Aluguel acima do valor de mercado, fatos contratuais incomuns e demora para entrega de documentação. Estes são apenas alguns problemas revelados em relatório sobre o contrato de aluguel entre a Prefeitura de Campo Grande e o empresário Mafuci Kadri, dono do prédio do antigo Sírio Libanês, que hoje abriga o Centro Municipal Pediátrico. O aluguel do local chegou a ser avaliado em R$ 130 mil por mês, mas, atualmente, o município paga R$ 194 mil.
Depois de pouco mais de dois meses, a administração municipal entregou todos os documentos relativos ao aluguel para a Câmara Municipal, documentação que o Correio do Estado teve acesso com exclusividade. Logo de cara, todo o relatório, assinado pelo Procurador-Geral do Município, Fábio Castro Leandro, há incoerências com o valor pago de aluguel ao empresário Mafuci Kadri. Todo o processo contratual, que começou a ser feito em junho deste ano, tinha como aluguel o valor de R$ 250 mil, com duração de 12 meses, prorrogável por outros 60.
Um mês depois, e após receber avaliações de mercado, o prefeito Gilmar Olarte assina o contrato de aluguel, no valor de R$ 194,1 mil, com mesmo período de vigência e possíveis prorrogações, o qual pode ser reajustado anualmente, tendo como base o Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M) da Facukdade Getúlio Vargas. Pode até parecer uma ótima economia, porém, o montante ainda está muito acima do que foi apresentado ao município. Lembrando que todo o processo foi realizado sem licitação.
Logo após a assinatura, o Ministério Público Estadual entra com ação pedindo explicações sobre os valores. Hoje, com o acesso a toda documentação, é confirmado o fato de o aluguel estar acima do valor do mercado. De acordo com as avaliações recebidas pelo município, o aluguel deveria ser bem menor. Laudo assinado pelo arquiteto Cláudio Yashuaki Nakazano, da própria Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente (Semadur), orientou a prefeitura a pagar R$ 130 mil a cada 30 dias. Outro a apontar valor bem abaixo do que foi fechado foi avaliação da Câmara de Valores Imobiliários, que orientou o pagamento de R$ 140 mil ao mês.
A reportagem, de Vinicius Squinelo, está na edição de hoje (17) do jornal Correio do Estado.