O último entrevistado da série do Correio do Estado com os candidatos a prefeito de Campo Grande é Athayde Nery do Partido Popular Socialista (PPS). Entre muitas propostas, uma delas é resolver o caos na saúde por meio da organização.
CORREIO PERGUNTA
Quais são os setores prioritários do seu projeto de gestão?
ATHAYDE NERY -
Penso que esta campanha é muito importante. O que está em jogo é a escolha entre as velhas formas de governar e um novo modelo de gestão. De um lado: autoritarismo, corrupção e ineficiência. Do outro: horizontalidade na gestão, honestidade e boas práticas governamentais. É muito fácil oferecer à população soluções mágicas para a saúde, para a educação, para o transporte público. Não existem soluções mágicas. O que se pode prometer, de fato, é honestidade no trato da coisa pública, modernidade na gestão e, principalmente, a criação de mecanismos que envolvam toda a sociedade no desafio de gerir uma cidade como Campo Grande. Nossa prioridade será mudar a visão meramente gerencial ou legalista das últimas gestões e atuar como um articulador que transforme a sociedade em parceira da Prefeitura. Vamos convocar a sociedade civil e os cidadãos a construção de um plano de longo prazo para a cidade, um grande pacto político e social, que envolva a todos na busca das soluções estratégicas e sustentáveis para melhorar a cidade que, afinal de contas, é construída por todos.
Especificamente sobre saúde, qual plano para melhorar o sistema da cidade?
Hoje, toda a estratégia de Saúde da capital é focada em ações paliativas. O sistema está desorganizado, desde o momento em que o cidadão chega a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para um atendimento emergencial, até a hora em que precisa marcar uma consulta. Temos que reorganizar todo o atendimento no setor, colocando o foco no cidadão. Este será o grande parceiro do Prefeito na avaliação do sistema, dando nota ao atendimento e sugerindo as melhorias. Buscaremos um entendimento com os profissionais da saúde, valorizando-os, mas também cobrando responsabilidades públicas. É preciso, também, inverter o foco estratégico. A cidade precisa de um pronto socorro municipal? Sim. Mas precisas também investir na prevenção. Campo Grande está muito abaixo da meta de cobertura de Unidades Básicas de Saúde da Família e de equipes de Agentes de Saúde. Se os hospitais estão cheios, em parte é por este motivo. Sem prevenção, o resultado é o caos.
Como pretende impulsionar o desenvolvimento econômico da cidade?
Em primeiro lugar é preciso desburocratizar e melhorar o ambiente de negócios com redução de prazos para abertura, ampliação e baixa de empresas e otimização dos processos de licenciamento, regularização e acesso a incentivos. Vamos criar a Agência de Desenvolvimento e Inovação para empreender iniciativas indutoras do crescimento econômico municipal com foco nas oportunidades dos negócios inovadores e geradores de empregos. Também pretendemos aperfeiçoar o Programa de Parcerias Público-Privada com foco na concessão de serviços sustentáveis; tornar efetiva a fiscalização do cumprimento das exigências das contrapartidas das empresas com recurso municipais, concedidos através do Programa de Desenvolvimento (PRODES), além de propor a Lei Municipal da Inovação para fomento de atividades inovadoras, geradoras de renda e emprego, via concessão de subsídios. Finalmente, vamos ampliar e revitalizar os polos empresariais; fortalecer o programa de incubadoras municipais; concluir o Terminal Intermodal de Cargas (porto seco) e fortalecer a agricultura familiar com foco na produção de orgânicos. Outro aspecto importante é o turismo. Estamos às margens do Pantanal e não podemos nos dar ao luxo de perder a oportunidade de fortalecer esta importante cadeia produtiva.
Como colocar em prática esses projetos em tempo de crise financeira e baixo crescimento da arrecadação?
O aspecto chave aqui são as parcerias público-privadas, o envolvimento da sociedade. Quando falamos no orçamento de Campo Grande, pensamos apenas no orçamento da Prefeitura. Ele é muito maior que isso, envolve os orçamentos da sociedade civil, da UFMS, do Sistema S, etc. A estratégia aqui é encontrar os momentos adequados para que estes orçamentos se unam aos interesses da sociedade e somem ao orçamento municipal na construção de projetos e ações de interesse público e social.
A cidade passou por um turbulento período político como avalia as consequências para a Capital?
As consequências foram desastrosas. Diante de tanta corrupção, de tanta incompetência, as pessoas passaram a encarar a política como algo negativo. Temos que resgatar a confiança da sociedade e isso só se faz com transparência, com dignidade, com respeito e eficiência. Tenho mais de 30 anos de vida pública e nunca o meu nome esteve envolvido em escândalos, em falcatruas. Sou filiado ao PPS há mais de três décadas, um partido decente, que ficou de fora de todos os escândalos de corrupção que enlamearam nosso município, nosso estado e nosso país nos últimos anos.
Qual seu diferencial para tornar-se prefeito de Campo Grande?
Mais do que um bom gestor, Campo Grande precisa de um bom articulador. Um prefeito precisa ter a capacidade de conversar com todos, de criar pontes entre as pessoas e instituições, de ser um facilitador para o desenvolvimento social e econômico. Não há mais espaço para os destruidores de pontes, para os salvadores da pátria, para os políticos de plástico. Campo Grande pede um prefeito antenado com as novas formas de governar, pronto a implementar uma gestão democrática e moderna. Estou preparado para isso.