A complexidade da política no Oriente Médio fica clara com um simples olhar na história recente. Existem hoje cinco guerras civis em andamento, em vários estágios de fervura -Iêmen, Síria, Iraque, Afeganistão e Líbia.
Há Estados falidos -como a Somália repleta de piratas e seus clãs em eterno combate- e semifalidos -como o Líbano, com a forte presença da milícia Hizbullah minando a autoridade estatal. E há grupos terroristas espalhados por toda a parte, como a clássica Al Qaeda do finado Osama bin Laden e suas franquias.
Compreender quem é aliado de quem em cada conflito é algo bizantino; afinal, o inimigo do meu inimigo pode ser meu amigo.
Como disse o grande estadista britânico Winston Churchill (1874-1965), se o líder nazista Adolf Hitler tivesse atacado o inferno, ele daria um jeito de falar algo positivo sobre o diabo no Parlamento britânico. Mas faltam Churchills, e não faltam diabos, no Oriente Médio.
Egito e Arábia Saudita colaboram hoje bombardeando rebeldes da milícia islâmica houthi no Iêmen, país ao sul da península arábica. Mas, no distante 1962, Egito e Arábia Saudita apoiavam lados diferentes em outro conflito no mesmo local.
A importância do Iêmen, principalmente do seu principal porto, Áden, ficou clara quando foi inaugurado o canal de Suez em 1869, e isso vale ainda hoje.
O Bab-el-Mandeb é o estreito que separa o Iêmen da África. O controle do estreito por quem tem a posse de Áden afeta diretamente os navios que saem de Suez na direção dos países produtores de petróleo do Oriente Médio. Egito, Arábia Saudita e mesmo os EUA não gostam da ideia de ter o estreito em mãos de xiitas pró-Irã, ou de terroristas.
O Bab-el-Mandeb tem tanta importância estratégica quando o estreito de Ormuz, na entrada do golfo Pérsico, por onde escoa a produção de petróleo de países como Kuait, Iraque, Irã e Emirados Árabes Unidos.