Julgamento de Cristhiano Luna de Almeida, acusado de matar o segurança Jefferson Bruno Gomes Escobar, o “Brunão”, a socos e pontapés, começou às 8h desta sexta-feira (24) e deverá acabar por volta das 15h. O caso é considerado complexo pelo juiz Aluízio Pereira dos Santos, titular da 2ª Vara do Tribunal do Júri e responsável pela instrução do processo.
O julgamento é conduzido pelo juiz substituto Luiz Daniel Raimundo da Mata. Os jurados foram escolhidos e acusação e defesa já se manifestaram. O réu apresentou depoimento alegando que não teve qualquer intensão de atacar e agredir o segurança. Luna alega que toda confusão começou porque ele fez gracinha, passando a mão no garçom e, decorrente da brincadeira, seguranças se uniram para tirar o agressor da boate Valley Pub. “Quando eu saí, eu queria ir embora, mas eles ficaram me puxando. Brunão me agarrou pela camisa e ela foi rasgada”, disse Luna.
À época, praticante de jiu-jitsu, Luna alega que começou a se debater depois de ser agarrado por trás por Brunão. Com a luta corporal, ainda de acordo com depoimento de Luna, ambos caíram sobre meio-fio. Em seguida, o rapaz alega que foi embora, deixando a vítima no chão.
Na mesma noite, Luna se entregou à polícia. “Não imaginava que tinha acontecido alguma coisa. Fiquei sabendo na delegacia que ele havia morrido”, declarou Luna.
O crime ocorreu em março de 2011 e o acusado estava respondendo em liberdade. Luna declarou que, atualmente, estava trabalhando com confeitaria, vendendo bolos e participando de retiros religiosos. Apesar de negar que utilizou de golpes de jiu-jitsu contra Brunão, era lutador graduado à faixa-roxa.
Esse é o terceiro caso de agressão que o criminoso está envolvido, o primeiro foi quando ele tinha, aproximadamente, 17 anos. Na ocasião, Luna teria agredido colega de faculdade, do curso de Direito, e acabou sendo suspenso do curso.
Outro caso foi publicado pelo Portal Correio do Estado, na tarde de ontem (23). Luna já foi condenado a dois anos e seis meses de prisão por espancar o jovem Rafael de Freitas Mecchi, na época com 22 anos, em show no Parque de Exposições de Campo Grande, no ano de 2009. A morte de Brunão foi em 2011.
Incialmente o julgamento do réu estava marcado para o dia 12 de agosto de 2011, mas a defesa recorreu ao TJMS, buscando afastar as qualificadoras de “motivo fútil” e o “recurso que dificultou a defesa da vítima”. Por maioria de votos, os desembargadores decidiram manter as qualificadoras.
Insatisfeito com a decisão, Luna, por meio dos seus advogados, recorreu novamente ao Tribunal de Justiça e, desta vez, foi dado provimento ao recurso. Agora o acusado está sendo julgado por homicídio simples. Se condenado, poderá pegar uma pena que varia de seis a 20 anos.
JULGAMENTO
O julgamento começou às 8h no Fórum de Campo Grande e além da sala do Júri, foi disponibilizado outro plenário para acomodar acadêmicos de Direito. Os dois plenários estavam lotados.
De acordo com o juiz responsável pelo processo, Aluízio Pereira dos Santos, Luna só está sendo julgado porque foi preso por ter infringindo medidas restritivas ao ser flagrado em bar da Capital, em junho deste ano, ingerindo bebida alcóolica. “Se ele não fosse preso, o caso ia se arrastar por mais de dez anos”, disse o magistrado.
Depois de seis meses do crime, marcaram julgamento, porém, foi adiado em razão de recurso proposto pela defesa. “Houveram sucessões de recursos que atrasaram demais o processo. Só no Superior Tribunal de Justiça (STF) ficou por quase seis anos”, finalizou o juiz.