O governador do Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), durante agenda pública, na manhã de hoje, afirmou que há criminalização da política. Segundo ele, o maior problema é que há generalização de todos os políticos que tiveram seus nomes citados em delações premiadas.
Apesar de ser a favor dos benefícios legais concedidos a réus em ação penal que aceite colaborar nas investigações criminais, bem como entregar seus companheiros, o governador classifica a maneira como as delações tem sido conduzidas, pela Justiça brasileira, como “condenação sumária”.
“Quando o delator fala e a palavra dele já se torna sentença, condenando todas as pessoas que estão abaixo daquela delação, sem dar direito à ampla defesa ao contraditório”, disse ele.
Lembrando do grupo JI&F e dos empresários, autores das delações em que envolve o nome de Azambuja, Wesley e Joesley Batista, o govenador criticou, salientando o crédito que tem sido dado aos empresários.
“Agora, a palavra do bandido fraudador não pode ser sentença para condenar as pessoas de bem e que trabalham pelo desenvolvimento do nosso Estado, do nosso município e do nosso país. Infelizmente, é isso que ocorre hoje na política brasileira”, contestou.
INVESTIGAÇÕES
As delações premiadas foram intensificadas em 2014, com o início das investigações da Operação Lava Jato.
Donos da JBS citaram acordos que fizeram com o govenador Reinaldo Azambuja e por esse motivo deputados da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul instauraram Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar possíveis fraudes na fiscalização tributária do Estado durante o governo de Azambuja e também durante o governo de André Puccinelli (PMDB). “Quem deve vai pagar pelos deslizes que foram feitos”, afirmou Azambuja.
O governador acredita também que a Justiça terá o desfecho de todas as denúncias delatadas e afirmou que a defesa será feita nas instâncias com toda a comprovação.
“Se tem uma denúncia, ninguém vai ficar incólume de se defender e se for realmente condenado, pagar a punição, devolvendo o dinheiro ao Erário, fazendo voltar o dinheiro dos recursos públicos que muitas vezes foi retirado de forma indevida. Mas nós não podemos criminalizar a política. Isso é um grande erro”, alertou.
Azambuja também fez críticas a alguns órgãos da imprensa que, segundo ele, também fariam o papel de condenar sumariamente os agentes públicos, “sem dar o direito à defesa e ao contraditório, que é prerrogativa constitucional e cabe a todo cidadão”.
“O Ministério Público (MP) está cumprindo o seu papel e o delator está fazendo a sua parte, em falar a verdade que lhe convém, mas que muitas vezes pode não ser a verdade e a veracidade dos fatos. O grande problema que vivenciamos hoje é a condenação sumária e orquestrada da classe política como um todo", disse Azambuja.
"Cada um vai pagar pelos seus atos, ninguém vai ficar incólume. O que não podemos aceitar é a criação desse ambiente de caos, o que não é verdade”, disparou.
O Legislativo está em recesso, porém na semana que vem, deputados retomam os trabalhos e, consequentemente, as investigações voltarão a acontecer.
As declarações do governador foram dadas hoje durante solenidade de inauguração da Casa Senai da Construção, em presença de autoridades, empresariado e representantes do segmento produtivo, no Bairro Coronel Antonino.