Cidades

VOZES DA RUA

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Entidades lançam observatório de denúncias sobre drogas e direitos humanos

Objetivo é coletar e dar visibilidade a informações, principalmente sobre Cracolândia

AGÊNCIA BRASIL

23/08/2015 - 06h00
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O site Vozes da Rua, que é um observatório de denúncias sobre drogas e direitos humanos, está sendo lançado ontem (22),  desde as 15h, na Praça Júlio Prestes, centro da capital paulista. Seu objetivo é coletar e dar visibilidade a informações, principalmente sobre a região da Cracolândia, e articular reações contra violências sofridas pela população em situação de rua, que, muitas vezes, são vítimas do próprio estado.

“Para mudar a realidade, a primeira coisa é conseguir olhar para ela, ver como ela é, para assim poder transformá-la”, disse Roberta Costa, que trabalha na promoção da redução de danos sociais e à saúde associados ao uso de drogas, pelo Centro de Convivência É de Lei, e também é militante do coletivo Desentorpecendo a Razão (DAR). Para ela, é possível que a sociedade tenha conhecimento e clareza da situação dessas pessoas, podendo atuar no combate a essa “realidade muito sofrida.”

O site terá publicação livre e aberta às denúncias, além de reflexões envolvendo a política de drogas e os direitos humanos. Haverá também orientações sobre atendimento jurídico e psicossocial para as vítimas de violência.

Rogério Guimarães, 43, é catador de material reciclável, morador do bairro do Glicério e já foi dependente de crack. Uma parte de sua história será apresentada em vídeo no lançamento de hoje e está disponível já na internet.

Ele veio de Pernambuco há cerca de 30 anos e aqui, na capital paulista, encontrou muita dificuldade. Acabou se tornando dependente químico. Há dez anos, conheceu o É de Lei e começou a se desvincular do vício. Segundo ele, a droga faz as pessoas perderam as forças e “começa a desfigurar nossas raízes”.

Rogério, que declarou já ter sofrido abordagens abusivas e até violentas da polícia militar, acredita que é preciso abordar o dependente químico com respeito e mais calma. Para ele, a repressão não é o melhor caminho de tratamento para essas pessoas.

Questionado sobre como alguém consegue deixar o crack para trás, aconselha: “ele mesmo tem que achar que está no tempo certo, [perceber] se isso está causando mal à vida dele, da família. Esse é o primeiro passo que tem que dar”. Além disso, Rogério disse que se relacionar com outras pessoas o ajudou muito.

O espaço em que ele recebeu apoio, o É de Lei, fica na Rua 24 de Maio, 116, 4º andar. Roberta Costa explicou que “o centro de convivência tem um espaço físico que recebe as pessoas, acolhe, tem oficinas e é um ponto de cultura, que pensa a arte como forma de ampliar horizontes”.

O evento de lançamento de hoje conta com uma mesa de debate com Taniele Rui, autora do livro Nas Tramas do Crack; a socióloga Vera Telles; o antropólogo Rubens Adorno e Raul Nin Ferreira, da Defensoria Pública de SP. Após o debate, que começou por volta de 16h, haverá projeção do vídeo que conta a história de Rogério, além de uma roda de samba.

As entidades que compõem o Vozes da Rua são: Associação Brasileira de Estudos Sociais do Uso de Psicoativos; É de Lei; Clínica de Direitos Humanos Luiz Gama da Universidade de São Paulo  (USP); Coletivo DAR; Coletivo Sem Ternos; Conselho Regional de Psicologia; Defensoria Pública de SP; Grupo de Estudo e Pesquisa da Prof. Vera Telles (USP); Grupo de estudo e pesquisa do Prof. Rubens Adorno (USP); Grupo de Estudos Drogas e Sociedade; Margens Clínicas; Na Margem – Núcleo de Pesquisas Urbanas  da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar); e Projeto Oficinas.

Pesquisa

Extrema pobreza cai a nível recorde; dúvida é se isso se sustenta

O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300

19/04/2024 18h00

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Foto: Favela em Campo Grande - Gerson Oliveira/Correio do Estado

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A expressiva alta da renda em 2023 reduziu a pobreza extrema no Brasil ao seu nível mais baixo da série histórica, a 8,3% da população. O país terminou o ano passado com 18,3 milhões de pessoas sobrevivendo com rendimentos médios mensais abaixo de R$ 300. Apesar da queda, isso ainda equivale a praticamente a população do Chile.

O cálculo é do economista Marcelo Neri, diretor da FGV Social, a partir da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PnadC), do IBGE.

Em relação a 2022, 2,5 milhões de indivíduos ultrapassaram a linha dos R$ 300, numa combinação de mais transferências pelo Bolsa Família, aumento da renda do trabalho e queda do desemprego. A grande dúvida é se o movimento —e mesmo o novo patamar— seja sustentável.

A PnadC de 2023 mostrou que os rendimentos dos brasileiros subiram 11,5% em relação a 2022. Todas as classes de renda (dos 10% mais pobres ao decil mais rico) tiveram expressivos ganhos; e o maior deles deu-se para os 5% mais pobres (38,5%), grandes beneficiados pelo forte aumento do Bolsa Família —que passou por forte expansão nos últimos anos.

