Sebastião Nogueira da Silva, 62 anos, morreu na madrugada desta segunda-feira (22), depois de passar quase oito horas dentro de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) móvel esperando por atendimento na porta do Hospital Universitário, em Campo Grande.
O paciente era de Costa Rica e chegou à Capital, na tarde de ontem (21). Já no fim da noite, diante da demora para ser levado para amparo médico dentro do hospital, revoltados, familiares chamaram até a polícia. Sebastião chegou a ser internado no Hospital Regional, mas acabou não resistindo.
Entre janeiro e este mês, pelo menos três pessoas que precisavam de atendimento emergencial morreram depois de pedirem socorro em unidades de saúde da Capital. Desde setembro do ano passado, o Portal Correio do Estado vem denunciando problemas no serviço de saúde pública. Principalmente, pela falta de vagas. (Veja em notícias relacionadas)
Neste último caso, o delegado plantonista da Vila Piratininga, Hofman D'Ávila, foi que esteve no hospital. Ele conta que foi avaliar denúncia de omissão de socorro e deparou-se com a situação problemática.
“A vida do senhor dependia de o carro funcionar. Os aparelhos da UTI funcionam pela bateria. Se tivesse algum problema, ele morreria. O transferência para um leito hospitalar foi feita só depois da chegada da polícia. Conseguimos que ele fosse levado ao Hospital Regional”, disse a autoridade policial.
O delegado conta, ainda, que Sebastião foi transportado à Capital depois de a Central de Regulação de Vagas emitir guia que garantia leito no Hospital Universitário. “A filha do paciente me mostrou o documento. Ele tinha que ser internado no HU. Um médico de lá me informou que ocorreu um erro na Central de Regulação”, pontuou.
Depois de esperar quase oito horas na UTI móvel, respirando com ajuda de aparelhos e sofrer até parada cardiorrespiratória, Sebastião foi levado ao HR, no fim da noite, mas morreu na madrugada de hoje. O delegado informou que familiares ainda não registraram Boletim de Ocorrência e o problema de saúde que o idoso tinha não foi confirmado. Ele acredita que fosse câncer.
OUTRO LADO
De um lado, a família sofre com a morte do paciente que pode ter sido adiantado pela má qualidade no atendimento público e, no outro, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) se isenta da culpa, alegando que a morte não poderia ser evitada. “O atendimento na UTI móvel é feito por médico. Ela tem todos os aparelhos necessários. O caso desse paciente era grave e não relaciono a morte dele com a demora pela transferência para hospital”, citou o secretário Nelson Tavares.
Mesmo negando ter havido negligência, o secretário admite que faltam leitos para atendimentos de urgência e emergência na Capital e interior do Estado. “Nosso projeto é aumentar 50 vagas. 10 foram ampliadas no HR, outras 10 na Maternidade Cândido Mariano e estamos finalizando 22 no HU. Outras estão em processo de licitação para a Santa Casa, Hospital do Câncer, Dourados e Nova Andradina”, prometeu.
A reportagem não conseguiu falar com a assessoria de imprensa do Hospital Universitário.
Confira em notícias relacionadas mais informações e casos sobre o caos da saúde pública.


