criminosos afirmam que analisaram o teor da conversa e "fica claro que não existe nenhuma delação por parte do irmão [Marcola] e sim um papo reto de criminoso com a polícia".

"A Promotoria pegou esse áudio e criou um cenário falando o que bem entendia. Todos sabemos que promotores vão sempre criar um cenário favorável a eles", diz trecho da mensagem que informa que a gravação estava disponível a todos que quisessem acessá-la para tirar as próprias conclusões.

A rapidez da resposta gerou dúvidas nos órgãos de inteligência. Pensou-se, em um primeiro momento, tratar-se de um trabalho de contrainformação de membros PCC, com o intuito de tirar a atenção de um suposto plano de resgate em curso. A dúvida foi descartada com o decorrer dos dias.

Os serviços de inteligência apontam que apenas a segunda mensagem foi compartilhada pelos chamados "sintonias de rua", o que indica que os criminosos tomaram o lado de Marcola na guerra. Entre eles estariam as lideranças das principais favelas, como Paraisópolis e Heliópolis, redutos da facção.

Um sinal disso foi o fato de que pontos de venda de drogas que pertenciam ao grupo rebelado que foram tomadas e repassadas para criminosos ligados ao chefe do PCC. Em uma dessas biqueiras, na região do Sacomã, zona sul da capital, vizinhos das biqueiras afirmam que todos os gerentes ligados a Tiriça foram trocados.
Até mesmo um time de futebol ligado a esse criminoso teria sido desativado por conta do decreto.

No sistema prisional paulista, conforme funcionários ouvidos, até agora não houve nenhuma grande alteração. Os presos estariam em "compasso de espera", aguardando os desdobramentos fora do presídio.

Delegados da PF ouvidos pela Folha afirmam que Marcola, de fato, ainda possui um grande prestígio entre a massa carcerária e possui fortes aliados. Avaliam, porém, que essa guerra interna possa enfraquecer consideravelmente a liderança do criminoso, no poder há cerca de 20 anos.

Procurado pela reportagem, o advogado Rogério Santos, defensor de Roberto Soriano e Abel Pacheco de Andrade, confirmou a existência do racha. Ele afirma, entretanto, desconhecer os motivos que levaram ao rompimento e quem tomou tal decisão.
"Ele [Abel] apenas disse o seguinte: o Marcola foi afastado do PCC. Isso ele me disse, mas não me disse que tinha sido decretado, até porque eu sou advogado, eu não estou ali pra levar e trazer recado de preso", afirmou.

Ainda conforme Santos, embora tenha havido de fato um racha, os clientes negam peremptoriamente qualquer iniciativa ou conversa para criação de nova facção, o PCP (Primeiro Comando Puro), muito menos de eventual ligação desta com o CV (Comando Vermelho), inimigo do PCC.

O advogado afirma que tal notícia, sustentada até por promotores de Justiça, tem como o objetivo fomentar ainda mais a desavença entre os chefes da facção, o que pode colocar em risco até mesmo a vida dos familiares dos envolvidos.

Integrantes de órgão de inteligência ouvidos pela reportagem também descartam a possibilidade de união de membros do PCC e do CV, porque nenhum dos lados aceitaria eventuais traidores. Essas pessoas acreditam que são informações plantadas para tornar o racha do PCC em uma guerra sangrenta, o que ainda não começou.

A última grande disputa sangrenta entre chefes do Primeiro Comando ocorreu no final de 2002 quando Marcola entrou em rota de colisão com César Augusto Roriz da Silva, o Cesinha, e José Márcio Felício, o Geleião, os dois principais chefes até então. Os colegas ficaram do lado de Camacho na briga interna: Cesinha, Geleião e as mulheres de ambos foram sentenciados à morte pela facção e por anos o PCC tentou matá-los.

Cesinha foi assassinado, e Geleião morreu de Covid.

Na ocasião, a advogada Ana Maria Olivatto, 45, ex-mulher de Camacho, foi assassinada a tiros em Guarulhos. A principal suspeita de mando do crime era Aurinete Carlos Félix da Silva, a Netinha, mulher de Cesinha.

Segundo a polícia, foi esse episódio que colocou Marcola no topo de organização e que mudou os rumos da facção criminosa. O grupo colocou o caráter assistencial que tinha em segundo plano para se tornar uma espécie empresa voltada ao tráfico internacional de drogas. Caso Camacho seja destituído do comando, apontam os policiais, o PCC tende a mudar de perfil e se tornar um grupo muito mais violento.
 

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