Marchando rumo a Capital desde o último dia 1º de maio, os cerca de 1 mil integrantes do Movimento Sem Terra (MST) de Mato Grosso do Sul chegaram ao centro do Capital na manhã desta terça-feira (5).
O grupo protesta por melhores condições e ação da reforma agrária em todo o Estado e também a reestrutração do Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária (Incra). Além disso, os manifestantes também protestam contra o projeto de terceirização, alvo de muita polêmica nas últimas semanas.
Também caminham entre os manifestantes, líderes indígenas, que pedem agilidade na demarcação de terras e são contra a PEC 215, que atribui competência apenas ao Congresso Nacional para decidir sobre as demarcações.
Reunidos na Praça Ary Coelho, os manifestantes encerram as atividades ainda na manhã desta terça.
PRESSÃO
Em meio aos protestos, o superintendente regional do Incra no Estado, Celso Cestari Pinheiro, pediu demissão do cargo no fim da semana passada. O funcionário de carreira Sydnei Ferreira de Almeida, assumiu o cargo no último dia 30.
Também na semana passada, o Incra mudou a forma de cadastrar interessados em receber um pedaço de terra através de reforma agrária. Ao invés de apenas pessoas e famílias acampadas à beira das estradas e ligadas a movimentos sociais, agora, qualquer um poderá abrir um cadastro no órgão e concorrer a um lote. Para o Incra, isso é um avanço, já para os movimentos sociais de luta por terra, é inadequado por poder beneficiar qualquer pessoa e não apenas quem precisa de um pedaço de chão.
Até poucos dias atrás, só se cadastrava na lista para receber terra, aqueles que estivessem acampados debaixo de lona. Lá, as famílias esperavam a desocupação de uma fazenda, e quando ela fosse adquirida era feito o sorteio entre as pessoas que estavam cadastradas para aquela área. Agora com o novo sistema, basta que a pessoa interessada faça o cadastro no órgão e espere ser sorteada.
Pelo antigo modelo, somente os acampados ligados a um movimento social poderiam se inscrever para receber um lote. A lista era organizada pelos representantes do acampamento e enviada para o Incra, que distribuía os lotes obedecendo os critérios desses movimentos. A lista era enviada para o Incra, que fazia uma lista única entre os assentados para dividir a terra.
De abril deste ano em diante, qualquer pessoa, mesmo não sendo acampada ou ligada a um movimento social, pode ir até a sede do órgão e se inscrever para ganhar um pedaço de terra.