Thiago Nunes Cance, dono da casa noturna Move Club e da antiga Wood´s, em Campo Grande, prestou depoimento na tarde de hoje, na sede da Polícia Federal, na Capital. Acompanhado do advogado Fábio de Melo Ferraz, o empresário chegou ao local às 14h e saiu pelas portas dos fundos do prédio pouco antes das 15h.
De acordo com a PF, a oitiva durou cerca de 40 minutos. Thiago é investigado na 35ª fase da Operação Lava Jato, a Operação Omertà, deflagrada na segunda-feira, 26, para cumprir mandados na Bahia, Mato Grosso, Brasília, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Sem dar mais detalhes do conteúdo do depoimento, assessoria de comunicação da PF relatou que o documento será encaminhado para a superintendência de Curitiba, para ser anexado ao inquérito em andamento, junto com o material arrecadado durante busca e apreensão realizada ainda na segunda-feira.
O mandado de condução coercitiva estava previsto para ser cumprido na segunda-feira, contra Cance, porém, os policiais federais não o localizaram. Informações extraoficiais apontam que o empresário não estava na Capital.
INVESTIGAÇÃO
O empresário teria recebido dinheiro proveniente de propina em contrato da Odebrecht com a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento S/A (Sanasa) de Campinas, que tem como ex-diretor Aurélio Cance Júnior, pai de Thiago.
O pai de Cance integrou a chamada "República de Mato Grosso do Sul", que envolvia três pessoas do Estado em esquema de corrupção na prefeitura de Campinas. Operação Lava Jato quer saber se o empresário de Campo Grande recebeu dinheiro de propina paga pela empreiteira Odebrecht, já que planilhas da empresa indicaram o nome de Thiago no pagamento de valores possivelmente ilícitos.
A apuração indicou que Cance viajava para São Paulo e hospedava-se em hotel para receber o dinheiro. Foram identificados pelo menos três viagens em 2010.
Além do filho do ex-diretor da Sanasa, materiais foram recolhidos em cumprimento a mandado de busca e apreensão realizado na segunda-feira, também em Campo Grande.