Um mês após crueldade cometida contra Wesner Moreira da Silva, de 17 anos, que faleceu depois de ter mangueira de ar compressor inserida no ânus, os acusados de terem praticado o ato continuam soltos. Indignados, amigos e familiares do jovem realizaram manifesto, da tarde de hoje, para chamar a atenção das autoridades para o caso.
Munidos de faixas, cartazes e vestindo camiseta que leva a fotografia do menino, o grupo de cerca de 30 pessoas seguiu até a frente do prédio do Fórum, onde gritavam palavras de ordem como “queremos justiça” e “cadeia neles”.
Desolada, a mãe de Wesner, Marasilva Moreira, de 44 anos, por diversos momentos da passeata não conteve as lágrimas. “A dor é muito grande. Peço a Deus para me manter de pé, só ele para me confortar. Não tenho mais meu filho para poder abraçar. Minha casa ficou vazia, nada preenche esse vazio”, lamentou a dona de casa.
Adolescente morreu depois de ter ficado 11 dias em recuperação na Santa Casa da Capital. A mangueira de alta pressão foi inserida no ânus no rapaz pelo chefe e por um colega de trabalho, no dia 3 de fevereiro. A morte foi causada por sangramento contínuo na altura do estômago, seguido de parada cardiorrespiratória.
“Antes de falecer, meu filho disse que perdoava eles, mas queria justiça e pediu que fossem presos e que pagassem pela semana que ele trabalhou no lava a jato”, completou Marisilva. Agarrada ao cartaz onde foi impresso o rosto do jovem, a mãe vai às lágrimas ao dizer que o filho estava apenas trabalhando. “Ele não estava roubando ou matando, estava trabalhando”.
Ao lado da prima Patrícia Brites, de 39 anos, o grupo seguiu sentido Fórum. “Se a justiça do homem não for feita, Deus vai fazer”, apontou a professora que carregava em mãos um cartaz com as fotos dos acusados de terem cometido o crime. Em tratamento de câncer, o pai de Wesner não compareceu ao manifesto.
Um dos organizadores do manifesto, o tio da vítima, Elsom Ferreira da Silva, tio de Wesner, contou que os dois rapazes foram vistos circulando de caminhonete pelo bairro onde a família mora, já que um dos culpados é vizinho da mãe do rapaz e tinha livre acesso a casa deles.
“Eu queria deixar bem claro que a população está revoltada. Então, se acontecer alguma coisa com os dois culpados, a família não se responsabiliza”, destacou Elsom, assessor de parlamentar. Em frente ao Fórum a família gritava para que o juiz “julgasse o caso”.
No dia 17 de fevereiro o juiz Carlos Alberto Garcete, da 1ª Vara do Tribunal do Júri, emitiu decisão não atendendo o pedido de prisão feito pela polícia. Dois dias antes, o mesmo pedido já havia sido negado pelo juiz Marcelo Ivo de Oliveira, da 7ª Vara Criminal de Campo Grande.