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Mercado de obras de arte une
criatividade e investimentos

Mercado de obras de arte une
criatividade e investimentos

CASSIA MODENA

16/03/2017 - 16h00
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O mercado das obras de arte carrega nuances tão intrigantes quanto as próprias técnicas e representações das produções artísticas. Ele movimenta cifras altas em todo o mundo – a considerar leilões, vendas em galerias de arte, aquisições de museus e até polêmicas transações ilegais, como as que eclodiram recentemente na Operação Lava Jato. 

Em sua variedade de gêneros, as obras são tidas como bens culturais que pertencem a toda a humanidade, porém, não é vedada a compra e venda para fins particulares. Quem as comercializa precisa se atentar a determinadas dinâmicas para assegurar que elas não sejam utilizadas em atividades ilegais, mesmo trabalhando com nomes locais e pouco conhecidos País afora. 

Na dificuldade em se definir preços, dentro desse universo, moram os oportunismos e o lucro fácil do comércio irregular. Para coibi-los e garantir ao próprio comerciante o controle dos negócios, há regulações definidas. As juntas comerciais e os cartórios são responsáveis por certificar as transações que ocorrem dentro do País, enquanto as movimentações internacionais são controladas e fiscalizadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

É importante que profissionais do ramo ou interessados em adquirir obras conheçam o funcionamento e as regras do mercado artístico.

NEGOCIAÇÃO

O marchand  (palavra que vem do francês e designa o negociador de obras de arte) é uma das principais referências nesse meio. Ele reúne opções de compra em uma galeria e as vende, assegurando sua procedência e registrando a posse em cartório. O leiloeiro, por sua vez, também figura como um profissional que intermedeia essas relações.

Segundo a ex-galerista e colecionadora de artes plásticas Yara Penteado, o marchand costuma ser o mais procurado por transmitir honestidade ao interessado em adquirir determinada obra e poder realizar a sua negociação também. É bastante valorizado pelo nome, como o artista, mas pode colocar sua credibilidade em risco facilmente. “Antes, havia mais confiabilidade no trabalho de quem vendia, hoje não é tanto assim. Mesmo com o controle, continua havendo muita ilegalidade nesse tipo de comércio”, comenta.  

Yara mantinha uma galeria nos anos 2000 em Campo Grande, que fechou. Ficou com um acervo comercial de menor proporção, que continua à venda. Para ela, o cenário de negociações está diferente. “Hoje, o comércio de obras de arte está menos centralizado, mas enfrenta baixa em todo lugar. Quando era galerista, trabalhava no tête-à-tête com artistas e, muitas vezes, vendia as obras de artistas para artistas. Negociava muitas obras de nomes locais, que todo mundo já olhava e conhecia o traço”. 

E ainda na opinião dela, o que prevalece no universo desse tipo de negociação é o perfil dos compradores. Ela os classifica em três tipos: “o primeiro enaltece o valor estético porque é artista ou entende de arte; o segundo é aquele que quer investir em obras de arte e compra artistas famosos, que dão dinheiro seguro; já o terceiro procura para enfeitar sua casa e geralmente busca obras bonitas, agradáveis aos olhos e acessíveis ao bolso”. Yara acredita que haja uma situação problemática em relação às aquisições desse último perfil de comprador. “É ele aceitar gravuras e reproduções, frequentemente propostas por alguns decoradores, em vez de buscar por obras locais e valorizar sua originalidade”, defende.

PREÇO

O professor de Artes Visuais e especialista em Museologia Caciano Lima afirma que os preços das obras de arte sempre acompanham um processo de avaliação subjetivo e aberto a valores altos, passíveis de serem desvirtuados ou superestimados. O mais difícil, segundo Lima, é dar ou tirar valor financeiro da arte contemporânea. “Isso é porque ela produz um tipo específico de obra, diferentemente de esculturas do século 15 e pinturas do século 18. Delas, geralmente se tira o conceito por causa da efemeridade dos materiais que muitas trazem”, destaca.

