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CAMPO GRANDE

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OAB vai investigar denúncia de abuso de autoridade cometido por policiais em bar

Proprietária de bar e advogada dizem ter sido agredidas por militares do Choque

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A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Mato Grosso do Sul (OAB-MS) vai investigar denúncia de abuso de autoridade cometido por policias militares do Batalhão de Choque na noite de sábado (21), em Campo Grande, contra duas mulheres - uma delas advogada. O boletim de ocorrência do caso, registrado na madrugada de ontem na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) Piratininga, como incitação ao crime, desacato, desobediência e resistência, aponta que os policias tentavam dispersar um grupo em frente ao Bar Batata, na Rua Trindade, próximo ao campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS).

Graziele Soares das Neves, 43 anos, que seria proprietária de um dos bares na região, teria ofendido os policiais e questionado a legalidade da ação. No boletim consta ainda que ela começou a proferir “palavras de baixo calão”. A atitude teria chamado atenção de outras pessoas no local , “que começaram a rir da ação policial”. Ela teria sido questionada a apresentar documentos pessoais, e se negou. A partir daí ela foi detida por desacato, mas teria resistido a prisão e por isso foi necessário “emprego de uso de força moderada, que resultou em lesão aparente no braço esquerdo e no cotovelo esquerdo”. 

Já a outra mulher, que seria advogada, Rosemeire Rodrigues Martins, 27 anos, se apresentou como defensora de Graziele, mas desdenhou da capacidade intelectual dos policiais presentes, dizendo que se tratavam de “bestializados e desprovidos de inteligência e conhecimeto de suas funções”. A fala teria incitado outras pessoas contra a equipe policial e ela também foi presa. No boletim consta que ela “resistiu contra a condução” e por isso foi necessário o uso de “força moderada”, resultando em lesões aparentes no rosto, braços e pulso.

Em uma rede social Graziele negou ter ofendido os policias. “O comandante não identificado me perguntou quem era eu, sendo que ele mais que ninguém sabe quem sou eu, mas mesmo assim respondi que eu era a proprietária daquele local. Em nenhum momento ele pediu a documentação do local, até porque ele sabe que está tudo certo. No meio da conversa, um comandado também sem identificação, falou para o comandante: “Não perde tempo com essa mulherzinha”. Eu não entendi e perguntei o porquê estavam falando comigo dessa forma, sendo que em nenhum momento eu tinha faltado com respeito a algum deles”. 

Ela disse também que os policias que participaram da ação a conheciam. “O comandante sem nome pediu meu RG eu disse que não ia dar, mas sabe o por quê? Esses mesmos policiais vão ao Batata + quase todas as sextas e os mesmos me conhecem. Naquele momento recebo voz de prisão, e ele como sempre 'bem educado', me jogou dentro de um camburão”.

A proprietária do bar disse que aproximadamente 15 minutos após estar no camburão, a segunda mulher foi colocada lá dentro. “Escutei uma voz de uma mulher alegando que eles estava machucado muito ela, em seguida a porta do camburão se abre, e para minha surpresa vi quatro policiais agredindo a mesma com enforcamento e um tapa no rosto. Tentei argumentar para que não fizessem isso com ela, pois se tratava de uma mulher, e os mesmos se direcionaram a mim com nomes de baixo nível. 'Cale a boca sua vadia vagabunda', eles disseram, e em seguida jogaram ela no mesmo camburão que eu estava, perguntei quem ela era e ela me disse que era advogada e que eles estavam com a sua OAB. Seguimos sem entender tudo o que estava acontecendo, passando alguns minutos a viatura onde nós estávamos saiu em alta velocidade. Começaram a fazer manobras, e nós éramos jogadas de um lado pra outro sem poder nos proteger. Deitei no assoalho do carro pra ver se parava de ir ao teto e aos lados, e pra minha indignação eles riam e gritavam pra nós ouvirmos 'tá bom ai suas vadias? Vocês vão ter o que merecem', confesso que fiquei com muito medo”.

