Cidades

MEIO AMBIENTE

Produzir água na Capital transforma-se
em saída para evitar colapso

Salas de aula tem papel decisivo no despertar da consciência ambiental

KLEBER CLAJUS

30/09/2016 - 17h05
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Produzir água passou a ser uma medida necessária em Campo Grande. Isso é possível com a intervenção de produtores rurais, que têm sido cobrados e recompensados financeiramente, há três anos, por preservar o potencial hídrico das áreas de proteção do Guariroba e Lageado.

Destes locais é drenada a maior parte dos 150 litros de água, em média, consumidos diariamente por cada um que mora em Campo Grande.  Escolas e órgãos públicos, por sua vez, mantêm projetos para evitar o desperdício e se adequar à expansão da rede de esgoto. 

Implantado depois de inquérito civil do Ministério Público Estadual (MPE), o Programa Manancial Vivo conta com investimento superior a R$ 3 milhões. Financiado pela Agência Nacional de Águas (ANA) e a Prefeitura de Campo Grande, este remunera produtores rurais voluntários que prestam serviços ambientais na Bacia do Córrego Guariroba.

Um dos resultados desse projeto é a volta de animais nativos, como as araras canindé, que retomam à região por conta do reequilíbrio ecológico promovido pelos “produtores da água”.

Ninhos ainda artificiais, monitorados pelo Instituto Arara Azul, reforçam que a recomposição da vegetação não apenas melhora a infiltração da água no solo, como tem recuperado a biodiversidade no entorno do sistema de captação e tratamento da água que abastece o município.

A concessionária Águas Guariroba, inclusive, produz anualmente até 50 mil mudas em viveiro para colaborar no processo. 

ECONOMIA NECESSÁRIA

Paralelo a isso, é preciso manter parcimônia no consumo antes que as torneiras sequem. O Distrito Federal, por exemplo, possui reservatórios em nível crítico por conta das alterações climáticas e falta dessa consciência de economia.

Por aqui, o consumo não é talvez o mais racional também. Gasta-se 36,3% mais do que os 110 litros de água recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Uma das vilãs nesse desperdício é mangueira de jardim, utilizada na limpeza de áreas externas ou mesmo para limpeza do carro.

Ao mesmo, soluções para esse problema existem. Há sete anos a Escola Municipal Antônio José Paniago, no Jardim Itamaracá, armazena água da chuva para regar jardins e lavar corredores.

Duas caixas de sete mil litros foram instaladas, conforme a diretora Maria Lúcia de Fátima, depois que alunos do 9º ano fizeram estudo de consumo no bairro.

Em 2009, projeto escolar motivou construção de estrutura para reuso da água da chuva - Foto: Denilson Secreta/PMCG/Arquivo“Isso foi trabalhado em sala de aula e eles fizeram cartazes e maquetes sobre reuso da água. Daí fomos atrás de parceiros para construir um sistema de verdade”, relembrou a gestora escolar.

“Conseguimos apoio da Secretaria de Meio Ambiente e recurso [de R$ 15 mil] da construtora Plaenge. Alguns pais replicaram a ideia em casa e saímos da lista das unidades que mais gastavam água na época. Agora, somos referência”.

Lei sancionada no município, em maio, prevê que outras escolas instalem reservatórios semelhantes destinados à irrigação de jardins, cultivo de hortaliças, limpeza das salas de aula e descarga dos banheiros.

Há, nesse caso, autorização para financiamento por convênio com universidades, entidades nacionais e estrangeiras.

USO RESPONSÁVEL

Quem exige o cumprimento das leis também precisa dar exemplo. Arquiteto e diretor do departamento de projetos da Secretaria de Obras do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul (TJMS), Daniel Felipe Hendges, pontuou que mudanças vêm sendo implementadas há dez anos nos prédios da instituição.

Torneiras automáticas e descargas com duplo acionamento tem sido o primeiro passo nas adequações, de acordo com o arquiteto especializado em construções sustentáveis.  

A sede do TJMS conta com dois reservatórios de 11 mil litros que captam água da chuva, sendo modelos mais modestos implementados nas novas construções de comarcas.

O uso desse recurso, ainda que com menor pressão do que a rede regular de abastecimento, costuma ser incentivado entre as equipes de limpeza e conservação do Judiciário. 

