Após trocar agressões com o líder do grupo de extermínio do Danúbio Azul, Luiz Alves Martins Filho, 50, o Nando, o lutador de jiu-jitsu Rafael Martinelli de Queiroz, de 30 anos, voltou a pedir na Justiça transferência para Araçatuba (SP).
No pedido protocolado ontem, o lutador alega que quer ficar perto da família. A defensora pública Juliana Honório afirma que há tempos a família do preso tem encontrado dificuldade para prestar-lhe auxílio, uma vez que não tem condições econômicas que permitam arcar com os custos de locomoção até Campo Grande com frequência.
"Sendo assim, sua permanência junto ao Estabelecimento Penal da Comarca de Campo Grande, certamente impossibilitará seu contato com estes entes queridos durante cumprimento de pena, o que inquestionavelmente trará efeitos contraproducentes aos ideais previstos na Lei de Execuções Penais, que considera o convívio familiar um fator de suma importância na esperada ressocialização do preso", argumenta a defesa.
Em Araçatuba moram os pais, além de esposa e filho do lutador, que nasceu quando ele já estava na cadeia. No dia 4 de julho, ele já havia pedido autorização para transferência do presídio de Campo Grande a um centro de reabilitação em São Paulo.
No entanto, o poder judiciário de Mato Grosso do Sul anexou ao processo uma certidão informando que ainda não obteve resposta do governo paulista quanto a disponibilidade de vaga.
DESCONTROLADO
No dia 18 de maio de 2015, Rafael matou o engenheiro eletricista Paulo Cezar Oliveira, 48 anos, após discussão com a namorada em hotel no centro da Capital.
O casal viajou para participar de campeonato de lutas que acontecia no ginásio do Círculo Militar. Conforme apurado, o autor saiu do quarto transtornado procurando pela namorada e batendo de porta e porta.
Paulo, sem imaginar o que poderia acontecer, abriu a porta e foi surpreendido pelo agressor, sendo espancado até a morte com golpes de cadeira.
Ele foi levado a júri popular no último dia 27 de abril, oportunidade em que foi condenado há 15 anos de prisão - pena mínima para crimes de homicídio.
Na ocasião, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida considerou o laudo que apresenta Síndrome de Borderline e, por isso, reduziu a pena em um terço, para dez anos, partindo do princípio da semi-imputabilidade. Ou seja, por conta da condição, não seria totalmente capaz de responder por seus atos.
BRIGA
Rafael e Nando trocaram agressões durante banho de sol no Complexo Penitenciário. A Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen) instaurou no dia 10 deste mês procedimento administrativo interno para apurar o caso.
Conforme registrado, os fatos ocorreram no dia 3 de outubro, durante banho de sol no pavilhão 2 do solário ala G. Por razões ainda desconhecidas, ambos trocaram socos e chutes, sendo necessária intervenção de agentes.
Apesar da infração, eles não foram encaminhados para celas disciplinares em razão dos problemas de saúde. Nando faz uso de sonda e Rafael sofre de transtornos psiquiátricos. Por isso, eles ficaram isolados em suas respectivas celas.