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Cresce procura pelo ensino do português do Brasil no mundo

Cresce procura pelo ensino do português do Brasil no mundo

AGÊNCIA BRASIL

02/05/2015 - 12h15
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A maior visibilidade do Brasil no exterior, impulsionada nos últimos anos pela escolha do país como sede dos maiores eventos esportivos do planeta, tem reflexo também na procura pelo ensino do idioma português, em sua vertente brasileira.

A Rede Brasil Cultural, instrumento do Itamaraty para a promoção da língua portuguesa e da cultura brasileira no exterior, atende a 9 mil alunos em 44 países, de cinco continentes, com cerca de 200 professores. Em Helsinki (capital da Finlândia), atletas que participarão das Olimpíadas do Rio em 2016 estão entre os alunos da rede. Na Austrália, os atletas locais também já tiveram aulas com professores brasileiros na Australian National University.

Ao todo, a rede é formada por 24 centros culturais e cinco núcleos de estudo, que funcionam com as embaixadas brasileiras, e 40 leitorados, formados por professores universitários brasileiros que passam por uma seleção e recebem uma bolsa do Itamaraty para lecionar português e/ou cultura brasileira em universidades estrangeiras. A presidenta do Chile, Michelle Bachelet, que surpreendeu a muitos ao cantar o Hino Nacional brasileiro durante a posse da presidenta reeleita Dilma Rousseff, aprendeu português, ainda na adolescência, no Centro Cultural Brasil-Chile, em Santiago.

A mineira Fernanda Gláucia Pinto é uma das bolsistas da rede. Ela dá aulas de português para turmas de graduação e mestrado em Estudos Brasileiros, uma área de estudo criada há cerca de 20 anos na Universidade de Aarhus, uma das principais instituições de ensino superior da Dinamarca.

Mais do que ensinar o idioma, Fernanda também contribui para a promoção da cultura brasileira no país nórdico. “Fazemos eventos acadêmicos e culturais para os alunos e para a comunidade. Sempre tentamos trazer um pouco do Brasil para cá, promovendoworkshops de capoeira, dança e música, exibição de filmes e documentários e eventos totalmente dedicados à cultura brasileira, como o Brazilian Day”, conta. Uma newsletter coordenada por Fernanda reúne as principais informações sobre as atividades desenvolvidas no âmbito do programa.

Em alguns países com menor nível de renda, os cursos são gratuitos. Na maioria, porém, são cobradas mensalidades. Ainda que as taxas sejam inferiores às dos cursos privados de idiomas, o Itamaraty as considera importantes, pois incentivam o comprometimento dos alunos com o curso e contribuem para um menor índice de evasão durante o semestre.

“Além disso, muitos dos nossos centros culturais têm as vagas preenchidas em poucas horas. Em diversas unidades, não é possível atender a toda demanda. A procura pelo ensino de português no exterior tem aumentado, o que é condizente com o maior destaque obtido pelo Brasil no cenário internacional”, explica Jorge Tavares, chefe da Divisão de Promoção da Língua Portuguesa.

Segundo Jorge Tavares, o maior interesse pelo português do Brasil pode ser verificado em importantes universidades do mundo, que passaram a ter forte interesse em incluir a vertente brasileira do idioma entre os cursos. “Anteriormente, algumas universidades temiam não haver demanda pelo aprendizado da língua portuguesa. Atualmente, recebemos centenas de pedidos de abertura de leitorados brasileiros”, diz. "Percebe-se, nos últimos oito anos, um aumento do interesse pela língua portuguesa e algumas universidades têm registrado procura específica pelo português do Brasil”, destaca.

Em Aarhus, o aumento do interesse pelo Brasil é notável. “Quando eu entrei aqui, como aluna do curso de Estudos Brasileiros, em 2006, as dez vagas oferecidas não eram preenchidas. Aos poucos, a procura foi crescendo. Hoje dobramos a quantidade de vagas e às vezes a procura é maior”, ressalta Fernanda. Ela acredita que fatores como o crescimento da economia brasileira e a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos Olímpicos de 2016 fizeram com que os estrangeiros olhassem mais para o país, o que influenciou na procura por estudos brasileiros.

