O carnaval 2015 de Campo Grande (MS), realizado pela Prefeitura, reuniu cerca de 100 mil pessoas, somando o público dos três pontos de festa montados na cidade, nos quatro dias de evento, da noite de sábado (14) até esta terça-feira (17).
Todos os dias, o campo-grandensse lotou as Avenidas Alfredo Scaff, Fernando Correa da Costa e a Esplanada Ferroviária. Na passarela das escolas de Samba, ao lado da Praça do Papa, cerca de 15 mil pessoas foram somente ontem (17) ver as principais agremiações do grupo especial da Capital; no centro foram 10 mil foliões, no show de Axé; e na esplanada ferroviária, os blocos levaram ao menos cinco mil pessoas, a brincar o Carnaval no último dia da folia. Os números de ontem abrangeu a media do público em cada dia da festa, mostrando que a Cidade Morena tem bom Carnaval e está ampliando e ganhando tradição, como nos desfiles das agremiações, que este ano fizeram homenagens especiais a figuras históricas da Capital.
A área da Segurança Publica contou na Avenida Fernando Correa com 120 guardas municipais, 150 PMs (Policia Militar), além de 40 seguranças privada, com detector de metal, com portal coletivo na entrada e aparelho individual, no interior do espaço dos shows, que contou com quatro bandas se revezando nas quatro noites. Também tinham no local, oito agentes da Defesa Civil e um posto avançado do Samu. Na passarela do Samba, na Alfredo Scaf tinham 50 GMs, 50 PMs e 30 segurança privado. Na região dos blocos, na esplanada ferroviária, o contingente foi o mesmo.
Escolas homenageiam figuras históricas da Capital
“O nosso desfile foi um espetáculo, nas apresentações, na nossa organização, em conjunto com a Lienca (Liga das Escolas de Samba) e participação do público, que somente nas arquibancadas que ampliamos este ano, 8 mil pessoas deram um show de animação, torcida por sua escola, respeito e reverencia com as demais que fizeram muito esforços para estar no desfile”, apontou Mauricio Scaff falando das agremiações que se superaram na passarela do samba, com homenagens a figuras históricas da própria Capital, como de outros lugares do Brasil.
A primeira escola a desfilar, com cerca de 450 integrantes, foi a Deixa Falar, do bairro Coophatrabalho, que teve como tema os “Contos, cantos e encantos da Bahia”. A comissão de frente trouxe os 12 orixás, a Iemanjá do Candomblé e o Exú. Com carro alegórico a Igreja Nosso Senhor do Bonfim, com baianas lavando a escadaria foi representada. Outros dois carros, teve São Jorge e Iemanjá da Umbanda, como uma homenagem ao escritor Jorge Amado. Também foram representadas figuras como Maria Machadão e Tieta. Nas alas, expressões culturais, como a capoeira, foram retratadas.
No segundo desfile, o tema “Lendas, mitos e mistérios”, fez a Vila Carvalho, com cerca de 600 integrantes, entrar confiante para buscar mais um titulo. A comissão de frente, formada por anjos, representava o paraíso, o Jardim do Éden, tema do primeiro carro. As alas, de fogo e água, que vieram na sequência, ajudaram a contar passagem bíblica, que muitos consideram uma “grande lenda universal”. Além dessa, outras foram abordadas. São Jorge foi o tema do segundo carro. O terceiro representava o Egito e seus mistérios, no mito de Osíris e dos faraós. O último tratava da lenda indígena do “povo de pele vermelha”. Teve a ala do baralho, dos signos do zodíaco, entre outras. Ciganas chamaram atenção e os integrantes com fantasias de luxo arrancaram aplausos. Representando Oxum, a Deusa do Ouro, um jovem vestia dourado dos pés à cabeça. Desfilou com uma saia rodada, bastante armada, e com um corpete cheio de pedrarias.
A Catedráticos do Samba, do bairro Silvia Regina, os carnavalescos fizeram uma homenagem à própria escola, com o tema “Trinta e sete anos de Catedráticos – Quando Deus quer o homem sonha e a obra nasce. Exaltações aos samba-enredos que fizeram sua história”. Foram cerca de 450 pessoas, que desfilaram, ajudaram a relembrar dos 10 últimos samba-enredos. O abre-alas trazia uma águia, símbolo da Catedráticos. O segundo carro foi em homenagem a Delinha, que não pode ir e foi representada pelo filho, o músico João Paulo Pompeu, de 45 anos. A cantora e o marido dela, Délio, que já faleceu, foi tema da escola em 2005. O terceiro carro falou da África, relembrando o enredo de 2008. O quarto, e último, foi do Corinthians.
Já quase a meia noite, a Unidos do Cruzeiro, dos bairros Estrela do Sul e Cruzeiro, falou, também de sua agremiação, definido: “Vida, trabalho, futebol e samba, 10 anos de saudade”, que homenageou a João Renato Pereira Guedes, o “Picolé”, carnavalesco de Campo Grande, fundador da escola, que morreu há a dez anos. Para a viúva de Picole, Aparecida Gomes, o desfile foi emocionante. “É uma emoção forte. Ele fez muito o Carnaval da Capital, ele vivia, era ligado às escolas de samba. Não era só a nossa”, comentou a entrada da escola.
A quinta e última agremiação entrar na avenida, já quase à 1 hora da manhã, foi a Igrejinha que, este ano, teve como tema “Tia Eva – lutas, crenças e sonhos”. A escola entrou vibrante, mesmo já de madrugada, onde chamava a atenção a caracterização, animação e alegria de todos os componentes, bastante confiante. Na avenida, eram cerca de 700 pessoas, contando a história de Eva Maria de Jesus, a Tia Eva, ex-escrava. A comunidade que leva o nome dela também foi retratada. A comissão de frente, formada por artistas regionais, fez uma procissão de São Benedito. O trabalho da escola estava grandioso, com 14 alas e seis carros alegóricos, onde o primeiro carro, representou a abolição da escravatura e trouxe duas mãos livres dos grilhões.
O segundo, que teve o carnavalesco Carlos Flores como destaque, falou sobre a trajetória de Tia Eva e carregou alguns dos descendentes da ex-escrava. O bisneto dela, Michel, desfilou. O terceiro foi uma réplica da capela construída para São Benedito. O último falou sobre a força do negro. Em todas as alas, uma aula da história, da alegria, da exaltação da fé, do sagrado ao profano, entre outras.