Já na delegacia ambas foram novamente agredidas. “Eles abriram a porta do camburão e arrastaram a Rose pelo cabelo, “muito educadamente” e chamando ela de vagabunda. Em seguida viraram pra mim e disseram, educadamente “você vai descer ou você quer ter o mesmo tratamento?”. Dois policiais vieram pra cima de mim e me arrastaram pra dentro de uma salinha e falaram “fica aí sua vadia”. Em seguida fomos algemadas e “educadamente” o comandante gritou “Senta no chão suas vagabundas!”, nos recusamos sentar, e eu disse “Vou ficar bem de pé”, ele não aceitou a minha posição e “educadamente” me passou uma rasteira e me derrubou, em seguida fez o mesmo com a Rose”.

A coação e a violência verbal durou o tempo todo. “Continuaram a debochar de nós quando pedimos pra falar com nossos advogados, um virava para o outro e dizia “chama ai o advogadinho delas, ou melhor, chama não, aqui já tem essa vagabunda e advogada, defende ela e você”, e sorriam. Não consigo entender tanta truculência com duas mulheres que nada poderiam fazer contra eles, até porque tinham nove policiais, totalmente armados cuidando da gente naquele local”.

O presidente da entidade, Mansour Elias Karmouche, explicou que vai pedir abertura de sindicância pela Polícia Militar para apurar os fatos. “Uma advogada tentava intermediar uma situação envolvendo sua cliente as duas acabaram agredidas pelos policiais. Queremos saber se houve exagero. Os policias foram desobstruir uma via, não eram bandidos e sim estudantes. Não havia nenhuma manifestação, eram jovens. Agora se a polícia vai começar a dispersar desse jeito vai ficar difícil”, afirmou Karmouche.

Escolas estaduais

Cultura ou Censura? deputada questiona recolhimento e destino do premiado livro 'O avesso da pele'

O livro foi selecionado pelo PNLD em 2021, ainda durante o governo de Jair Bolsonaro; a obra também é consagrada pelo Prêmio Literário Jabuti

18/03/2024 17h00

O requerimento apresentado questiona a justificado técnico-científica para o recolhimento da obra adquirida com recursos públicos. Reprodução

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Em uma tentativa de esclarecer o recente recolhimento da obra literária "O Avesso da Pele", vencedora do Prêmio Jabuti de 2021, nas escolas estaduais de Mato Grosso do Sul. A Deputada Estadual Gleice Jane (PT), solicita informações ao governador do estado, Eduardo Riedel, e ao secretário de estado de educação, Hélio Queiroz Daher, sobre os motivos e embasamento técnico e científico que levaram à retirada do livro das escolas.

Em requerimento apresentado à Mesa Diretora da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, Gleice Jane ressalta a importância da obra para abordar questões sociais, como o racismo estrutural, e questiona a justificativa por trás do recolhimento, citando os procedimentos de seleção e avaliação estabelecidos pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD).

“Os procedimentos de escolha e avaliação das obras literárias destinadas ao ambiente escolar, estabelecidos pela Resolução n. 15, de 26 de junho de 2018, do Conselho Deliberativo do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - CD/FNDE, bem como pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD), asseguram que tais materiais passam por um rigoroso processo de seleção, visando à adequação pedagógica e à relevância para o público-alvo”, justifica o requerimento.

A deputada acrescenta que até o momento o governo do estado não se manifestou e que em debate na Assembléia Legislativa não foram identificados estudos técnicos e científicos que tenham embasado e justificado a prática da gestão estadual.

“Na educação, assim como em qualquer outro segmento de atendimento à população, tem estudos, tem ciência, tem profissionais que se dedicaram uma vida em torno desses trabalhos e que precisam ser respeitados. O livro em questão, passou por comissões, por análises técnicas e tem dinheiro público envolvido nisso e para se contrapor a essa política é preciso que se tenha um estudo, um embasamento técnico e científico que justifique a tomada de decisão do governo. É isso que estamos buscando compreender junto ao governo do estado”, esclarece a deputada.

