Em depoimento à Polícia Federal, o presidente da divisão industrial da Galvão Engenharia, Erton Fonseca, afirmou ter pago propina ao empresário Shinko Nakandakari. Segundo Fonseca, ele se apresentava como representante da diretoria de Serviços de Engenharia da Petrobras.
Fonseca disse ainda que Shinko cobrou o pagamento para que a empresa "conseguisse contratos com a Petrobras". De acordo com o depoimento, divulgado pela Folha de S. Paulo, ou a empresa pagava o suborno ou não obtinha novos contratos com a estatal.
Shinko teria recebido R$ 5 milhões em propina. Ele atuava junto com o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que firmou acordo de delação premiada e se comprometeu a devolver 97 milhões de dólares que foram obtidos ilegalmente no esquema de corrupção da estatal.
O executivo da Galvão Engenharia contou que se reuniu com Pedro Barusco para tratar da propina. A empreiteira teria sido orientada a pagar entre 0,5% e 1% do valor dos contratos.
Erton Fonseca afirmou ainda que Shinko desempenhava na diretoria de Serviços um papel semelhante ao do doleiro Alberto Youssef na diretoria de Abastecimento da estatal.
Na primeira fase dos interrogatórios, Fonseca já havia confessado ter pago cerca de R$ 4 milhões em propina Youssef. Ele disse ter sido pressionado pelo deputado federal José Janene (PP-PR), que morreu em 2010, e depois por Costa e Youssef. O dinheiro da propina teria sido repassado ao PP.
De acordo com as investigações da Lava Jato, a Galvão Engenharia fechou R$ 3,47 bilhões em contratos com a Petrobras entre 2010 e 2014. Antes disso, entre 2007 e 2012, já havia conseguido mais de R$ 4,1 bilhões de contrato por meio de consórcios.