De acordo com Caciano, o que o interessado pode fazer também é comprar os direitos de uma obra por um preço fixo e depois reproduzi-la em iconografias, multiplicando o lucro. Ele esclarece que é possível reproduzir em camisetas, canecas ou, no caso da arte contemporânea, pode utilizar o seu conceito. O que não deve fazer é vender uma reprodução como se fosse original.

CADASTRO

Uma das discussões centrais em relação ao mercado da arte é o contrabando. É recorrente a negociação de obras brasileiras lá fora dessa maneira, especialmente as da arte sacra – gênero dos mais visados pelos contrabandistas.

“Nos últimos anos, ficamos sabendo de vários roubos, mas o que não se tem conhecimento é que as obras de arte sempre foram tiradas daqui historicamente. Como o ouro foi levado para fora do Brasil, boa parte do acervo sacro e da arte indígena de etnias extintas, por exemplo, não está aqui. E como é que muitas obras brasileiras foram parar nos museus da Europa?”, questiona Caciano.

Para evitar que os artigos do patrimônio  cultural nacional continuem sendo levados para fora e simplesmente desapareçam, o Iphan mantinha um cadastro manual dos profissionais do ramo. No entanto, com a urgência de se inibir os crimes de lavagem de dinheiro e ter maior controle sobre esses bens, passou a ser obrigatório o registro das pessoas físicas e jurídicas que os negociam no Cadastro de Negociantes de Antiguidades e Obras de Arte (Cnart).

Desde 2016, o sistema está aberto para o cadastro de leiloeiros e comerciantes de galerias e antiquários. O prazo final para cadastramento foi prorrogado e termina no dia 31 de março deste ano.  

Segundo o técnico em História do Iphan em Mato Grosso do Sul, José Augusto dos Santos, no Estado, 67 profissionais da área estão no cadastro antigo do instituto e precisam atualizá-lo. “De tempos em tempos, o Iphan fiscaliza notas fiscais e livros de registro desses comerciantes e das obras que saem do País. Agora, com o cadastro nacional, todos os negociantes precisam se registrar e ficar atentos às multas aplicadas em caso de não cadastramento”, alerta.

Projeto cultural

Após encantar alunos, show "Pop & Poesia" chega a mais três escolas a partir de hoje

Jerry Espíndola e Ju Souc levam clássicos regionais aos estudantes do EJA da Rede Municipal de Ensino com sucesso

15/04/2024 15h23

As últimas apresentações do "Pop & Poesia" estão prontas para conquistar mais uma vez o coração dos alunos do Eja. Foto: Leandro Marques

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O projeto "Pop & Poesia" está chegando ao fim com três apresentações emocionantes programadas para a próxima semana em escolas de Campo Grande. Sob a liderança dos talentosos músicos e amigos Ju Souc e Jerry Espíndola, os próximos shows estão marcados para os dias 15, 16 e 17 de abril, sempre às 19h30.

Depois de oito apresentações bem-sucedidas em escolas de bairros periféricos da capital, o projeto continua sua missão de compartilhar cultura e emoção. As apresentações continuam a acontecer em escolas municipais de diversos bairros, proporcionando uma experiência enriquecedora aos alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA).

A singularidade do "Pop & Poesia" reside na excelência musical dos artistas e na interação calorosa com o público. Com um repertório criteriosamente selecionado, os espectadores terão a oportunidade não apenas de apreciar clássicos regionais, mas também de conhecer novas composições fruto da parceria entre os músicos. O objetivo do projeto é envolver as pessoas na rica cultura regional e despertar a curiosidade sobre as histórias por trás das músicas.

Marlene Barros, uma estudante de 40 anos que está concluindo o Ensino Fundamental na Escola Municipal Profª Maria Regina de Vasconcelos Galvão, expressou sua gratidão pela oportunidade de vivenciar o show.

"Eu gostei muito do show, muitas músicas da minha infância, que ouvia bastante e me trazem muitas recordações boas."

