Cidades

Ouro de Ofir

A+ A-

A partir de Campo Grande, Company
fez mais de 25 mil vítimas no País

Celso Eder de Araújo, Sidney Anjos Peró e Anderson Flores foram presos

RENAN NUCCI e MARESSA MENDONÇA

21/11/2017 - 11h30
Continue lendo...

Envolvida em estelionato, falsidade ideológica e fraude no sistema financeiro, a Company Consultoria Empresarial Eireli, instituição clandestina localizada em Campo Grande, fez mais de 25 mil vítimas em todo o País.

A organização criminosa se valia da falsa redistribuição de comissões das vendas de uma mina de ouro explorada há décadas, para induzir investimentos em dinheiro, oferecendo lucros exorbitantes de até 1.000 %.

O esquema era coordenado por Celso Eder de Araújo, Sidney Anjos Peró e Anderson Flores. Os três foram presos nesta manhã pela Polícia Federal e Receita Federal, durante a Operação Ouro de Ofir. 

Em coletiva de imprensa na Superitendência Regional da PF, os delegados Cléo Mazzoti e Guilherme Farias, juntamente com Henri Tamashiro, delegado da Receita Federal, afirmaram que ainda há um quarto suspeito foragido.

O esquema movimentou cifras milionárias, se pautando na crença das pessoas de que estavam colocando suas finanças sob a tutela de uma empresa responsável. O grupo usava a história da mina para atrair a atenção das vítimas e, para convencê-las a investir, apresentavam documentos falsos, certidões com títulos rebuscados e autenticados, como forma de demonstrar credibilidade. 

Eles chegavam a compartilhar nas redes sociais fotos em frente ao Banco Central, alegando que estavam resolvendo as pendências e que logo todas as aplicações seriam recompensadas.

“As vítimas, em geral, eram pessoas bem esclarecidas, o que demonstra a complexidade do modo de agir deles”, explicou Mazzotti. Neste primeiro momento, detalhou, o foco da operação foi na captura do líderes, mas que outros indíviduos abaixo na escala hierárquica também serão investigados.

“Além deles, existem os escrituários e corretores contratados que auxiliavam nas tarefas e terão que prestar esclarecimentos”.

Lucro

Conforme apurado, o esquema consistia basicamente em apresentar às pessoas a possibilidade de receber fatia significativa da redistribuição das comissões das minas. Em seguida, exigiam que os interessados fizessem investimento a partir da cota mímina de R$ 1 mil.

Quanto mais fosse aplicado, maior seria o retorno obtido. Os valores, relata o delegado Guilherme, seriam para arcar com os custos do processo.

“O problema é que a promessa era de um retorno financeiro incompatível”, pontuou. Quem depositava R$ 1 mil, poderia receber até R$ 1 milhão, mas o dinheiro jamais foi liberado para saque.

A PF solicitou à Justiça o bloqueio das contas bancárias de todos os investigados, o que vai impossibilitar novas transações. Além disso, durante a operação, que também teve cumprimento de mandados em Goiânia (GO), Brasília (DF) e Terenos (MS), foram apreendidos R$ 1 mihão em espécie e 200 quilos em pedras preciosas.

A polícia não descarta ainda que a quadrilha usasse o Campeonato Estadual de Futebol para lavar dinheiro, por meio de patrocínios.

A Federação de Futebol de Mato Grosso do Sul (FFMS) se manifestou dizendo apenas que tem contrato legal de patrocínio para todas as competições de 2017.

Fraude

Henri Tamashiro, da Receita, lembrou ainda que um dos pontos que chamaram a atenção e foram cruciais para o início das investigações, foi o crescimento dos bens declarados anualmente.

Entre 2012 e 2013 os valores foram baixos, mas cresceram rapidamente nos anos seguintes. “Acreditamos que fizeram isso para mostrar credibilidade junto às vítimas”, disse Tamashiro. Ou seja, a Company mostrava riqueza aos investidores, indicando que os investimentos trariam sucesso e ainda passando a falsa impressão de que, caso algo desse errado, teria fundos suficientes para ressarcir todos.

Cidades

Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

Continue Lendo...

A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

Assine o Correio do Estado.

Cidades

Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

Continue Lendo...

Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

Escreva a legenda aqui

A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

Assine o Correio do Estado.  

 

 

NEWSLETTER

Fique sempre bem informado com as notícias mais importantes do MS, do Brasil e do mundo.

Fique Ligado

Para evitar que a nossa resposta seja recebida como SPAM, adicione endereço de

e-mail [email protected] na lista de remetentes confiáveis do seu e-mail (whitelist).