A pena recebida por Cristhiano Luna de Almeida comoveu a mãe dele, Cecília Luna, 54 anos, que acompanhou o julgamento.
O filho dela foi condenado hoje a 17 anos, seis meses e 16 dias de prisão pela morte de Jefferson Bruno Gomes Escobar, o "Brunão", e ter cometido injúria contra garçom de boate onde houve briga, que evoluiu para o assassinato.O crime aconteceu em março de 2011.
Junto com ela estavam outras pessoas que vestiam azul e algumas seguravam terços. Esse grupo é de uma igreja que o condenado frequentava quando estava em liberdade.
Já do lado de fora do Fórum, no Centro de Campo Grande, Cecília chorou muito e voltou atrás na decisão de não falar com a imprensa. No começo do julgamento ela havia dito que não daria declarações.
Depois que o juiz substituto do Tribunal do Júri em Campo Grande, Daniel Raimundo da Motta, leu a sentença, por volta das 18h, ela decidiu dar sua opinião sobre o caso.
“Mãe sofre tanto quanto a outra. Eu sempre rezei por esse menino (Jefferson Bruno Gomes Escobar) e essa mãe (Edicelma Gomes Vieira). Só que o filho dela está no céu. Meu filho não merecia isso. Foi uma fatalidade e foi muito cruel o que fizeram com ele. Qual menino nunca brigou na vida? Quem já não foi em uma boate, bebeu e se excedeu? Atire a primeira pedra. Vocês não têm noção do meu julgamento. Eu peço misericórdia. Meu filho é meu companheiro, se fosse um menino ruim, eu deixava um tempo na cadeia, mas não é", afirmou, entre soluços e lágrimas.
A defesa do condenado confirmou que vai recorrer da sentença. "Foi uma condenação injusta, só traduziu o sentido de vingança e justiça não é para fazer vingança", alegou o advogado do lutador de jiu-jitsu e confeiteiro, Fábio Trad.
FAMÍLIA DA VÍTIMA
A mãe de Brunão ficou muito emotiva durante todo o julgamento ocorrido hoje. Ela vestia preto e que a acompanhava estava com a mesma cor da vestimenta. Sem o filho e viúva - o marido faleceu ano passado -, ela ponderou que precisava ver a condenação.
"Graças a Deus fico feliz de ver a justiça acontecer. O pai dele morreu antes de ver o julgamento, mas isso (condenação) aconteceu", ponderou.
Do lado de fora do Fórum, dezenas de pessoas, com camisetas pretas, seguravam faixa para homenagear a vítima. "Eterno Brunão. 3 anos de saudade. 3 anos de impunidade", estava escrito.
RELEMBRE O CASO
Brunão morreu em 19 de março de 2011. Na ocasião, ele virou alvo de Almeida ao tentar retirá-lo de dentro da casa noturna após uma briga generalizada. Acabou linchado pelo acusado, bacharel em direito e praticante de artes marciais, do lado de fora do local.
Incialmente o julgamento do réu estava marcado para o dia 12 de agosto de 2011, mas a defesa recorreu ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul, buscando afastar as qualificadoras de "motivo fútil" e o "recurso que dificultou a defesa da vítima". Por maioria de votos, os desembargadores decidiram manter as qualificadoras.
Insatisfeito com a decisão, Almeida, por meio dos seus advogados, recorreu novamente ao Tribunal de Justiça e, desta vez, foi dado provimento ao recurso. No júri de hoje, inicialmente ele respondia por homicídio simples. A condenação podia chegar a 20 anos de prisão.
OUTRA CONDENAÇÃO
Cristhiano Luna de Almeida já foi condenado a dois anos e seis meses de prisão por espancar o jovem Rafael de Freitas Mecchi, na época com 22 anos, em um show no Parque de Exposições de Campo Grande, no ano de 2009. A morte de Brunão foi em 2011.