DESTINAÇÃO ADEQUADA

“Sustentabilidade não é só cuidar de economia da água, mas se não dou destino correto ao esgoto nada do que eu fizer de preservação terá efeito”, alertou o coordenador de projetos sociais da Águas Guariroba, Willian Carvalho, diante da necessidade de se conectar os imóveis à rede de coleta e tratamento de esgoto.

Ao menos 82% das residências, conforme a concessionária, estão conectadas ao sistema que possui por meta a universalização do serviço até 2025.

Somente a terceira etapa do Programa Sanear Morena deve consumir R$ 636 milhões, tendo as salas de aula novamente como suporte na formação do cidadão para uso adequado da rede.

Em 2010, o professor de física e matemática Alexandre Piloto foi premiado por utilizar com os alunos os conceitos de saneamento básico na Escola Municipal Heitor Castoldi, na Vila Nhá Nhá.

O gatilho foi a campanha da SOS Mata Atlântica, batizada de Xixi no Banho, para que fossem poupados 12 litros de água ao se economizar uma descarga por dia.

Lecionando atualmente na Escola Municipal Marina Couto Forte, no Bairro Guanandi, Alexandre Piloto ampliou a abordagem para o tratamento do lixo e esgoto.

“Pode-se tratar do tema em qualquer disciplina. Na Educação Física, por exemplo, incentivando as crianças a prática de exercícios em áreas limpas, ajudando na coleta seletiva e orientando os pais sobre o risco de poluição do lençol freático pelas fossas”, contou.

Dois projetos reforçam ainda essa consciência com o meio ambiente. No Saúde Nota 10, que atendeu mais de 150 mil alunos, crianças e adolescentes são treinados quanto ao ciclo da água.

Já no Sanear é Viver, voltado aos profissionais da educação, são premiados os melhores planos de aula sobre a temática, depois de visitas e palestras às instalações da concessionária de água e esgoto.

Desde 2010, ao menos 800 professores foram capacitados como Alexandre Piloto, que agora orienta seu colega Jânio Costa a incentivar as futuras gerações a serem mais sustentáveis.

Dá para notar que a semente da "produção da água" está plantada. Precisa agora germinar e dar frutos para haver mais conscientização e melhor uso.

Fórum Criminal

Adriane doa terreno de R$ 13,4 milhões ao Tribunal de Justiça

Imóvel, de 5,5 mil metros quadrados, está localizado na esquina da rua Barão do Rio Branco com a Bahia, onde funciona o Batalhão de Trânsito

17/12/2025 19h00

Polícia de Trânsito será

Polícia de Trânsito será "despejada" do endereço onde funciona há cerca de duas décadas para dar lugar ao Fórum Criminal Gerson Oliveira

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A prefeitura de Campo Grande oficializou nesta quarta-feira (17) a doação de um terreno de 5,59 mil metros quadrados, avaliado em R$ 13.489.788,28, para o Governo do Estado. No local, esquina das ruas Barão do Rio Branco com a Bahia, será construído o Fórum Criminal. 

No terreno que ainda pertencia à prefeitura funciona, há cerca de duas décadas, o Batalhão de Trânsito da Polícia Militar, que terá de ser transferido para novo endereço assim que as obras começarem, possivelmente no próximo ano. O novo local ainda não foi definido.

O terreno, onde até o final do século passado estava instalado o Dersul (Agesul), tem 12,22 mil metros quadrados. E como somente parte foi doada, os orgãos da saúde municipal e estadual continuarão no mesmo endereço. 

A aprovação da doação terreno ocorreu no último dia 10, em meio à resistência de parte dos vereadores, já que entendiam que a prefeitura, em crise financeira, deveria vender o imóvel. Porém, a proposta da prefeita Adriane Lopes acabou obtendo o número de votos necessário para a doação.  

Conforme a previsão do Tribunal de Justiça, para o novo prédio serão transferidas as seis varas criminais e as duas do tribunal do júri. Entre as propostas está a construção de auditórios maiores para acomodar a platéia durante estes julgamentos. 

Até a conclusão da obra serão necessários em torno de R$ 100 milhões. Porém, no orçamento do próximo ano o Tribunal de Justiça destinou apenas R$ 1.635.000,00, valor que deve ser suficiente apenas para bancar os trabalhos iniciais de elaboração do projeto executivo do novo prédio, a não ser que o Executivo banque os custos da construção. 

