A destinação de 18 fontes do material radioativo Césio 137 motivou alerta de autoridades de saúde e dos ministérios públicos Estadual e Federal, em Dourados. O radioisótopo está armazenado em um cofre do Hospital Evangélico (HE) e já deveria ter sido despachado aos cuidados do Instituto de Pesquisas em Energia Nuclear (Ipen), denuncia a física-médica Flávia Cristhina Ferreira de Araújo.
O procurador da República em Dourados, Luiz Eduardo Smaniotto, instaurou nesta semana inquérito civil e também cobrou providências ao Hospital Evangélico, Centro de Tratamento de Câncer de Dourados e para a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN).
Conforme a investigação, desde julho do ano passado, o Centro de Tratamento de Câncer tenta retirar as fontes de Césio 137 do Hospital Evangélico, mas não consegue autorização da CNEM. Pendências administrativas envolvendo o hospital e o Centro de Tratamento de Câncer impedem a retirada do material radioativo.
O inquérito aberto pelo Ministério Público Federal (MPF) investigará a “prestação de serviços de radioteapia, com suposto risco de acidente radioativo”, nos anos de 2016 e 2017.
No documento constam declarações da física-médica: “há um impasse referente às dezoito fontes de Césio 137, usados para braquiterapia (procedimento de radioterapia utilizado no tratamento de câncer de colo do útero, próstata, entre outros)”.
Em outro trecho, é citado o acidente radioativo ocorrido em 1987: “O seu depósito no HE traz risco em potencial para a população, sendo certo que é o mesmo material da tragédia de Goiânia (GO)”, consta na notícia de fato publicada ontem pelo MPF.
GOIÂNIA
Em setembro de 1987, seis pessoas morreram em decorrência do descarte irregular de equipamentos contendo Césio 137, de uma clínica de radioterapia, em Goiânia.
O acidente radiológico, que atingiu o nível 5 na escala internacional de acidentes nucleares (ela vai de 1 a 7), é considerado o pior da história do Brasil.