Placa de titânio presente no corpo encontrado carbonizado, na manhã de hoje (21), é idêntica a usada pelo ex-vereador Alceu Bueno, de 55 anos, que está desaparecido desde ontem (20).
A coordenadora do Instituto de Medicina e Odontologia Legal (Imol), Glória Setsuko Suzuki, disse que “é um indício que pode ser a pessoa, mas ainda são necessários vários exames para identificação do corpo”.
Outro indício é o celular encontrado com o corpo, do mesmo modelo usado pelo ex-vereador.
A advogada da família, Renata Freitas, disse ao Portal Correio do Estado que a família está acompanhando a apuração da polícia e resultado do exame de DNA.
O CASO
Homem que seguia para o trabalho encontrou, por volta das 7h de hoje, pessoa morta queimada em área de matagal, na Rua Avanhandava, região do Parque dos Poderes, em Campo Grande.
Segundo o delegado que atendeu a ocorrência, Camilo Kettenhuber, ““A pessoa morreu de língua de fora e isso é indício de estrangulamento. Pode ser que ela tenha sido morta em outro local e queimada nessa área de vegetação. Vamos investigar para tentar esclarecer”.
Parentes de Bueno ouvidos pela reportagem afirmam que não sabem o paradeiro dele. O ex-vereador fechou o estabelecimento sozinho e saiu do local em um carro modelo Land Rover, que também está sumido.
CONDENADO
Alceu Bueno renunciou ao cargo de vereador em abril do ano passado, depois de ser alvo de investigações policiais sobre envolvimento em esquema de exploração sexual de adolescentes. Em dezembro do ano passado saiu a condenação de Alceu e mais quatro pessoas pelo crime.
A sentença foi proferida pela 7ª Vara Criminal de Campo Grande, e envolve ainda o ex-vereador Robson Martins, Sérgio Assis, Fabiano Viana Otero e Luciano Pageu. A condenação de Otero foi de 11 anos e 11 meses de reclusão por extorsão, exploração sexual de vulnerável, corrupção de menores, associação para o crime e tráfico de menor para fins de exploração sexual. Se não tivesse sido beneficiado pela delação premiada, a pena dele seria de 23 anos e 10 meses.
Pageu foi condenado a 21 anos, sete meses e 20 dias de reclusão também em regime fechado. Ele é acusado de exploração sexual de vulnerável, corrupção de menores, associação para o crime e por dois crimes de extorsão. Mas diferente de Otero, ele foi absolvido do crime de tráfico de menor por falta de provas.
Martins foi condenado a 9 anos e 4 meses de prisão em regime fechado e o pagamento de 93 dias-multa por extorsão. Somadas, as penas dos envolvidos nesse esquema de exploração sexual infantil são de 57 anos e 20 dias de reclusão e 93 dias-multa.
ACUSAÇÕES
Influenciadas por Fabiano Viana Otero, duas adolescentes, de 15 anos, usaram uma câmera escondida em um chaveiro para registrar quando uma delas mantinha relações sexuais com o ex-vereador Alceu Bueno.
Alceu teve dois encontros com as meninas e todos foram filmados pelas garotas. As gravações foram usadas por Fabiano e seu amigo, o empresário Luciano Pageu para extorsão. O esquema de extorsão envolveu ainda o ex-vereador Robson Martins.