Na lista das 10 capitais com a cesta básica mais cara do país, Campo Grande figura em nono lugar e registrou um aumento de 18% nesse produto no período de um ano, entre setembro de 2014 e o mesmo mês neste ano. Essa majoração afeta diretamente a vida das pessoas porque envolvem alimentos comprados mensalmente.
Os dados fazem parte de pesquisa divulgada pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) na manhã desta terça-feira (6). O levantamento abrangeu 18 capitais.
Dentro da comparação entre agosto e o mês passado, o departamento identificou que praticamente metade sofreu aumento no período de 30 dias. Destaque, nesses casos, para a a batata (19,18% de aumento) e café em pó (1,49%). O que houve redução mais significativa foi o tomate, 17,54%, e o açúcar, 4,79%.
Supervisora técnica do Dieese em Campo Grande, Andreia Ferreira analisou que os números levam à conclusão que as pessoas estão perdendo o poder de compra para a inflação. "Indica a perda do poder de compra do trabalhador. Pois veja. Enquanto nossos salários são corrigidos uma vez ao ano, os preços variam mais vezes, inclusive dentro do mesmo mês."
Ela ainda exemplificou a situação dessa perda de poder de compra com as disputas por reajustes salariais, que tentam diminuir o impacto no bolso das pessoas. "No caso da greve dos bancários. A inflação no período é de 9,88% e os bancos oferecem 5,5% (de reajuste). Uma perda substancial para os trabalhadores", concluiu.
Por fim, o departamento não prevê melhoria do cenário em Campo Grande, bem como nacionalmente, em um curto prazo. "No curto prazo, o cenário sugere mais turbulências. A natureza da crise, ainda que se perceba mais pela face econômica, tem uma base política", disse Ferreira.
O último trimestre do ano é um período que costuma ser de mais gastos da família por conta das festas de fim de ano e da renda extra com 13º salário. "Os gastos familiares continuarão, a velocidade ou o volume é que deve ser menor", explicou a supervisora técnica, sugerindo que as pessoas tendem a economizar e não gastar muito a renda extra. O horizonte de demissões também gera outra preocupação.
CUSTO DA CESTA
O Dieese levantou que, na média, um trabalhador com jornada diária de oito horas precisou em setembro trabalhar quase 12 dias para conseguir ter dinheiro para comprar uma cesta básica. Esse cálculo é obtido com base no rendimento líquido de um salário mínimo, que hoje é de R$ 724,96 (8% descontado da previdência de um total de R$ 788).
PREÇO DA CESTA BÁSICA EM 18 CAPITAIS
1º - Porto Alegre - R$ 385,70
2º - São Paulo - R$ 383,21
3º - Florianópolis - R$ 383,10
4º - Rio de Janeiro - R$ 362,90
5º - Vitória - R$ 361,54
6º - Curitiba - R$ 356,51
7º - Brasília - R$ 338,28
8º - Belo Horizonte - R$ 338,19
9º - Campo Grande - R$ 336,69
10º - Manaus - R$ 335,73
11º - Belém - R$ 319,20
12º - Goiânia - R$ 311,20
13º - Fortaleza - R$ 305,20
14º - João Pessoa - R$ 299,65
15º - Recife - R$ 298,58
16º - Salvador - R$ 297,07
17º - Natal - R$ 282,72
18º - Aracaju - R$ 280,26