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Entrevista

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‘Esperamos, em 120 dias, tirar a cidade do caos; mas buracos sempre vão surgir’

Rudi Fiorese afirma que 30 mil buracos já foram tapados

Redação

19/02/2017 - 04h00
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Engenheiro Civil de carreira, com trabalho prestado para conceituadas empresas da área, Rudi Fiorese assumiu em janeiro o desafio de, pela primeira vez, ocupar um cargo público. Foi convidado pelo prefeito Marcos Trad para comandar a Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos, cujo trabalho interfere diretamente no dia a dia da cidade. Nesta entrevista, ele fala da prioridade dada à operação tapa-buracos, da coleta de lixo, dos projetos de pavimentação em alguns bairros, por exemplo. E explica que, em ano de verbas magras, é preciso lidar com prioridades que viabilizem o ir e vir da população.

CORREIO PERGUNTA 
O senhor assumiu uma secretaria cujo trabalho é fundamental para a qualidade de vida da população no que se refere à infraestrutura e serviços. Logo de cara, teve que acionar plano emergencial de tapa-buracos. Em qual estágio está este trabalho? 
RUDI FIORESE -
Nós já tapamos mais de 30 mil buracos. Aumentamos o número de equipes - quando assumimos havia seis e hoje trabalhamos com aproximadamente 20 equipes. E este é um trabalho contínuo, não vai poder parar em virtude do estágio em que encontramos as ruas da cidade. O que esperamos é, num prazo de 120 dias, tirar a cidade do caos, ou seja, deixar as principais ruas e avenidas em condições  normais de tráfego. Eu sempre ressalto isso, porque não é uma promessa de que em 120 dias não haverá buraco. Não é isso! Afinal, as chuvas continuam aí e novos buracos surgem. 

Este serviço já migrou da  área central para os bairros?
Em algumas avenidas e ruas principais já atuamos, como por exemplo a Avenida Consul Assaf Trad, na saída para Cuiabá; Avenida Hiroshima, Avenida Aracruz, Rua Minas Novas, nas Moreninhas. Não estamos conseguindo, ainda, pegar determinada região da cidade e tapar todos os buracos que têm ali, isso a gente ainda não consegue fazer. Estamos atuando nas principais ruas e avenidas.

Algo que a população sempre questiona é a qualidade do asfalto que se aplica (baixíssima duração). Por que a Prefeitura ainda não abriu licitação para que outra empresa assuma o tapa-buracos, já que a atual utiliza produto de má qualidade? 
O produto estamos adquirindo de empresa que tem uma usina de asfalto. O que nós estamos fazendo para melhorar a qualidade é deixando um técnico nosso o dia todo na usina, acompanhando a produção da massa asfáltica - inclusive chegou ao ponto de nós rejeitarmos alguns caminhões de massa. E em cada frente de trabalho também tem um fiscal nosso acompanhando a execução do serviço.  E com isso, acredito que temos conseguido melhorar a qualidade. O que às vezes ocorre, é que um buraco que já está aberto há algum tempo, a base dele, do pavimento, que fica abaixo da camada asfáltica, se aquele buraco está lá – aberto há vários dias com água – aquela base já está comprometida. Então, simplesmente retirar aquela água dali e colocar massa asfáltica não é a solução. Por isso, estamos removendo a camada de base que está contaminada, refazemos esta base e recolocamos o asfalto sobre ela. 

Há quem diga que estão colocando entulho, outros restos de construção e pedras sobre o buraco e depois asfalto. E que tudo isso faria o asfalto durar pouco. O senhor sabe algo sobre isso?
Não, não.  Eu tenho visto isso na cidade, em alguns buracos. Mas, infelizmente, como ainda não estamos conseguindo atender a todos, imagino que a própria população está fazendo isso para minimizar o problema. Mas não é uma prática da Prefeitura. E é preciso citar que a gente começou, com este convênio com o Exército, a executar o recapeamento e execução de corredores de ônibus na Guia Lopes, na Brilhante, na Marechal Deodoro e na Bandeirantes. São as avenidas que estão no convênio com o Exército que vão fazer recapeamento e corredor de ônibus. 

Com o anúncio de maior corte de gastos anunciado pelo prefeito, o senhor já tem a equação do que será prioridade, pelo menos neste primeiro ano de gestão?
A prioridade neste momento, e não poderia ser diferente, é o tapa-buraco. Não podemos deixar faltar recurso financeiro para isso. Nós temos outros serviços que também são imprescindíveis, como a coleta de lixo, a limpeza de praças, dos canteiros de avenidas. O recurso do qual dispomos, em primeira análise, será aplicado nisso. Se conseguirmos – atendendo isso – que sobre algum recurso, iremos aplicar em contrapartidas nas obras que estão com recursos assegurados, por exemplo, na Caixa Econômica Federal.

