O empresário Anderson Ferreira de Souza, 35 anos, dono da Pax Anjos da Paz, nega que tenha participado do esquema de venda e falsificação de atestados de óbito, investigado pela Polícia Civil.
Preso juntamente com o dentista Marco Aurélio Dorsa, 52 anos, na manhã de hoje (18), Anderson acusa um funcionário de ter cometido a fraude.
"Toda empresa funerária tem seu laboratório e seu médico para agilizar o processo depois do óbito. Esse médico avalia o corpo e assina a certidão, assim o corpo não precisar passar pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO) e delegacia. Mas neste dia eu não estava e o funcionário contratou esse dentista sem que eu soubesse. Eu não sabia de nada disso", garante.
Ainda conforme Anderson, apesar do funcionário trabalhar há um ano na empresa, a fraude foi feita em apenas um documento.
"Ao invés de pagar R$ 300 para o médico, ele pagou R$ 100 para esse aí (dentista) e ficou com o restante do dinheiro. Eu fui rpreso porque respondo pela empresa. Mas nós sempre trabalhamos certinho, somos honestos, não precisamos disso", diz.
O empresário não quis revelar o nome do funcionário, segundo ele, para não atrapalhar o trabalho da polícia. Anderson foi solto ainda pela manhã, após passar por audiência de custódia.
O dentista Marco Aurélio Dorsa vai responder a inquérito na Polícia Civil e também a processo ético no Conselho Regional de Odontologia de Mato Grosso do Sul. A pena máxima nesse procedimento administrativo é cassação do registro.
ESQUEMA
Conforme o delegado Hoffman D'ávilla Cândido e Souza, Dorsa se passava por médico e usava carimbo falso em nome de outro profissional para emitir atestados de óbito. Por certidão, cobrava entre R$ 300 e R$ 500. Caso foi denunciado à polícia pelo médico que teve os dados usados de forma indevida.
O médico disse que recebeu ligação de uma servidora do Serviço de Verificação de Óbito (SVO), por conta de inconformidades no preenchimento da declaração de óbito de uma mulher.
Ao verificar, ele descobriu que seu carimbo havia sido usado falsamente por terceiros e, por este motivo, procurou a polícia. Os agentes funerários responsáveis pelo plantão na ocasião foram acionados pelos investigadores para prestar esclarecimentos.
Segundo o delegado, esquema pode ter sido usado para encobrir crimes, como por exemplo, vítimas que tenham sido assassinadas e a certidão de óbito conste como morte natural.
Outra hipótese é que tenham sido falsificados atestados de óbito de criminosos que estão vivos. Todas as hipóteses serão investigadas pela Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários (Dedfaz).