O jovem dinamarquês Magnus Aastrom, de 20 anos, é aluno de Fernanda. Em entrevista àAgência Brasil, concedida em português, ele afirma que tem grande interesse pela sociedade, pela política e pela cultura brasileiras. "O Brasil é popular", brinca. Magnus diz que está contando os dias para conhecer o Brasil – um intercâmbio ao país faz parte do curso de Estudos Brasileiros. “Eu quero muito visitar o país.”

Derek Pardue, coordenador dos Estudos Brasileiros da Universidade de Aarhus, afirma que o aumento do interesse pelo Brasil é notável e que essa integração entre o país e universidades estrangeiras contribui para que a cultura genuinamente brasileira seja exportada e conhecida em todo o mundo. “Queremos estreitar nossa cooperação com o governo brasileiro, com a embaixada do Brasil em Copenhague, para atingir nosso grande desafio, que é ampliar a visibilidade do programa”, diz o coordenador.

Sem recursos suficientes para atender a toda demanda, os principais focos da rede atualmente são a expansão na América do Sul, nos países do Brics (formado, além do Brasil, por Rússia, Índia, China e África do Sul) e nas principais universidades do mundo. Hoje há leitorados em universidades importantes como Harvard, nos Estados Unidos; Fudan, na China; Sorbonne, na França; King's College, no Reino Unido, e Colônia, na Alemanha, além de outras instituições de ensino em países da América do Norte, América do Sul, África, Europa e Ásia.

O Itamaraty tem procurado aumentar a coesão da rede nos últimos anos, com lançamento de um site próprio, uma página no Facebook e uma revista com a participação de alunos, professores e diretores. Os currículos dos centros também estão sendo unificados. Além disso, cada centro deve oferecer turmas de pelo menos seis níveis de português. O objetivo, segundo o órgão, é que todos participem da rede em conjunto, de forma integrada, e não como “ilhas isoladas”, facilitando, assim, que as boas iniciativas sejam replicadas pelos demais elementos da rede.

Cidades

Comissão vai analisar pedido de anistia coletivo dos povos indígenas Guarani e Kaiowa de Caarapó

Violações praticadas pelo governo brasileiro aos indígenas no período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade

27/03/2024 17h00

Arquivo/Correio do Estado

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A Comissão de Anistia irá analisar, em sessão histórica o pedido de anistia coletivo dos povos Guarani Kaiowa, da comunidade indígena Guyraroká, protocolado pelo Ministério Público Federal (MPF) em 31 de agosto de 2015.

Esta será a primeira sessão promovida pelo órgão, criado em 2002, e atualmente vinculado ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, para analisar eventual reparação a indígenas que tiveram os direitos humanos violados durante o período da ditadura militar no Brasil, entre 1947 e 1980.

A sessão de apreciação dos pedidos ocorrerá às 8 horas (horário de MS) no próximo dia 2 de abril, no Auditório do MDHC, em Brasília (DF). O procurador da República Marco Antonio Delfino de Almeida, que subscreve o requerimento, representará o MPF.

Além da comunidade indígena Guyraroká, localizada no município de Caarapó (MS), a cerca de 275 quilômetros de Campo Grande, também serão analisados durante a sessão os pedidos de anistia relacionados aos povos Krenak, de Minas Gerais.

Como o primeiro pedido foi protocolado há quase uma década, o MPF promoveu recentes reuniões com lideranças da aldeia Guyraroká, no intuito de debater e atualizar o documento contendo os requerimentos coletivos, cujo teor será apresentado durante o ato no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania.

Retirada do território

Políticas federais de povoamento do país, implementadas durante o período da ditadura militar e pós-guerra do Paraguai, levaram agentes estatais a promover traslados compulsórios dos indígenas de Guyraroká, provocando mortes e profunda desintegração dos modos de vida destes povos tradicionais.

O propósito era retirar os indígenas das vastas áreas por eles ocupadas segundo os seus modos tradicionais e confiná-los em espaços exíguos definidos unilateralmente pelo poder público. As terras ocupadas anteriormente por eles foram liberadas à ocupação de terceiros, que tiveram a posse dos terrenos legitimada por títulos de propriedade.

Estas violações praticadas à época pelo governo brasileiro aos indígenas de Mato Grosso do Sul foram reconhecidas pela Comissão Nacional da Verdade (CNV), que esteve em Dourados e ouviu integrantes da comunidade Guyraroká sobre o processo de confinamento territorial que sofreram. Estima-se que mais de 8.300 indígenas foram mortos no período em decorrência da ação estatal ou da omissão do governo brasileiro.