Cabe destacar que no requerimento apresentado, a Deputada menciona uma reportagem anterior do Correio do Estado e levanta algumas questões pertinentes:

  • Composição da Comissão de Análise - Foi constituída uma comissão de profissionais qualificados para analisar a obra e quais critérios utilizados?
  • Investigação sobre a Motivação das Escolas - Houve investigação para compreender por que as escolas escolheram esse livro e quais as medidas tomadas?
  • Natureza da Decisão de Recolhimento - O recolhimento é definitivo? E, se for, qual será o destino do material didático adquirido com recursos públicos?
  • Uso do Sistema de Classificação Indicativa - Foi utilizado o sistema de classificação indicativa do Ministério da Justiça na análise da obra, considerando as regulamentações legais pertinentes?

Nossa equipe de reportagem também questionou o governo do estado, mas até o fechamento desta matéria não recebeu retorno sobre as questões apresentadas.

MEC diz que escolas possuem autonomia

Em resposta às preocupações levantadas, o Ministério da Educação (MEC) pontuou ao Correio do Estado o respeito à autonomia das redes e escolas, destacando que a escolha das obras pelo Programa Nacional do Livro e do Material Didático PNLD é voluntária e democrática, com a participação de professores, mestres e doutores. 

“A aquisição das obras se dá por meio de um chamamento público, de forma isonômica e transparente. Essas obras são avaliadas por professores, mestres e doutores, que tenham se inscrito no banco de avaliadores do MEC. Os livros aprovados passam a compor um catálogo no qual as escolas podem escolher, de forma democrática, os materiais que mais se adequam à sua realidade pedagógica, tendo como diretriz o respeito ao pluralismo de concepções pedagógicas”, afirma o MEC.

Por fim, destaca que o PNLD é uma relevante política do Ministério da Educação, com mais de 85 anos de existência e adesão de mais de 95% das redes de ensino do Brasil. 

Ministério da Cultura critica censura ao livro

A ministra da Cultura (MinC), Margareth Menezes repudiou os ataques à obra. “Meu total repúdio a qualquer tipo de censura em relação à nossa literatura. O que estiver no escopo do Ministério da Cultura, o que for possível fazer para apoiar, dentro da legalidade, para combater esse tipo de ação, nós faremos.”

A ministra acrescentou que as escolhas dos livros pelo programa federal do MEC seguem diretrizes claras. “Não são feitas de maneira deliberada. Existem conselhos. O que é colocado ali não é de graça, ainda mais em relação às escolas. Nós estamos procurando ter todo o cuidado. E o ministro Camilo [Santana, do MEC], o Ministério da Educação também têm essa sensibilidade.”

Por sua vez, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, criticou a tentativa de censura e os ataques ao livro O Avesso da Pele, do autor brasileiro Jeferson Tenório.

“Em minha opinião, trata-se de uma demonstração de ignorância, de preconceito, mas também de covardia por parte dessas pessoas”, diz em vídeo, no dia 4 de março, o ministro-chefe, Paulo Pimenta.

O debate sobre o recolhimento de "O Avesso da Pele" continua, suscitando discussões sobre liberdade de expressão, educação e diversidade cultural.

Sobre a obra

O livro ‘O avesso da pele’ entrou no Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) do Ministério da Educação (MEC) em 2022, no governo do então presidente Jair Bolsonaro.

A obra já foi traduzida para 16 idiomas e ganhou o Prêmio Jabuti, principal prêmio literário brasileiro, na categoria Romance Literário, em 2021.

O livro trata das relações raciais, sobre violência e negritude e identidade na história fictícia de Pedro, que, após a morte do pai, assassinado em uma desastrosa abordagem policial, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos.

O caso de recolhimento e censura à obra ganhou repercussão depois que a diretora de uma escola gaúcha chamou de "lamentável" o envio de 200 exemplares da obra para a Escola Estadual de Ensino Médio Ernesto Alves de Oliveira.

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Cidades

Primeiro pagamento do Pé-de-Meia será feito a partir de 26 de março

Incentivo-Matrícula será pago conforme mês de nascimento do estudante

18/03/2024 15h00

André Borges/Agência Brasília

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O pagamento do Incentivo-Matrícula do Programa Pé-de-Meia do Ministério da Educação (MEC) será pago a partir de 26 de março até 3 de abril aos estudantes matriculados em alguma das três séries do ensino médio público.

