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Campo Grande 117 anos: Novas paisagens nas caminhadas do dia a dia

Carteiro trabalha há 22 anos percorrendo as ruas da cidade

GLAUCEA VACCARI

26/08/2016 - 07h00
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No dia a dia, histórias de superação e conquistas são construídas em Campo Grande.  Em comemoração ao aniversário de 117 anos da cidade, a edição do Jornal Correio do Estado apresenta aos leitores trajetórias pessoais de campo-grandenses natos ou de coração, que estão entrelaçadas com peculiaridades da Cidade Morena.  Algumas histórias serão publicadas no decorrer do dia no Portal Correio do Estado.

Assim como quase metade da população de Campo Grande, o carteiro Gilmar Alves Moreira, 57 anos, é natural de outro estado do Brasil e escolheu a capital sul-mato-grossense para morar há 27 anos. Além de adotar o município como cidade do coração, Moreira teve a oportunidade que muitas pessoas nascidas aqui não têm: acompanhar no dia- a- dia o desenvolvimento da cidade. Isso aconteceu por conta da profissão de Gilmar. Carteiro há 22 anos, de segunda a sexta-feira, ele percorre vários quilômetros a pé pela cidade.

Nem ele sabe precisar a distância percorrida, mas, com essa tarefa diária já pôde conhecer diferentes bairros da cidade, incluindo lugares que são ignorados pela maioria da população. 

Em seu trajeto diário, são quatro horas andando pela região central e, entre os locais, a principal avenida de Campo Grande, a Afonso Pena.

Desde que começou o trabalho, Moreira afirma que as mudanças foram muitas e, para quem não está atento às pequenas alterações entre os anos, a Capital parece outra cidade.

“Nesse período de 22 anos [que trabalha como carteiro], a cidade mudou bastante. O tempo em que eu estou aqui, se eu tivesse saído, vamos supor: eu cheguei em 1989, se ficasse aqui dois anos, fosse embora, ficasse dois ou mais anos fora e voltasse, não reconheceria mais”, disse.

Segundo ele, as mudanças foram acontecendo progressivamente. “Os bairros cresceram bastante, a infraestrutura, o comércio. Quando eu comecei nos Correios, os bancos eram localizados praticamente na área central, era muito difícil agências bancárias em bairros. Hoje, tem agência bancária e comércio em tudo que é lugar”.

As principais modificações, no entanto, foram observadas por Moreira no centro da cidade, trecho no qual é responsável pela entrega das correspondências.

“No Centro, o crescimento foi vertical. Não tinha mais como expandir a cidade e ela expandiu verticalmente. Surgiram muitos prédios, muitas casas antigas foram demolidas e construíram muitos edifícios comerciais”, diz, acrescentando que a arquitetura mudou significativamente.

Além de acompanhar mudanças relacionadas à infraestrutura, Moreira também destaca a hospitalidade do campo-grandense e o bom relacionamento com a população, afirmando que fez muitos amigos com as “andanças” pela cidade.

“Na rua, somos muito bem tratados e bem recebidos em qualquer lugar. As pessoas nos recebem bem, nos tratam bem. O carteiro é muito bem quisto. Fiz muitos amigos nas casas e isso é muito gratificante”, disse. A má recepção fica apenas por conta dos cachorros. “Já fui mordido, mas isso é uma espécie de batismo dos carteiros”, brincou.

MIGRAÇÃO

Gilmar Moreira nasceu no Paraná. Mudou-se para São Paulo, onde morou por vários anos, até que decidiu vir para Campo Grande, a convite do irmão.

“Em São Paulo, estava muito difícil para mim o preço da moradia. Meu irmão já morava aqui e me chamou. Acabei vindo e me adaptei bem. Aqui consegui comprar minha casa, consegui um emprego e tudo mais”, afirma.

Depois dele, outros dois irmãos também adotaram Campo Grande e se mudaram para cá. Apenas um continua em São Paulo.

Eles fazem parte de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontam que 47% da população que mora na cidade é natural de outros estados, de outros países ou de cidades do interior de Mato Grosso do Sul.

DESENVOLVIMENTO

No período de 27 anos, desde que Gilmar chegou, Campo Grande passou por diversas mudanças.

No centro da cidade, área que Gilmar percorre quase diariamente, a Afonso Pena ganhou canteiro novo, com ciclovia e sem os famosos carrinhos de lanche que tomavam conta dos espaços à noite. A Praça Ary Coelho passou por revitalização, sendo cercada com grades e com horário de funcionamento para maior segurança da população.

Além disso, Moreira pôde acompanhar também desde a fundação do Centro Comercial Popular, o Camelódromo, em 1998, com barracas de lona, até sua reforma em 2005, com espaços cobertos.

Réplica do relógio central foi implantada na esquina das avenidas Afonso Pena e Calógeras, no ano 2000. Ele foi originalmente construído na Afonso Pena com a Rua 14 de Julho e foi demolido em 1970.

Além disso, como já citado, Moreira acompanhou diversas mudanças, sendo as principais as relacionadas ao crescimento de bairros e prédios, do comércio e até o crescimento populacional, de áreas que antes não eram habitadas e agora estão tomadas por construções.

A expectativa é de continuar trabalhando nos Correios até a aposentadoria ou até quando “a empresa quiser”. Dessa forma, ele ainda pretende andar muitos quilômetros na Capital, fazendo seu trabalho ao mesmo tempo em que conhece mais pessoas e lugares da Cidade Morena.

Cidades

Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Cidades

Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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