Depois que a reportagem do Portal Correio do Estado publicou matéria, na semana passada, contando o drama de Fabiano Ferreira, de 36 anos, que se arrasta por cinco anos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS), na tentativa de conseguir um balão gástrico para conseguir perder peso e ser submetido a cirurgia da perna direita, diversas pessoas procuraram o confeiteiro na intenção de ajudá-lo a acelerar o processo.
O advogado Rafael Dauria, que, sensibilizado com as condições de saúde do homem, pegou a causa gratuitamente e vai acionar a Justiça para que o problema seja resolvido o mais breve possível. “O que me chamou a atenção é que o rapaz aguarda desde 2011 na fila do SUS. Resolvi ajudar porque, para mim, que estou nesse meio, é simples de resolver. Eu não tenho custo, e fora que é gratificante”, contou o advogado.
Para acertar os detalhes de como tudo iria proceder, Rafael foi conhecer Fabiano pessoalmente. “Estive lá e vi que ele é uma boa pessoa, daí que tive mais vontade de ajudá-lo”, descreveu Dauria. Ao Portal Correio do Estado o advogado explicou que, na tarde de hoje, daria entrada em medida judicial com pedido tutela de urgência. “É uma espécie de uma liminar que pedimos para agilizar o procedimento, pois a situação dele é muito grave”, ponderou.
Conforme o advogado, a situação de Fabiano chegou neste estado porque ele não tem condições de perder peso se não colocar o balão gástrico. “Provavelmente essa semana vamos pedir para o juiz agilizar essa urgência. Posteriormente eles vão enviar para equipe multidisciplinar avaliar o caso dele, que não demanda apenas de cirurgia gástrica. A questão dele depende de tratamento psicológico com profissional adequado, tratamento com nutricionista. Essa série de fatores será analisada pelo juiz. Vamos correr contra o tempo porque o judiciário entra em recesso na sexta-feira, 16”, destacou.
Em parceria com Rafael, o médico endoscopista, Thiago Alonso Domingos, também leu a reportagem e se sensibilizou com o caso do confeiteiro. “Eu olhei no celular e cliquei, pois me chamou atenção, já que é um assunto que estou acostumado. Me sensibilizei, entrei em contato com o número de telefone que tinha na reportagem e o próprio Fabiano atendeu. Então ele me contou que o advogado Rafael estava ajudando-o, entrei em contato com ele e me dispus a realizar o procedimento em Fabiano”, relatou o médico.
Thiago vai implantar em Fabiano o balão gástrico, porém, precisa do local e dos materiais em mãos. “Emiti hoje um documento para Rafael saber os materiais que temos que pedir. Também já dei entrada na Santa Casa para ver se conseguimos um espaço para fazer o tratamento de Fabiano, pois, no caso dele, deve ser feito dentro de um hospital”, reforçou.
“Assim que a Santa Casa ceder o espaço e assim que chegar o material, podemos realizar o tratamento. Tem todo um processo a seguir, estamos iniciando esse processo, acredito que em janeiro, se tudo der certo, vamos conseguir implantar o balão gástrico”, afirmou Domingos.
O CASO
Há aproximadamente um mês sem conseguir permanecer por mais de 15 minutos em pé ou sentado, Fabiano Ferreira, de 36 anos, que há seis descobriu que sofre de erisipela - doença infecciosa aguda, caracterizada por uma inflamação da pele, aguarda há cinco anos na fila do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar a cirurgia do estômago, consequentemente perder peso e, então, poder operar a perna afetada.
Por conta do inchaço e das crises que a doença desencadeia, como dor de cabeça, febre, náusea e dor na perna, o confeiteiro, que hoje pesa 300 quilos, por orientação médica parou de trabalhar, passa a maior parte do dia deitado e depende da mãe, a dona de casa Izildinha Ferreira, de 61 anos, para desempenhar algumas tarefas.
As refeições são elaboradas pela mãe, que leva o alimento congelado ao filho, que mora sozinho no Bairro Los Angeles, em Campo Grande. Há dois anos, Fabiano descobriu que sofre de hipotireoidismo - disfunção na tireoide, glândula que regula importantes órgãos do organismo, que se caracteriza pela queda na produção dos hormônios T3 (triiodotironina) e T4 (tiroxina).
Conforme ele, todas as vezes que pergunta sobre o andamento do processo da cirurgia, o SUS fala que perdeu a documentação. “Quando vou tentar saber sobre previsão de ser operado, o SUS alega que não estou na fila e fazem o cadastro novamente. Isso já aconteceu cinco vezes”.
Indignado com o descaso do serviço público de saúde, Fabiano vê como uma das alternativas, comprar o balão gástrico, que custa entre R$ 10 mil e R$ 12 mil. “Não temos condições de comprar, por isso precisamos de ajuda. Com o balão em mãos levamos para um médico apto colocá-lo”.