Peritos criminais e policiais civis realizam a partir das 5h30min de hoje reprodução simulada do assassinato do empresário Adriano Correia do Nascimento, ocorrido no dia 31 de dezembro último, na Avenida Ernesto Geisel, próximo à Rua 26 de Agosto, centro de Campo Grande. O procedimento servirá para confrontar o depoimento do acusado do crime, o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, com a dinâmica da ocorrência, o que permitirá a identificação de pontos contraditórios.
A realização da simulação, antes negada pela delegada encarregada do caso, Daniela Kades, da 1ª DP, que considerava o procedimento desnecessário, foi confirmada ontem pela manhã, pela governadora em exercício Rose Modesto (PSDB). Ela assegurou que as investigações serão conduzidas com transparência e a população será informada do que realmente aconteceu entre o empresário e o policial.
Rua 26 de Agosto no trecho entre as ruas dos Barbosas e a Anhandui, e a Avenida Ernesto Geisel no trecho compreendido entre as ruas João Rosa Pires e a Fernando Corrêa da Costa estão interditadas para que o trânsito não atrapalhe o trabalho da polícia.
O local está fechado desde às 5h. O fim da madrugada foi escolhido porque foi quando o crime aconteceu. Nenhuma autoridade policial havia se manifestado até o início da reprodução e a imprensa foi colocada cerca de 200 metros distante de onde o desentendimento entre o policial e o empresário começou.
O policial que está preso na Delegacia de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestros (Garras) desde quinta-feira (5) deve participar da simulação, assim como amigo que acompanha a vítima no dia do assassinato.
SEGREDO DE JUSTIÇA
O inquérito foi colocado sob segredo de Justiça na segunda-feira, após a delegada e as polícias Civil e Militar terem sido deixadas sob suspeita, nas redes sociais e também pela Promotoria de Justiça, por favorecimento a Ricardo Moon.
Sobre a delegada, criticada por declarações precipitadas considerando a ação do policial rodoviário como legítima defesa, a governadora assegurou que haverá isenção. Segundo ela, apesar de Daniela Kades ser a encarregada do caso, uma comissão de delegados também está acompanhando o andamento das investigações.
Reunião realizada ontem, na Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), definiu detalhes da reprodução simulada de hoje.
CASO
O crime aconteceu no dia 31 de dezembro, no início da manhã. O agente estava a caminho do trabalho e iria pegar ônibus para Corumbá. No caminho, foi fechado por caminhonete que era conduzida por Adriano.
O PRF perseguiu o empresário e o fechou. Com a arma na mão, disparou nove vezes contra o veículo da vítima. Cinco tiros atingiram Nascimento, enquanto outros disparos feriram mais duas pessoas que estavam no utilitário.
Moon alegou legítima defesa para justificar o crime. Os passageiros do outro veículo não estavam armados. À Polícia Civil, o PRF afirmou que Nascimento tentou atropelá-lo, por isso fez os disparos.
Ele chegou a ser preso no dia do assassinato, mas não foi conduzido diretamente à delegacia. Acabou solto um dia depois, sem sequer ser submetido à audiência de custódia. O Ministério Público Estadual protocolou pedido de prisão posteriormente e houve deferimento por parte da Justiça Estadual.
O procedimento deve auxiliar a delegada da 1ª Delegacia de Polícia, Daniela Kades, que preside o inquérito, na dinâmica do que aconteceu naquele dia. A alegação de legítima defesa também pode ser questionada nessa parte da investigação.