Cidades

MARCOS ROBERTO

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Família cria ONG na esperança de mudar realidade de crianças em bairro violento

A ideia é transmitir valores positivos para eles fazerem escolhas melhores

MARESSA MENDONÇA

16/10/2016 - 10h25
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Eles ainda moravam próximo ao bairro Marcos Roberto, em Campo Grande, quando começaram a se incomodar com a quantidade de pontos de venda de entorpecentes na região.

Deste desconforto, o pai Ian Carlos Gomes Lopes, de 53 anos, a mãe Marlene Paiva Lopes, 51, e filha, Aline Paiva Lopes tiveram a ideia de criar projeto social para ocupar o tempo das crianças e evitar o contato delas com as drogas. Assim surgiu, em 2014, a Missão para o Desenvolvimento Humano e Social (MUDHS).

Ian Carlos relata que, nos primeiros meses de projeto, os moradores tinham certa desconfiança por acreditarem se tratar de “politicagem”. Mas o receio durou pouco tempo e hoje já são 50 crianças e adolescentes atendidos em aulas de informática, música, inglês, artesanato, futebol e até zumba. “Agora não precisa mais chamar porque as pessoas já conhecem”, diz.

A MUDHS divide espaço com a Comunidade Evangélica Videira em que Ian Carlos é pastor, mas, ele ressalta que o foco do projeto não é evangelização. “É passar valores e mostrar que eles constroem a história deles a partir do que decidem”.

OUTRAS HISTÓRIAS

Ian Carlos conta que a maioria das crianças atendidas pelo projeto são vítimas de abandono paterno e já presenciaram cenas de violência. Ainda segundo ele, são frequentes os casos em que as crianças vivenciam a rotatividade de residência.

“Mora com a mãe, depois com o tio, depois com o pai. Isso compromete a continuidade do trabalho e muitas vezes acaba em evasão escolar. A própria vida que eles levam impede eles de criarem vínculo”, lamenta.

Ainda segundo Ian Carlos, em casos mais dramáticos, algumas crianças relataram até terem tido contato indireto com as drogas. “Já disseram coisas como: ‘mamãe faz paradinha’. Nosso trabalho é uma corrida contra o tempo”, declara.

O pastor — que também é psicanalista, professor de teologia e psicologia — afirma não se impressionar com esses relatos porque trabalha na área de combate ao uso de drogas há 20 anos. “Esse mal vai alcançar a gente de um jeito ou de outro, seja com usuário na família ou com efeitos colaterais como a violência”.

DESAFIOS

A inscrição das crianças no projeto é feita pelos responsáveis. A psicóloga da MUDHS, que é filha de Ian Carlos, vai até a casa da família e faz uma entrevista com os moradores. Depois do cadastro, as crianças podem participar das atividades.

Hoje, são dez voluntários atuando no projeto e, segundo Ian Carlos, o principal desafio é encontrar pessoas capacitadas para exercerem as atividades voluntárias.

Eles já entraram com pedido de solicitação do CNPJ da MUDHS e sonham com parcerias para ofertarem cursos profissionalizantes.

Solicitar estagiários, de cursos como serviço social e pedagogia, para atuarem no projeto é outra meta.

A MUDHS fica na Avenida Sol Nascente, 193, no bairro Marcos Roberto em Campo Grande.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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