O depósito da parcela única de R$ 200 do primeiro incentivo financeiro-educacional do programa será feito conforme o mês de nascimento dos alunos.

·         26 de março: estudantes nascidos em janeiro e fevereiro;

·         27 de março: estudantes nascidos em março e abril;

·         28 de março: estudantes nascidos em maio e junho;

·         1º de abril: estudantes nascidos em julho e agosto;

·         2 de abril: estudantes nascidos em setembro e outubro;

·         3 de abril: estudantes nascidos em novembro e dezembro.

Depósito

O Incentivo-Matrícula será creditado em contas digitais abertas automaticamente pela Caixa Econômica Federal em nome dos alunos.

No caso de o estudante do ensino médio público contemplado ser menor de idade, será necessário que o responsável legal autorize o estudante a movimentar a conta, para sacar o dinheiro ou usar o aplicativo Caixa Tem. Esse consentimento poderá ser feito em uma agência bancária da Caixa ou pelo aplicativo Caixa Tem. Se o aluno tiver 18 anos ou mais, a conta já estará desbloqueada para utilização do valor recebido.

O incentivo é pago apenas uma vez ao ano, ainda que o estudante realize transferência de matrícula entre escolas ou redes de ensino no mesmo ano letivo.

Porém, aquele aluno que abandonou a escola e voltou a estudar ou que reprovou aquela série terá direito ao Incentivo-Matrícula da respectiva série apenas mais uma vez, durante o período de permanência no ensino médio, esclarece o MEC.

Envio de informações

Para fazer o depósito deste primeiro incentivo, o MEC se baseará em informações enviadas pelas redes de ensino dos municípios, estados e do Distrito Federal entre 29 de fevereiro e 8 de março deste ano, via Sistema Gestão Presente (SGP), conforme previsto na Lei 14.818/2024.

O não compartilhamento das informações sobre os estudantes matriculados nas respectivas redes de ensino poderá impactar o pagamento dos incentivos relativos ao período em que as informações não foram compartilhadas.

Para quem não for contemplado neste primeiro período, o MEC informa que se ocorrerem correções e atualizações das informações referentes à matrícula, por parte das redes públicas de ensino médio, entre 9 de março e 14 de junho, o pagamento do Incentivo-Matrícula poderá ser feito até 1º de julho.

O Pé-de-Meia é um programa de incentivo financeiro-educacional, na modalidade de poupança, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público. Por meio do incentivo à permanência escolar, o programa quer democratizar o acesso e reduzir a desigualdade social entre os jovens do ensino médio, além de promover mais inclusão social pela educação, estimulando a mobilidade social. Foto Arte/Arte/Ministério da Educação

Pé-de-Meia visa promover a permanência e conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público. Arte/Ministério da Educação

O Pé-de-Meia é um programa de incentivo financeiro-educacional do governo federal, na modalidade de poupança, destinado a promover a permanência e a conclusão escolar de pessoas matriculadas no ensino médio público.

O objetivo é democratizar o acesso e reduzir a desigualdade social entre os jovens do ensino médio, além de promover mais inclusão social pela educação, estimulando a mobilidade social.

O Pé-de-Meia prevê o pagamento de incentivo mensal de R$ 200, que pode ser sacado em qualquer momento, além dos depósitos de R$ 1.000 ao final de cada ano concluído, que só poderão ser retirados da poupança após a conclusão do ano letivo. Se consideradas as dez parcelas de incentivo, os depósitos anuais e, ainda, o adicional de R$ 200 pela participação no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na última série, os valores podem chegar a R$ 9.200 por aluno.

Os estudantes com dúvidas sobre o Pé-de-Meia podem acessar uma seção de Perguntas Frequentes sobre o programa no portal do MEC. Outros canais são o Fale Conosco do MEC (telefone 0800 616161) e o portal de atendimento, por meio da opção 7 e seleção do assunto Programa Pé-de-Meia.

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