Meiryellen Pires Benites decidiu mudar radicalmente de vida um ano depois do nascimento do primeiro e único filho dela e do marido Alan Regis de Assis, que é lutador profissional de jiu-jitsu.
A mudança na história da jovem ocorreu há cinco anos, quando ela tinha 26. Com 30 quilos acima do peso, que ganhou decorrente da gestação de Valentino, resolveu que precisava emagrecer. Foi aí que tomou a atitude de começar a praticar o mesmo esporte que o marido luta em casa, já que não tinha com quem deixar o filho, que estava com um ano.
Este segundo contato com a luta fez com que ela se apaixonasse de vez pelo esporte. O primeiro foi há oito anos, quando casou com Alan.
A vida corrida e agitada de quem precisava, constantemente, bater metas no emprego e a falta de tempo para ficar com o filho fizeram com que ela deixasse o emprego. “Cheguei numa época que queria competir, viajar, mas, por trabalhar fora, não conseguia. Aí percebi que eu queria viver. O trabalho suga muito da pessoa, eu passava mais tempo fora do que dentro da minha casa. ”, explicou.
A partir deste pensamento, Meiry saiu do emprego formal que lhe proporcionava mensalmente salário certo e passou a se dedicar a academia, casa, filho, marido e vida pessoal.
Com mais tempo para ela, passou a treinar, viajar e competir profissionalmente. Como forma de ter o próprio rendimento, ela abriu, junto a academia do marido, uma loja de artigos esportivos voltados ao jiu-jitsu. “Hoje eu sou muito mais feliz sendo do lar, tenho liberdade de malhar, de treinar, criei um comércio para mim, uma maneira de poder ter o meu dinheiro, o que acho muito importante”, enfatizou.
O casal, que está junto a quase dez anos, divide, hoje, além de contas e trabalho, a paixão pela luta. O mundo das artes marciais e dos desportos de combate, sempre estiveram associados ao universo masculino. Para ela, que ajuda a administrar uma academia onde o público masculino é maior, sendo 30 homens e seis mulheres, a palavra ciúmes não faz parte do vocabulário do casal, garante.
“Dentro da academia não temos ciúmes, mas já presenciei cenas de namorados de atletas com ciúmes”. Porém, fora da academia, o casal tem um acordo. “Combinamos que não podemos tirar foto junto com atletas que admiramos”, contou.
Casada com um campeão mundial de jiu-jitsu, se engana quem imagina que os treinos são todos direcionados pelo marido. “Ele me treina 50%. Os outros 50% é o Rafael Magalhães, que cuida do meu físico e psicológico. A Meiry mulher é uma e a Meiry atleta é outra. Respondo mais aos estímulos do Rafael do que do Alan”.
Denominado coaching, Rafael é responsável por fazer com que a atleta vá além dos limites. “Já teve vezes deu chorar no tatame, sou mulher, tenho progesterona. Nossa relação é conflituosa, mas ele vai para casa dele e eu para a minha”.
A maior parte do tempo, o casal passa junto, e para que o relacionamento dê certo, Meiry destaca que é indispensável a amizade entre eles. “Nos conhecemos desde os 15 anos, existe uma sinergia muito boa entre eu e o Alan, tem gente que acha que somos irmãos. O principal do relacionamento é nossa amizade e eu sou incentivadora dele. Os planos dele vem para mim em primeiro lugar. Acho que por uma questão religiosa. Acho que a mulher é mais feliz quando ela prioriza as vontade do marido. Priorizo e apoio os objetivos dele”, informou.
Campeão Mundial e Europeu de jiu-jitsu, dentre outros títulos que somam na carreira do atleta, Alan, Meiry e Valentino seguem em junho rumo a novos horizontes. “Alan recebeu proposta de emprego para Califórnia. Queremos arriscar e aproveitar enquanto somos novos e Valentino se adapta fácil à nova rotina. O jiu-jitsu brasileiro é muito valorizado lá fora, aqui não é tanto. Alan vai dar aula lá e eu também vou trabalhar”, enfatizou a atleta de peso médio-pesado feminino.