Brittany Murphy, Rubem Alves, Gabriel García Marques, Chico Anysio. Estes são apenas alguns dos nomes de pessoas que morreram em decorrência de complicações da pneumonia – uma inflamação pulmonar que pode ser causada por vírus, fungos e, principalmente, bactérias. Em 2014, mais de 625 mil pessoas foram internadas em decorrência do problema. O número de mortes também é expressivo: 70,3 mil pessoas morreram por causa da doença. Os dados são do Datasus.
À medida que os pacientes envelhecem, as taxas de mortalidade aumentam, com crescimento substantivo em pacientes com mais de 70 anos. “A pneumonia é causada por uma variedade de agentes, mas o pneumococo é o principal patógeno causador. Três em cada 10 casos são causados por ele”, comenta o médico pneumologista Marco Gomes, coordenador da Comissão de Infecções Respiratórias da Sociedade Brasileira de Pneumologia.
Segundo ele, a gripe é um dos principais complicadores em relação à pneumonia. A doença funciona como uma espécie de cavalo de troia, abrindo as defesas do organismo e permitindo a entrada da bactéria, o pneumococo, que promove a inflamação. “Doentes crônicos também estão entre os grupos mais afetados”, explica o especialista, referindo-se a cardiopatas, diabéticos e hipertensos.
Como a tendência de envelhecimento da população brasileira é grande, precauções vêm sendo tomadas, sobretudo com a conscientização da vacinação de adultos. “Nos próximos anos, veremos um crescimento considerável do número de idosos no País. Teremos 72% a mais de pessoas na velhice do que crianças”, explica.
Desde 2010, a vacina pneumocócica (contra pneumonia) conjugada faz parte do calendário básico de imunização infantil do Brasil, para menores de 2 anos. Até então, a vacina era direcionada às pessoas com mais de 60 anos, principalmente residentes em asilos ou casas de apoio a idosos.
Laboratórios farmacêuticos, como a Pfizer, promovem campanhas para que a vacinação passe a abranger público entre 18 e 49 anos. Um dos motivos, segundo a empresa, seria o de reduzir o número de internações hospitalares. No entanto, as vacinas nessa faixa etária só poderiam ser administradas na rede particular, com custos em torno de R$ 350.
DESCONHECIMENTO
Em pesquisa realizada pelo Instituto Global Market Research, na qual 600 pessoas de seis capitais brasileiras foram entrevistadas, percebeu-se o desconhecimento da população em torno de ações preventivas à pneumonia. A vacina, por exemplo, foi considerada como uma opção apenas por 5% dos pacientes, enquanto “evitar friagem, choques de temperatura, ar-condicionado e bebidas geladas” foi citada por 38,2%. “Isso é um problema, as pessoas não sabem o que é necessário para se proteger”, comenta Marco.
PNEUMONIA E H1N1
De acordo com a presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Isabela Balalai, é possível estabelecer uma relação explícita e importante entre o aumento de casos de H1N1 e o de pneumonia no País. “O influenza prepara o organismo para o pneumococo invadir. O que podemos ter, este ano, não é um risco maior porque o vírus está mais grave, vamos ter mais pneumonia porque temos mais casos de gripe”.
RELATO
Pedro Bandeira, popular escritor infantojuvenil e autor de livros como “Droga da Obediência”, entre outros, conta que quase morreu em decorrência de uma pneumonia nos anos 90. “Meu legado poderia ser bem mais curto não fosse o diagnóstico rápido da doença feito por um amigo médico”, conta. Atualmente, ele é um dos defensores da vacina para todas as faixas etárias. “É um procedimento fundamental para garantir a qualidade de vida”, afirma.