A prioridade do TJ,  por enquanto, é a construção do anexo e refeitório do prédio do gabinete dos desembargadores. Para este projeto estão sendo destinados R$ 8,9 milhões na proposta orçamentária do próximo ano do TJMS.

Um dos argumentos utilizados pelo presidente do Tribunal,  Dorival Renato Pavan, é de que o prédio atual do fórum de Campo Grande, inaugurado no final de 2022, ficou pequeno para abrigar juízes, servidores, advogados e usuários dos serviços do Judiciário. 

Além disso, argumenta o magistrado, é necessário separar as varas cíveis das criminais para garantir maior seguranças às milhares de pessoas que diariamente entram e saem do prédio. 

Para aliviar esta suposta superlotação, já está sendo construído  o Fórum da Mulher, da Criança e do Idoso, ao lado da Casa da Mulher Brasileira, nas imediações do aeroporto internacional de Campo Grande. O investimento inicial é de R$ 10 milhões.

A construção do fórum atual se arrastou ao longo de nove anos, com alguns períodos de interrupção total  dos trabalhos. Ele tem 21,7 mil metros quadrados de área construída substituiu o fórum que antes funcionava na Fernando Corrêa da Costa. 

Conforme a previsão, o novo prédio terá menos da metade do tamano, da ordem de 11 mil metros quadrados. Porém, também não sairá do papel de um dia para o outro. A previsão é de que a obra se arraste por até cinco anos, se houver disponibilidade de recursos. 
 

Cidades

Em meio a greve, vereador sugere regulamentação de vans como transporte coletivo

Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a proposta que prevê as vans como uma alternativa para a população

17/12/2025 18h55

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

Beto Avelar (PP), vereador de Campo Grande

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Diante do paralisação dos ônibus que Campo Grande vive nos últimos dias, o Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul determinou a intervenção da Prefeitura Municipal na gestão do Consórcio Guaicurus. Com esse cenário, o vereador Beto Avelar (PP) prepara um pedido para que o Executivo autorize, de forma emergencial e provisória, a regulamentação do uso de vans como alternativa de transporte. 

"Campo Grande não pode parar. Uma capital desse porte não pode ficar sem transporte coletivo nem por um único dia. O transporte de vans é uma alternativa que é sugerida com recorrência. E, agora, diante da emergência da greve, uma solução provisória para milhares de passageiros que dependem do ônibus, mas que não contam com o serviço neste momento", destacou o parlamentar.

Para o vereador, a medida judicial confirma que a crise no sistema não é pontual, mas resultado de falhas graves e recorrentes. 

"O que foi decidido mostra que o problema é estrutural e exige providências imediatas. A população não pode continuar sendo penalizada. Quando não é pelo alto preço da passagem ou pela má qualidade dos ônibus, o Consórcio provoca situações como uma greve. Além disso, de maneira recorrente, acusa a Prefeitura pelo não pagamento de repasses, mesmo quando a Prefeitura promove a isenção de impostos ou efetua o repasse. Sem falar no descaso com os próprios trabalhadores do Consórcio que alegam estar sem pagamento", afirmou.

Decisão da Justiça

A decisão determina que, em até 30 dias, o Município instaure um processo administrativo de intervenção no contrato com o Consórcio, além de nomear um interventor e apresentar um plano de ação com cronograma para a regularização da situação do Transporte Urbano, sob pena de multa diária de R$ 300 mil. 

A Tutela de Urgência foi deferida pelo juiz Eduardo Lacerda Trevisan, na ação ajuizada pelo advogado e ex-candidato a prefeito Luso Queiroz (PT) em desfavor da Agência Municipal de Regulação dos Serviços Públicos (Agereg), Agência Municipal de Transportes e Trânsito (Agetran), Consórcio Guaicurus SA e Município de Campo Grande. 

Outra alternativa

O vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) reforçou que, para melhorar o serviço, é necessário pensar em novos modelos de transporte público, além de novas formas de gestão que possam garantir um sistema mais ágil e eficiente.

Para ele, a implementação do VLT (veículo leve sobre trilho) poderia aliviar o trânsito, diminuir a poluição e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. 

Além disso, Ronilço sugeriu que o município busque novos recursos e parcerias para financiar melhorias no transporte coletivo, como a captação de investimentos por meio de instituições financeiras internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).

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