A comunidade terapêutica Esquadrão da Vida, localizada em duas unidades na Chácara dos Poderes, em Campo Grande, celebra nesta manhã a formalização de parcerias para capacitação profissional de dependentes químicos.
Os acolhidos terão à disposição 24 cursos nas áreas de culinária, artesanato, horticultura e piscicultura. A iniciativa tem como objetivo resgatar a confiança e a autoestima, tornando-os pessoas independentes.
Segundo o pastor Samir Zayed, presidente da comunidade, aproximadamente dois mil homens e mulheres já foram amparados em 18 anos de existência do Esquadrão da Vida.
São oferecidos serviços de assistência médica, social e psicológica, bem como amparo religioso, atividades físicas e pedagógicas a indivíduos em situação de vulnerabilidade, entre eles moradores de rua. "O tratamento leva de seis a nove meses", disse o pastor.
Bárbara Cristina Fernando Rodrigues, coordenadora de proteção à população em situação de rua e política antidrogas da Subsecretaria Municipal de Defesa dos Direitos Humanos, explica que a recuperação é mais eficaz se os acolhidos, cerca de 80 hoje, tiverem perspectiva profissional. "Neste aspecto, os cursos vão qualificar estas pessoas para o mercado, para que saiam daqui se sentindo capazes de conseguir trabalho e realizar seus sonhos".
O subsecretário de Defesa dos Direitos Humanos Ademar Vieira Júnior, o Coringa, detalhou que, para viabilizar a qualificação, o Esquadrão da Vida firmou parceira com a Prefeitura Municipal de Campo Grande, com Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetagri), Federação dos Trabalhadores Assalariados Rurais (Fetar), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Subsecretaria de Políticas para a Mulher (Semu). "As atividades começaram hoje com o curso de massas, pães e salgados", disse Coringa.
RELATOS
De dependente a coordenador do Esquadrão da Vida, Carlos Thiago Nogueira Nantes, 36, conta como teve sua vida transformada. Hoje, além de livre das drogas, cursa o sexto semestre do curso de Assistência Social e compartilha com os acolhidos a experiência que viveu. "Antes eu só queria saber de droga. Dormia e acordava pensando nisso. A comunidade mostrou quem eu era e me recuperou ensinando a viver com [Jesus] Cristo".
Na reta final do tratamento, Aline Roque Nantes, está há nove meses na instituição e deve permanecer por mais três meses, para poder participação dos cursos. Natural de Rio Brilhante, agradece por ter sido recebida. "Vim por meio de vaga social. Era usuária e por causa das drogas cheguei a pensar em suicídio. Estava me perdendo e já não dava mais valor à família. Aqui me ensinaram os valores de Deus, mostraram que posso ser mais".