Entre dezembro de 2019 (antes da pandemia) e dezembro de 2023, o total de famílias no programa saltou de 13,2 milhões para 21,1 milhões (+60%). Já o pagamento mensal subiu de R$ 2,1 bilhões para R$ 14,2 bilhões, respectivamente.

Daqui para frente, o desafio será ao menos manter os patamares de renda —e pobreza— atuais, já que a expansão foi anabolizada por expressivo aumento do gasto público a partir do segundo semestre de 2022.
Primeiro pela derrama de incentivos, benefícios e corte de impostos promovidos por Jair Bolsonaro (PL) na segunda metade de 2022 em sua tentativa de se reeleger. Depois, pela PEC da Transição, de R$ 145 bilhões, para que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pudesse gastar mais em 2023.

Como esta semana revelou quando governo abandonou, na segunda-feira (5), a meta de fazer superávit de 0,5% do PIB em suas contas em 2025, o espaço fiscal para mais gastos exauriu-se.

A melhora da situação da renda dependerá, daqui para frente, principalmente do mercado de trabalho e dos investimentos do setor privado. Com uma meta fiscal mais frouxa, os mercados reagiram mal: o dólar subiu, podendo trazer impactos sobre a inflação, assim como os juros futuros, que devem afetar planos de investimentos empresariais e, em última instância, o mercado de trabalho.

Apesar do bom resultado em 2023, algumas análises sugerem que o resultado não deve se repetir. Segundo projeções da consultoria Tendências, a classe A é a que terá o maior aumento da massa de renda real (acima da inflação) no período 2024-2028: 3,9% ao ano. Na outra ponta, a classe D/E evoluirá bem menos, 1,5%, em média.

Serão justamente os ganhos de capital dos mais ricos, empresários ou pessoas que têm dinheiro aplicado em juros altos, que farão a diferença. Como comparação, enquanto o Bolsa Família destinou R$ 170 bilhões a 21,1 milhões de domicílios em 2023, as despesas com juros da dívida pública pagos a uma minoria somaram R$ 718,3 bilhões.

A fotografia de 2023 é extremamente positiva para os mais pobres. Mas o filme adiante será ruim caso o governo não consiga equilibrar suas contas e abrir espaço para uma queda nos juros que permita ao setor privado ocupar o lugar de um gasto público se esgotou.

Voos em queda

Aeroportos de Mato Grosso do Sul enfrentam desafios enquanto Aena Brasil lidera crescimento nacional

No acumulado do ano de 2024, o volume de passageiros chegou a mais de 395 mil passageiros em Mato Grosso do Sul, com um aumento de 4,8% no número de operações realizadas nos três aeroportos do Estado

19/04/2024 17h41

Os três aeroportos de Mato Grosso do Sul mantiveram um desempenho estável no acumulado do ano, com um aumento significativo nas operações. Foto/Arquivo

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A Aena Brasil revelou hoje os números da movimentação nos aeroportos até março de 2024, destacando-se como a empresa com a menor redução de passageiros no país. No entanto, o aeroporto de Ponta Porã, sob sua administração, enfrentou uma redução significativa de 42,4% no fluxo de passageiros em março deste ano.

Esta tendência também foi observada na capital sul-mato-grossense, onde o volume de passageiros em Campo Grande caiu 5,5%, totalizando 118.529 passageiros, e no aeroporto de Corumbá, com uma redução de 14,3%.

Além disso, as operações aeroportuárias também estão em declínio, com quedas de 15,9% em Ponta Porã, 10,6% em Corumbá e 8,7% na capital, no volume de operações.

Apesar desses desafios, no acumulado do ano, a Aena Brasil aponta que o aeroporto internacional de Campo Grande registrou uma redução de 3,0% no fluxo de passageiros e de 3,5% no número de operações aeroportuárias.

Já o aeroporto de Ponta Porã apresentou uma queda de 27% no fluxo de passageiros, mas com um saldo positivo de 4% no número de operações. Além disso, o aeroporto de Corumbá, considerado a capital do Pantanal, registrou um aumento de 4,9% nas operações.

No total, a movimentação nos três aeroportos de Mato Grosso do Sul alcançou 395.388 passageiros e 5.043 operações realizadas.

Veja o ranking nacional:

Aena tem crescimento de 6,3% na movimentação em todo o Brasil

Enquanto isso, em nível nacional, a Aena Brasil experimentou um crescimento impressionante de 6,3% na movimentação. Os 17 aeroportos administrados pela empresa no Brasil registraram 10,4 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, representando um aumento de 6,3% em comparação com o mesmo período do ano anterior.

Em relação ao número de pousos e decolagens, nos três primeiros meses houve alta de 5,4%, com um total de 115,5 mil movimentos de aeronaves. Considerando somente o mês de março, o crescimento chega a 6,1% no total de passageiros (3,4 milhões), em relação ao mesmo mês de 2023, e a 1,7% no volume de pousos de decolagens (38,9 mil).

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