A diretora da escola, Ângela Maria de Brito, também elogiou a iniciativa e compartilhou o encantamento dos alunos com o espetáculo.

Tem muita gente aqui que nunca foi num show na vida, nunca viu música ao vivo e todos estamos encantados com o que vimos hoje”, afirma.

Com a promessa de noites repletas de emoção, cultura e entretenimento, as últimas apresentações do "Pop & Poesia" estão prontas para conquistar mais uma vez o coração do público campo-grandense.

O "Show Musical - Pop & Poesia" é um projeto financiado pela Lei Paulo Gustavo (LPG) do Ministério da Cultura, Governo Federal, por meio de edital da Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande. Mais informações podem ser encontradas no Instagram (@jerryespindola) e (@soucju).

Confira a programação:

- Segunda-feira (15 de abril) - E. M. Prof. Antônio Lopes Lins, rua Cibele, 460 - Portal Caiobá;
- Terça-feira (16 de abril) - E. M. Carlos Vilhalva Cristaldo, rua Pádua Gazal, 13 - Jardim Aeroporto;
- Quarta-feira (17 de abril) - E. M. José Mauro Messias da Silva, Rua Ivo Osman Miranda, 13 - Vila Moreninha IV.

*Com informações da assessoria

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PLATAFORMAS DIGITAIS

Confira as sugestões de filmes e séries desta semana

A dica da semana é o filme brasileiro "Rio 40 graus"

15/04/2024 14h34

"Rio 40 graus" está disponível no Globoplay e na Amazon Prime Video Divulgação

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“Rio 40 graus” é considerado um marco do cinema brasileiro, filme de Nelson Pereira mostra o Rio de Janeiro para além do estereótipo e possui críticas ainda muito relevantes para a cidade

Um dos mais importantes filmes do cinema nacional, “Rio 40 graus” (1955) foi o primeiro longa-metragem do cineasta Nélson Pereira dos Santos e um precursor do movimento chamado “Cinema Novo” no Brasil. Ao passo que as grandes companhias cinematográficas do país na época se preocupavam em tentar reproduzir um estilo hollywoodiano de contar histórias, “Rio 40 graus” inaugurou uma nova linguagem ao retratar o Rio de Janeiro – na época, capital do país – de uma forma realista, sem os floreios de “cidade maravilhosa” que povoavam o imaginário das pessoas. Atualmente, o filme está disponível no Globoplay e na Amazon Prime Video.

Uma espécie de drama com documentário, “Rio 40 graus” acompanha a trajetória de 5 meninos de uma favela carioca em um dia de domingo. Juntos, Zeca, Sujinho, Jorge, Paulinho e Xerife saem pelos pontos turísticos da cidade (Maracanã, Quinta da Boa Vista, Copacabana, Corcovado e Pão de Açúcar) para vender amendoim. Além de usarem o dinheiro para ajudar suas famílias, em especial Jorge – cuja mãe está doente e precisando de dinheiro para comprar remédios –, os meninos também desejam usar parte do valor arrecadado para comprar uma bola de futebol. Ao mesmo tempo, o filme aborda um conjunto de tramas paralelas, como a chegada de um coronel para visitar o Corcovado e a gravidez de uma migrante nordestina.

Apesar de, há muito tempo, o filme ser considerado um marco do cinema nacional, nem sempre foi assim. Na realidade, o longa sofreu com a censura na época do lançamento e a sua exibição foi proibida nos cinemas do país. O filme chegou a ser acusado de ser uma grande mentira e espalhar uma visão muito negativa da cidade – que, inclusive, nunca havia chegado aos 40° C de temperatura. Houve uma campanha para liberar a exibição do filme, que teve repercussão internacional entre artistas e intelectuais. A obra conseguiu sair da lista de filmes proibidos apenas no governo de Juscelino Kubitschek, em 1956.