Então, a coleta de lixo feita pela Solurb está ligada a esta secretaria.
Sim, é a Sisep (Secretaria de Infraestrutura e Serviços Públicos) que faz a fiscalização, o acompanhamento deste serviço.

Sendo assim, a coleta seletiva em Campo Grande, que atinge apenas algumas regiões, será ampliada?
Existe, gradativamente, uma ampliação da área coberta pela coleta seletiva. Mas não há prazo para atingir toda a Capital. Apenas para explicar a questão da Solurb, por contrato, como é uma agência de regulação de serviços,  a fiscalização do serviço prestado por ela é de responsabilidade nossa. E isso está sendo feito.

No que se refere à pavimentação, quais bairros serão primeiramente beneficiados?
Há dentro do programa PAC pavimentação, com a Caixa Econômica Federal, atendimento às regiões do Nova Lima, da Vila Nasser, do Nova Campo Grande, Anache e José Tavares. Ainda neste ano iniciaremos no Bairro Nova Lima; Nova Campo Grande está em processo licitatório e a Vila Nasser começaremos o processo licitatório ainda neste ano.

De que forma a cidade pode melhorar a mobilidade urbana e o transporte a curto prazo?
Com a implantação destes corredores de ônibus conseguiremos aumentar a velocidade média, diminuir o tempo de percurso. A melhoria das condições das vias, ou seja, diminuir este grande número de buracos que existe nas ruas, com certeza ajudará a melhorar a condição do transporte, diminuir o tempo de viagem dos ônibus, melhorar o conforto de quem usa este transporte.

A Prefeitura Municipal recebeu a certidão negativa. Quais obras vocês pretendem retomar? 
Os repasses da Caixa Econômica Federal serão normalizados agora, sem esta restrição que existiu pelo fato de não termos a certidão negativa. Isso também permitiu a assinatura de convênio com o Governo do Estado para o repasse para o tapa-buraco.

Além destes serviços públicos citados, quais outros estão sob a execução da Sisep?
Tem a limpeza de boca de lobo, por exemplo.

A Prefeitura quer contratar uma empresa para fazer esta limpeza, não é?
Sim, estamos estudando, inclusive, algumas alternativas que existem hoje , como caminhões próprios para isso. Esta limpeza facilitaria o escoamento da água pelas galerias, evitando e diminuindo alagamentos. Além da coleta de lixo, temos a roçada de canteiros, de avenidas, de praças, de áreas públicas. E temos ainda – e que é importante frisar – a manutenção das estradas vicinais. Campo Grande tem em torno de mil quilômetros de estradas vicinais, cuja manutenção também é de nossa responsabilidade. E, ainda, aproximadamente 90 pontes de madeira também nestas estradas.

Nesta área, quais projetos estão sendo executados?
Estamos dando manutenção nestas estradas. Neste período de chuvas diminuímos o volume de trabalho porque não adianta mexer numa estrada, por exemplo, e chove no fim do dia  estragando tudo o que foi realizado. 

E quais os pontos mais críticos da cidade?
Nestes locais vamos dando socorro diário. Hoje [anteontem] atendemos na região do Nova Lima, na Rua Jerônimo de Albuquerque, prejudicada pela chuva. Havia uma quadra asfaltada que a chuva levou e ficou uma grande erosão, impedindo a passagem de veículos. Fizemos ali o serviço emergencial.

E quanto ao problema de erosão no córrego Anhanduí, na Avenida Ernesto Geisel. Quando este problema será sanado?
Nós já entregamos o projeto revisado para a Caixa Econômica Federal no dia 10 e estamos aguardando a análise por parte dela. Assim que for aprovado lançaremos a licitação. Nossa expectativa é lançá-la em março para fazer dali de onde está parado, que é a Rua Santa Adélia, até a Rua Aquário. Com a contenção de despesas temos que priorizar o que faremos. Há o tapa-buracos, que não tem como não fazer; a coleta de lixo, que também não tem como não fazer. Se sobrar um pouco de verba, aí sim faremos obras, contrapartida aos repasses da Caixa Econômica Federal. Qual é a prioridade? Vamos verificando. Por exemplo, o Córrego Anhanduí é prioridade; concluir alguma obra que já esteja com 70% ou 80% executadas, também. É deste modo que vamos levar este ano. Com a esperança de que a economia melhore e a receita aumente para que, em 2018, a gente consiga fazer as coisas de modo mais folgado.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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