Engenheiro Civil de carreira, com trabalho prestado para conceituadas empresas da área, Rudi Fiorese assumiu em janeiro o desafio de, pela primeira vez, ocupar um cargo público. Foi convidado pelo prefeito Marcos Trad para comandar a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos, cujo trabalho interfere diretamente no dia a dia da cidade. Nesta entrevista, ele fala da prioridade dada à operação tapa-buracos, da coleta de lixo, dos projetos de pavimentação em alguns bairros, por exemplo. E explica que, em ano de verbas magras, é preciso lidar com prioridades que viabilizem o ir e vir da população.
CORREIO PERGUNTA
O senhor assumiu uma secretaria cujo trabalho é fundamental para a qualidade de vida da população no que se refere à infraestrutura e serviços. Logo de cara, teve que acionar plano emergencial de tapa-buracos. Em qual estágio está este trabalho?
RUDI FIORESE - Nós já tapamos mais de 30 mil buracos. Aumentamos o número de equipes - quando assumimos havia seis e hoje trabalhamos com aproximadamente 20 equipes. E este é um trabalho contínuo, não vai poder parar em virtude do estágio em que encontramos as ruas da cidade. O que esperamos é, num prazo de 120 dias, tirar a cidade do caos, ou seja, deixar as principais ruas e avenidas em condições normais de tráfego. Eu sempre ressalto isso, porque não é uma promessa de que em 120 dias não haverá buraco. Não é isso! Afinal, as chuvas continuam aí e novos buracos surgem.
Este serviço já migrou da área central para os bairros?
Em algumas avenidas e ruas principais já atuamos, como por exemplo a Avenida Consul Assaf Trad, na saída para Cuiabá; Avenida Hiroshima, Avenida Aracruz, Rua Minas Novas, nas Moreninhas. Não estamos conseguindo, ainda, pegar determinada região da cidade e tapar todos os buracos que têm ali, isso a gente ainda não consegue fazer. Estamos atuando nas principais ruas e avenidas.
Algo que a população sempre questiona é a qualidade do asfalto que se aplica (baixíssima duração). Por que a Prefeitura ainda não abriu licitação para que outra empresa assuma o tapa-buracos, já que a atual utiliza produto de má qualidade?
O produto estamos adquirindo de empresa que tem uma usina de asfalto. O que nós estamos fazendo para melhorar a qualidade é deixando um técnico nosso o dia todo na usina, acompanhando a produção da massa asfáltica - inclusive chegou ao ponto de nós rejeitarmos alguns caminhões de massa. E em cada frente de trabalho também tem um fiscal nosso acompanhando a execução do serviço. E com isso, acredito que temos conseguido melhorar a qualidade. O que às vezes ocorre, é que um buraco que já está aberto há algum tempo, a base dele, do pavimento, que fica abaixo da camada asfáltica, se aquele buraco está lá – aberto há vários dias com água – aquela base já está comprometida. Então, simplesmente retirar aquela água dali e colocar massa asfáltica não é a solução. Por isso, estamos removendo a camada de base que está contaminada, refazemos esta base e recolocamos o asfalto sobre ela.
Há quem diga que estão colocando entulho, outros restos de construção e pedras sobre o buraco e depois asfalto. E que tudo isso faria o asfalto durar pouco. O senhor sabe algo sobre isso?
Não, não. Eu tenho visto isso na cidade, em alguns buracos. Mas, infelizmente, como ainda não estamos conseguindo atender a todos, imagino que a própria população está fazendo isso para minimizar o problema. Mas não é uma prática da Prefeitura. E é preciso citar que a gente começou, com este convênio com o Exército, a executar o recapeamento e execução de corredores de ônibus na Guia Lopes, na Brilhante, na Marechal Deodoro e na Bandeirantes. São as avenidas que estão no convênio com o Exército que vão fazer recapeamento e corredor de ônibus.
Com o anúncio de maior corte de gastos anunciado pelo prefeito, o senhor já tem a equação do que será prioridade, pelo menos neste primeiro ano de gestão?
A prioridade neste momento, e não poderia ser diferente, é o tapa-buraco. Não podemos deixar faltar recurso financeiro para isso. Nós temos outros serviços que também são imprescindíveis, como a coleta de lixo, a limpeza de praças, dos canteiros de avenidas. O recurso do qual dispomos, em primeira análise, será aplicado nisso. Se conseguirmos – atendendo isso – que sobre algum recurso, iremos aplicar em contrapartidas nas obras que estão com recursos assegurados, por exemplo, na Caixa Econômica Federal.