 

A Disney Plus disponibilizará “Under The Bridge”, um original Hulu, no dia 17 de abril

A Hulu é uma plataforma de streaming norte-americana que vem se destacando no mercado por suas produções originais bastante premiadas, como foi o caso de “The Handmaid 's Tale” (2017). O serviço da empresa não está disponível no Brasil, porém, através de parcerias com outras plataformas, é possível assistir esses originais no país. Esse será o caso com o novo original da Hulu, “Under the Bridge”, uma série de “true crime” baseada no livro homônimo da autora canadense Rebecca Godfrey. Dessa vez, a responsabilidade de distribuir o original ficou a cargo da Disney Plus, que disponibilizará a série no Brasil a partir do dia 17 de abril em sua plataforma.

A série acompanha as investigações de um crime real que chocou o Canadá, no ano de 1977.  A história começa com o desaparecimento de uma menina de 14 anos chamada Reena Virk, que saiu para encontrar as amigas em uma festa e nunca mais voltou. Quando a adolescente é encontrada morta de uma forma brutal, a investigação corre para tentar encontrar os responsáveis pelo crime. Dentre os principais suspeitos estão um grupo de 7 meninas e um menino, todos entre 14 e 16 anos de idade.

“Under The Bridge” aborda o caso pelos olhos da escritora Rebecca (Riley Keough) e da policial local Cam (Lily Gladstone), que unem forças para tentar desvendar os acontecimentos que levaram à morte da jovem. Juntas, elas começam a investigar a realidade dos adolescentes acusados e, com diferentes abordagens, conseguem fazer com que a verdade vá se revelando até que o caso seja concluído de forma inesperada. O caso de Reena Virk, na época, escancarou de forma trágica os perigos do bullying e suas consequências desastrosas para os jovens. Ajudou a mostrar o quanto era importante que o assédio moral nas escolas fosse um tópico mais discutido e combatido no país – e no mundo.

 

Nova série da Netflix mergulha mais fundo no universo de “Sandman”, criado por Neil Gaiman, e conta a história de dois meninos que investigam mistérios depois da morte

Um dos escritores mais famosos e bem-sucedidos da literatura contemporânea, o autor britânico Neil Gaiman tem uma obra bastante versátil, que vai desde livros e contos, até histórias em quadrinhos e séries televisivas. Dentre os seus trabalhos mais conhecidos, estão “Sandman” (1989) – que ganhou nove Eisner, importante prêmio da indústria norte americana de quadrinhos –, “Deuses Americanos” (2001), “Coraline” (2020) e “Good Omens” (2019). As histórias criadas por Gaiman são um prato cheio para os amantes de fantasia e do macabro, uma vez que o escritor consegue manipular com maestria o que é conhecido como “o desconhecido”, criando novas realidades a partir de um universo pré-existente.

Sendo assim, todas as vezes que as histórias de Gaiman recebem uma adaptação cinematográfica, elas recebem uma atenção especial. Continuando uma parceria frutífera com a Netflix, no dia 25 de abril chegará à plataforma de streaming mais uma parte do universo criado pelo autor em “Sandman”. Com o título de “Garotos Detetives Mortos”, a primeira temporada do original contará com 8 episódios e dará um espaço narrativo especial para dois personagens que aparecem, de relance, na edição de 1991 de “Sandman”. Depois dessa aparição, a dupla até ganhou uma série de HQs próprias, que compunham o universo de spin-offs de “Sandman”.

Em “Garotos Detetives Mortos”, os protagonistas são os personagens Edwin Paine (George Rexstrew) e Charles Rowland (Jayden Revri), dois jovens britânicos que se conheceram após a morte e se tornaram melhores amigos. Juntos, os dois fantasmas fogem do Inferno e da Morte para solucionar mistérios no plano Mortal. Ao longo das investigações, a dupla ajuda outros fantasmas a solucionar os casos que levaram às suas respectivas mortes. Os protagonistas também irão contar com a ajuda da vidente Crystal Palace (Kassius Nelson) e de sua amiga Niko (Yuyu Kitamura). Juntos, eles vão encarar diversos desafios, como bruxas poderosas e seres sobrenaturais.

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