Instituto Butantan voltou a negar o envio de doses a menos para campanha de vacinação contra a gripe em Campo Grande e atribuiu a falta de vacinas a profissionais mal treinados, que podem ter desperdiçado doses. Vide-diretor do instituto, Marcelo de Franco, foi ouvido hoje pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Vacinas na Câmara Municipal, que investiga o sumiço de cerca de três mil doses de vacinas.
Franco desmentiu informação da prefeitura de que foram enviadas poucas doses e afirmou que todos os frascos tem o suficiente para vacinar 10 pessoas adultas, mas que depende do treinamento do profissional para conseguir retirar a quantia exata sem desperdiçar conteúdo das ampolas.
“Isso acontece com muita frequência, de as pessoa não conseguirem tirar as doses. O enfermeiro que faz a injeção, às vezes não consegue retirar com precisão o 0,5 ml. Às vezes sai um pouco mais, ou um pouco menos, isso pode acontecer. Se a pessoa tiver o cuidado de tirar e for bem treinada, ela consegue tirar as 10 doses”, disse o vice-presidente do Butantan.
Marcelo de Franco apresentou laudo técnico do Programa Nacional de Imunização, que atesta a quantidade de doses dentro de cada frasco enviado, e garantiu que o Butantan tem controle interno e fiscaliza todos os lotes. Além disso, informou que as ampolas são produzidas com 5,5ml em média e nunca menos de 5 ml, que é a medida para 10 doses.
“A quantidade é de 5,3ml a 5,7ml por frasco, o que garante pelo menos dez doses. Às vezes 11 doses. Nunca menos. No frasco nunca tem menos que 5ml. Isso é fato”, afirmou.
Depois do vice-presidente, gerente de imunização da Secretaria Estadual de Saude (SES), Kátia Mougenot, foi ouvida pelos vereadores. Ela revelou ter recebido denúncia de que doeses de vacinas teriam sido vendidas ilegalmente em Campo Grande e afirmou que a Capital recebeu 201 mil doses de vacinas contra a gripe.
Relator da CPI, Dr. Lívio (PSDB), informou que denúncias indicam que as doses que desapareceram eram comercializadas por preços entre R$ 40 e R$ 100, o que indica que uma ampola, que tem 10 doses, poderia render até R$ 1 mil.
Gerente de imunização disse ainda que todas as doses foram repassadas e, assim como o Butantan, apontou a falta de treinamento dos enfermeiros como possível motivo de desperdício.
“Se a gente disse que repassou 80 mil doses, nós encaminhamos 80 mil doses. Na verdade, eles [município] tinham que checar ao chegar, mas isso não foi questionado. A questão da falta [de doses] que se refere é em frascagem mesmo. A capacitação dos servidores para aproveitar essas doses é responsabilidade do município”, finalizou.
CPI DAS VACINAS
Formada pelos vereadores Marcos Alex (PT), Dr. Lívio (PSDB), Vanderlei Cabeludo (PMDB), Edson Shimabukuro (PTB) e Chiquinho Telles (PSD), CPI das Vacinas foi instaurada para apurar sumiço das doses de vacina contra gripe H1N1 da rede pública de saúde de Campo Grande.
Videoconferência será feita nesta sexta-feira( 1º), às 13h, com a coordenadora do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde, Carla Domingues.
Trabalhos da CPI devem levar 120 dias.