Funcionária de Centro de Educação Infantil (Ceinf), do bairro Tijuca II em Campo Grande, gravou vídeo para denunciar outra servidora que maltratava crianças e, ao invés, de ter a atitude aprovada, Iara Freitas da Silva, de 35 anos, acabou demitida.
Iara trabalhava na prefeitura por meio de contrato com a Seleta, organização não-governamental que atua na contratação de funcionários.
“Estou muito decepcionada porque não quis prejudicar ninguém. Eu fiz pelas crianças”, declarou Iara, explicando os motivos que a levaram a registrar em vídeo o tratamento desrespeitoso contra os meninos e meninas do Ceinf.
Nas imagens, é possível ver quando a ex-servidora, identificada apenas como Jucelma, puxa as crianças pelos pés e ainda intimida um garoto, chamando ele de “moleque”, ordenando que ele dormisse. Não foi divulgado se Jucelma era servidora concursada ou contratada pelo por meio da Seleta.
RETALIAÇÃO
Com o vídeo em mãos, a recreadora foi até a Secretaria Municipal de Educação (Semed) e pediu providências. A agressora foi demitida e a rotina de trabalho de Iara nunca mais foi a mesma.
Ela conta que logo depois da demissão de Jucelma, passou a ser destratada e ignorada por outros colegas de trabalho. Segundo a recreadora, a diretora chegou a publicar ata proibindo a utilização de celulares em sala de aula.
No fim de maio, Iara procurou novamente a Semed, solicitando transferência de Ceinf. “Estava cansada de sofrer. Não tinha vontade de trabalhar mais. Pedi transferência, ganhei demissão”, lamentou.
Para Iara, a única explicação possível para ela ter sido demitida foi o fato de ter denunciado outra funcionária. “Eu não aceito esta situação porque estou sendo injustiçada”, disse.
SINDICATO
Vice-presidente Sindicato dos Empregados em Entidades Culturais, Recreativas, de Assistência Social de Orientação e Formação Profissional no Estado de Mato Grosso do Sul (Senalba-MS), Elenir de Arruda Azevedo Leite, considerou a demissão da recreadora “inadmissível” e informou que o departamento jurídico do sindicato está à disposição de Iara caso ela tenha interesse em entrar com ação judicial por assédio moral.
OUTRO LADO
Em nota, a Prefeitura de Campo Grande respondeu que tomou conhecimento do caso da agressão em maio deste ano, por meio da diretora de outro Ceinf, e que a servidora identificada nas imagens foi imediatamente demitida.
Sobre o relato de Iara, o governo municipal respondeu que “ela não fez a denúncia à secretaria e, sim, diretamente à imprensa, dois meses após a situação ter sido resolvida”.
Conforme a nota, Iara não foi demitida em represália, mas porque “era contratada via Seleta e foi desligada da secretaria em julho de 2016, atendendo à determinação judicial”.
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