Repercussões das violações

Após anos longe do território, aos poucos, os indígenas buscaram ocupar Guyraroká, num processo que começou em 2004, iniciando pela ocupação da faixa de domínio da rodovia estadual que ladeia a terra indígena (MS-156) e posteriormente ocupando uma parcela do perímetro declarado – 65 de um total de 11 mil hectares.

O MPF destaca, no pedido de anistia, que a principal atividade econômica desenvolvida pelos indígenas Kaiowa é a agricultura e, quando retirados do seu território forçadamente pelo governo brasileiro, ficaram completamente desprovidos do exercício de todas as suas atividades econômicas, merecendo a reparação.

Além disso, a desintegração do grupo e a ausência de acesso ao território tradicional, somada à extrema miséria, provocaram um número significativo de mortes por suicídio na comunidade. Em um grupo de 82 pessoas, registrou-se um caso de suicídio por ano entre 2004 e 2010.

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Prefeita prevê conclusão das obras de saneamento básico na Homex em 60 dias

Segundo a Águas Guariroba, as obras iniciaram há 10 dias e até o momento foram instalados 3,5 km de rede de esgoto.

27/03/2024 16h45

Fotos: Gerson Oliveira

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Após anos de luta, cerca de 1,5 mil famílias que residem na comunidade Homex, localizada no Jardim Centro-Oeste, em Campo Grande, terão acesso ao sistema de saneamento básico de água e esgoto. A prefeita Adriane Lopes (PP) e o presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, realizaram uma visita técnica para inspecionar o andamento das obras iniciadas há dez dias. Segundo o cronograma, a previsão de conclusão é de 60 dias. 

Até o momento, foram instalados 3,5 km de rede de esgoto na Comunidade do Homex. O investimento, proveniente de uma parceria público-privada com a concessionária Águas Guariroba, é de aproximadamente R$8 milhões

De acordo com o diretor executivo das Águas Guariroba, Gabriel Brum, foram instalados 8,7 quilômetros de rede de água e outros 12 km de rede de esgoto na comunidade. 

"Esta é uma obra bem complexa por causa de diversas instalações que acabamos encontrando debaixo das casas. Infelizmente agora é uma dor de cabeça aos moradores, mas em breve será de muita alegria, porque o nosso objetivo é terminar em 60 dias",  relatou ao Correio do Estado.  

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A prefeita Adriane Lopes destacou que o saneamento básico é fundamental para a qualidade de vida das pessoas. Ela ainda ressaltou que a disponibilidade de água tratada nas torneiras irá reduzir as filas nas unidades de saúde e, consequentemente, promover o bem-estar dos moradores

"Estamos avançando nessa obra de grande importância para a comunidade. São mais de 1,5 mil famílias, e cerca de 5 mil pessoas que terão saneamento que é vida", afirmou. 

Durante a apresentação do mapa das obras para a imprensa, o diretor-presidente da Águas Guariroba, Themis de Oliveira, anunciou que, no primeiro mês após a instalação, não será cobrada tarifa de água e esgoto dos moradores.

"Além de não pagarem água e esgoto no primeiro mês, as famílias serão cadastradas na tarifa social. Vamos passar pela comunidade ensinando as famílias a consumir a água", explica Themis Oliveira.


Qualidade de vida 

Observando de longe o trabalho dos funcionários da Águas Guariroba, Clair Lopes, de anos, é residente da Comunidade do Homex há 8 anos, tentava entender o que estava acontecendo. Após a imprensa relatar que seria instalada uma rede de esgoto e água, ela ficou extremamente animada com a expectativa de ter água limpa na torneira. Junto com ela, moram quatro pessoas: seu marido, seu filho e uma filha que está grávida. 

"Nossa, que alegria ouvir isso. Será uma benção, é tudo que a gente queria, ter água limpa em casa. Meus netos todos já tiveram diarreia e agora vamos ter uma água boa para nós consumir", relatou.

Clair ainda expressou sua ansiedade por poder tomar um banho demorado, já que a família atualmente precisa se banhar com baldes.

"Não vejo a hora de poder tomar banho de verdade, ninguém merece ter que usar baldinho", relatou Clair.

 

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