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Racionamento dificulta combate ao Aedes em Pernambuco

Estado tem mais de 1,5 mil registros e recebeu o maior número de militares em operação

AGÊNCIA BRASIL

13/02/2016 - 23h00
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Campeão de notificações dos casos de microcefalia, com mais de 1,5 mil registros, Pernambuco foi o estado que recebeu o maior número de militares na Região Nordeste: mais de 7,7 mil pessoas.

São quase 5,5 mil homens e mulheres atuando somente em Recife. Eles se unem a agentes de vigilância ambiental para conscientizar a população sobre o combate a focos de reprodução do mosquito transmissor da dengue, do vírus Zika e da febre chikungunya, o Aedes aegypti.

Além de entregar panfletos em casas e estabelecimentos comerciais em áreas urbanas de 31 municípios do estado, os militares também atuaram na região agreste de Pernambuco.

Os transportadores de água, que usam os caminhões-pipa para abastecer cidades atingidas pela seca, receberam atenção especial. Na capital pernambucana, Recife, áreas de risco contaram com visitas individuais e coleta de larvas do inseto.

Uma das localidades visitadas foi a comunidade do Coque, no bairro Joana Bezerra, uma região periférica da capital pernambucana. Como em outros locais do Recife, os moradores ficam sem água durante dias, o que os obriga a estocar água.

“Vivemos um racionamento histórico, então as pessoas não tem escolha. E isso cria focos do mosquito”, explica a coordenadora de Vigilância Ambiental da cidade, Vânia Nunes.

HISTÓRIAS

A pescadora Maria de Lurdes da Silva, de 48 anos, abriu a porta de sua casa para receber os militares. A mãe dela teve dengue há cerca de um mês. Maria Lurdes afirmou que toma todos os cuidados para não criar focos de reprodução do mosquito, mas por causa da falta de abastecimento de água, toda a preocupação foi insuficiente.

“Dentro da minha casa está tudo bem, mas nunca imaginava que na frente da minha casa tinha um foco. Um buraco que a gente cavou pra pegar água – que aqui a água é bem difícil mesmo, falta de seis a oito dias. Todo dia eu limpo o buraco, mas quando foi hoje tinha um foco dentro. Mas agora minha vigilância vai ser redobrada, não vai ser só dentro de casa não, vai ser na rua também”, promete a pescadora.

SANEAMENTO

A coordenadora Vânia argumenta que é preciso melhorar a infraestrutura em comunidades como a do Coque, com coleta de lixo e abastecimento de água, mas faz um apelo para que as pessoas adotem cuidados mesmo diante das dificuldades: “a gente chega em várias casas e o depósito para armazenar água é uma garrafa PET. Então a garrafa tem que ter tampa. Se eu preciso acumular água em um balde eu tenho que improvisar uma tampa. Então pega um plástico, um tecido, uma lona e passa um cordão, qualquer coisa. Mas tem que acumular água com segurança”.

Vânia Nunes explica ainda que as grandes instituições, como empresas e órgãos públicos, também precisam colaborar no combate ao mosquito, fiscalizando seus meios de produção e instalações em busca de água parada.

A coordenadora também defende que, para combater o Aedes aegypti de forma eficiente, é preciso criar uma lei que aplique uma sanção, uma penalidade, caso alguém se negue a abrir a casa para a fiscalização dos agentes.

A ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, participou das atividades em Pernambuco e esteve na comunidade do Coque. Ela defendeu que os municípios se empenhem em melhorar serviços públicos para combater o mosquito.

“É muito importante que a gente melhore a situação do saneamento no Brasil, de coleta de lixo, para não ter lixo na rua. Às vezes um saco plástico que está acumulando água é um criadouro do mosquito. Então as prefeituras, principalmente nesse momento, tem de estar se dedicando a uma coleta muito mais cuidadosa, mas sempre lembrando que dois terços dos criadouros estão nas residências”, alertou.

Para a ministra, a população está mais consciente dos riscos de acumular água parada: “em todas as casas que visitamos as pessoas não tinham água em vasos. Já é um efeito das informações”.

Aministra lembrou, no entanto, que uma só residência pode acabar com todo o trabalho de prevenção de toda uma comunidade. “Visitamos um comércio com a caixa d'água destampada. Toda a vizinhança se mobilizando e uma caixa pode ser o foco de proliferação de milhares de mosquitos. Então todo mundo tem que se somar”.

AUXÍLIO

Tereza Campello também falou sobre o auxílio financeiro que o governo federal concede a pessoas com deficiência e afirmou que o governo está "se organizando" para apoiar as famílias cujos bebês nasceram com microcefalia, malformação congênita que a comunidade científica relaciona com infeção pelo vírus zika durante a gestação. "[O auxílio] Está previsto na legislação.

A constituição federal criou o Benefício de Prestação Continuada, que dá direito a um salário mínimo para crianças com deficiência, pessoas com deficiência que não possam trabalhar e idosos, desde que a renda familiar por pessoa seja menor que um quarto de salário mínimo”, explica.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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