Então, a coleta de lixo feita pela Solurb está ligada a esta secretaria.
Sim, é a Sisep (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos) que faz a fiscalização, o acompanhamento deste serviço.
Sendo assim, a coleta seletiva em Campo Grande, que atinge apenas algumas regiões, será ampliada?
Existe, gradativamente, uma ampliação da área coberta pela coleta seletiva. Mas não há prazo para atingir toda a Capital. Apenas para explicar a questão da Solurb, por contrato, como é uma agência de regulação de serviços, a fiscalização do serviço prestado por ela é de responsabilidade nossa. E isso está sendo feito.
No que se refere à pavimentação, quais bairros serão primeiramente beneficiados?
Há dentro do programa PAC pavimentação, com a Caixa Econômica Federal, atendimento às regiões do Nova Lima, da Vila Nasser, do Nova Campo Grande, Anache e José Tavares. Ainda neste ano iniciaremos no Bairro Nova Lima; Nova Campo Grande está em processo licitatório e a Vila Nasser começaremos o processo licitatório ainda neste ano.
De que forma a cidade pode melhorar a mobilidade urbana e o transporte a curto prazo?
Com a implantação destes corredores de ônibus conseguiremos aumentar a velocidade média, diminuir o tempo de percurso. A melhoria das condições das vias, ou seja, diminuir este grande número de buracos que existe nas ruas, com certeza ajudará a melhorar a condição do transporte, diminuir o tempo de viagem dos ônibus, melhorar o conforto de quem usa este transporte.
A Prefeitura Municipal recebeu a certidão negativa. Quais obras vocês pretendem retomar?
Os repasses da Caixa Econômica Federal serão normalizados agora, sem esta restrição que existiu pelo fato de não termos a certidão negativa. Isso também permitiu a assinatura de convênio com o Governo do Estado para o repasse para o tapa-buraco.
Além destes serviços públicos citados, quais outros estão sob a execução da Sisep?
Tem a limpeza de boca de lobo, por exemplo.
A Prefeitura quer contratar uma empresa para fazer esta limpeza, não é?
Sim, estamos estudando, inclusive, algumas alternativas que existem hoje , como caminhões próprios para isso. Esta limpeza facilitaria o escoamento da água pelas galerias, evitando e diminuindo alagamentos. Além da coleta de lixo, temos a roçada de canteiros, de avenidas, de praças, de áreas públicas. E temos ainda – e que é importante frisar – a manutenção das estradas vicinais. Campo Grande tem em torno de mil quilômetros de estradas vicinais, cuja manutenção também é de nossa responsabilidade. E, ainda, aproximadamente 90 pontes de madeira também nestas estradas.
Nesta área, quais projetos estão sendo executados?
Estamos dando manutenção nestas estradas. Neste período de chuvas diminuímos o volume de trabalho porque não adianta mexer numa estrada, por exemplo, e chove no fim do dia estragando tudo o que foi realizado.
E quais os pontos mais críticos da cidade?
Nestes locais vamos dando socorro diário. Hoje [anteontem] atendemos na região do Nova Lima, na Rua Jerônimo de Albuquerque, prejudicada pela chuva. Havia uma quadra asfaltada que a chuva levou e ficou uma grande erosão, impedindo a passagem de veículos. Fizemos ali o serviço emergencial.
E quanto ao problema de erosão no córrego Anhanduí, na Avenida Ernesto Geisel. Quando este problema será sanado?
Nós já entregamos o projeto revisado para a Caixa Econômica Federal no dia 10 e estamos aguardando a análise por parte dela. Assim que for aprovado lançaremos a licitação. Nossa expectativa é lançá-la em março para fazer dali de onde está parado, que é a Rua Santa Adélia, até a Rua Aquário. Com a contenção de despesas temos que priorizar o que faremos. Há o tapa-buracos, que não tem como não fazer; a coleta de lixo, que também não tem como não fazer. Se sobrar um pouco de verba, aí sim faremos obras, contrapartida aos repasses da Caixa Econômica Federal. Qual é a prioridade? Vamos verificando. Por exemplo, o Córrego Anhanduí é prioridade; concluir alguma obra que já esteja com 70% ou 80% executadas, também. É deste modo que vamos levar este ano. Com a esperança de que a economia melhore e a receita aumente para que, em 2018, a gente consiga fazer as coisas de modo mais folgado.