Flagrado no aeroporto do Rio de Janeiro um dia após ser nomeado para cargo em comissão na Prefeitura de Campo Grande, Dácio Corrêa Piedade pediu exoneração. Ele encaminhou uma carta ao prefeito Marcos Trad (PSD) para oficializar o pedido. (veja na íntegra no fim da reportagem)
Ontem, uma campo-grandense que estava em voo com destino à capital carioca estranhou o fato de Dácio atender ligação e dizer, por telefone, que estava em Campo Grande. A situação chegou a imprensa e o caso repercutiu na cidade.
Em nota, Corrêa havia dito que estava no Rio de Janeiro para fazer credenciamento de cobertura do Carnaval. Porém, o Correio do Estado apurou que esse pedido não é presencial; o processo é feito por email e a retirada da credencial pode ser feita até um dia antes do evento. No calendário, o primeiro será a apresentação das escolas de acesso dos grupos A e B, na sexta-feira (24).
NOMEADO
Dácio foi nomeado para o cargo de assessor-executivo I, símbolo DCA-2, nomenclatura dos designados com salário mensal de R$ 8 mil. Na publicação do Diário Oficial é dito que a nomeação de tem efeito a partir do dia 2 de janeiro de 2017.
Prédio reformado há três anos, atribuído ao ex-assessor, foi ponto de drogas no Bairro Estrela do Sul e passou a sediar atividades culturais, esportivas e de geração de renda gratuitas.
O espaço denominado João Pereira Guedes, o Picolé, está localizado na Rua Heráclito Diniz de Figueiredo e atende em média 250 pessoas, entre crianças e idosos. Informações sobre cursos na unidade podem ser obtidas pelo telefone 3314-3706.
Veja na íntegra o comunicado encaminhado ao prefeito:
senhor prefeito Marquinhos Trad,
Diante da repercussão decorrente de viagem que fiz na última terça-feira, 21, para confirmar minha participação no Carnaval 2017 na cidade do Rio de Janeiro me vejo, por dever moral e funcional, solicitar meu afastamento do cargo para o qual fui nomeado recentemente para administrar o Instituto Picolé, evitando maiores repercussões para a prefeitura municipal.
Tenho a esclarecer que, como profissional de imprensa, venho há mais de trinta e cinco anos desenvolvendo essa atividade, sempre com meus próprios recursos, ressaltando que sou o único representante oficial de Mato Grosso Sul neste grande evento mundial.
Desde janeiro deste ano, pela primeira vez, tenho atuado como servidor público, sempre de maneira digna e correta, auxiliando o prefeito Marquinhos Trad a fazer de Campo Grande um lugar melhor para se viver.
O meu deslocamento para o Rio de Janeiro deu-se de maneira repentina diante de um comunicado oficial da Rio-Tur, ao qual eu tinha prazo de 48 horas para fazer credenciamento pessoal e intransferível.
Reconheço que por ser uma figura pública deveria ter comunicado o fato aos meus superiores, não avaliando adequadamente as conseqüências políticas que poderiam advir com a divulgação de um gesto individual sem nenhuma correlação com qualquer tipo de ato ilícito em meu trabalho.
Diante disso, peço humildes desculpas a toda sociedade campo-grandense, com a certeza de que saio desse episódio de cabeça erguida e com a grandeza do dever cumprido.
Atenciosamente,
Dácio Corrêa