Uma jovem de 21 anos morreu, na noite deste domingo (25), vítima de bala perdida no Rio. Ela foi atingida durante confronto entre criminosos e policiais militares da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da Rocinha, em São Conrado (zona sul).
Com isso, sobe para pelo menos 16 o número de vítimas de balas perdidas na região metropolitana do Rio de Janeiro em nove dias. Quatro delas morreram.
Segundo a coordenadoria das UPPs, a vítima que morreu no domingo na Rocinha - Adriene Solan do Nascimento - chegou a ser socorrida no Hospital Municipal Miguel Couto, mas não resistiu ao ferimento. Em nota, a Polícia Militar afirmou que policiais faziam ronda de rotina quando foram surpreendidos a tiros por criminosos. Na mesma noite, três pessoas foram vítimas de balas perdidas em um confronto entre criminosos em Mesquita, Baixada Fluminense.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, disse que os episódios foram provocados por uma "nação de criminosos" que se criou no Rio "com irresponsabilidade pela vida humana e idolatria por armas". "A polícia tem, sim, seus problemas, mas é muito importante o questionamento da sociedade porque essas balas perdidas foram, em sua maioria, provocadas por traficantes e não em confrontos com policiais, com exceção do caso da Rocinha", disse.
Testemunhas disseram à polícia que criminosos de quadrilhas rivais trocavam tiros no morro do Chapadão, em Costa Barros, na zona norte, quando uma menina de 12 anos foi baleada, na madrugada desta segunda.
No sábado (24), outro adolescente, de 14 anos, foi baleado no braço quando brincava no playground de um condomínio em Niterói, região metropolitana. Parentes disseram que, inicialmente, o garoto achou que tivesse sido atingido por um raio. A família só descobriu que o adolescente havia sido baleado quando ele fez uma radiografia. "É um susto, mas um alívio ao mesmo tempo porque o tiro atingiu o braço", disse a mãe Gracielle Carvalho Milagres, 33.
DISPUTA DE TERRITÓRIO
Para o sociólogo Inácio Cano, da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), não surpreende o aumento do número de vítimas de balas perdidas porque os registros de casos de homicídios vêm crescendo há dois anos.
Ex-comandante da Polícia Militar do Rio, Ubiratan Angelo, da ONG Viva Rio, diz que o aumento dos confrontos acontece desde 2014. "Cresceu o número de tiroteios pela disputa de território de criminosos de facções rivais e isso aumenta a possibilidade de pessoas atingidas por balas perdidas", afirma.