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Livro de jornalista traz reflexão sobre universo da pessoa com deficiência

Livro de jornalista traz reflexão sobre universo da pessoa com deficiência

EDUARDO FREGATTO

27/06/2016 - 17h00
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Jairo Marques, 41 anos, é um jornalista sul-mato-grossense. Formou-se pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e tem pós-graduação em jornalismo social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Casado e pai de uma menina, é colunista da Folha de S.Paulo, na qual atua como repórter desde 1999. 

Todas estas definições podem parecer importantes, dignas de uma apresentação detalhada, mas geralmente são ofuscadas por apenas uma característica: Jairo é cadeirante. Nascido em 1975, em meio ao surto de poliomielite no Brasil, o três-lagoano foi uma das crianças atingidas pelo vírus, que causa a paralisia infantil.

Apesar de ser visto pela sociedade perfeccionista, antes de tudo, como um deficiente físico, o jornalista estudou e trabalhou, o que por si só quebrou barreiras do preconceito. Ao longo dos anos, tornou-se uma das vozes mais influentes do debate sobre acessibilidade, especialmente no meio jornalístico. 

Faz publicações em seu blog da UOL, “Assim Como Você” (www.assimcomovoce.blogfolha.uol.com.br), uma referência quando o assunto é inclusão. Mas não se engane: esta não é uma história de superação.

“Eu não quero ser herói”, afirma Jairo, em sua luta diária, para ser visto como é: um jornalista pleno, em busca de disseminar informação e conhecimento. “Nem toda pessoa com deficiência tem uma história de superação. A realidade é que muitas só querem viver, levar uma vida comum”, pontua.

A vida comum de Jairo, com as peculiaridades de ser um jornalista incomum, lhe rendeu seu primeiro livro, “Malacabado”, Editora Três Estrelas, com lançamento previsto para amanhã , às 18h30min, na Livraria Marins Fontes (Avenida Paulista, 509), em São Paulo.

Na obra, que levou dois anos para ficar pronta, o autor revela detalhes do seu cotidiano, citando passagens marcantes da sua vida e carreira, com dois objetivos claros: jogar luz sobre a realidade vivida por quem tem alguma deficiência e provocar o leitor, ao intimá-lo a repensar suas atitudes quando se depara com o diferente.

TRAJETÓRIA

Jairo cresceu em uma rua de terra, em Três Lagoas, onde sua locomoção era limitada. Com o tempo que passava dentro de casa, conheceu livros e revistas e tomou gosto pela leitura. Na época, antes da enxurrada de dados proporcionada pela internet, era difícil ter acesso a informações sobre sua deficiência. “Falar de inclusão era coisa de outro planeta”, define.

O jornalista confessa que era um pouco solitário, não tinha outras pessoas com quem pudesse criar identificação. “Não era comum ver gente com deficiência na rua, na escola”, diz. “As pessoas dizem que não veem cadeirantes, mas é porque eles estão em casa, guardados pela família. Às vezes, não conseguem se deslocar nem na calçada em frente de casa”.

Aos 17 anos, com ajuda da família, que era humilde, mas dedicada, mudou-se para Campo Grande, a fim de cursar Jornalismo. 

Neste momento, ele se descreve como um “desbravador”. Morava sozinho, em um pensionato, e ia para a faculdade em uma motoca vermelha adaptada, que ficou conhecida no campus, no período.

Nos anos 1990, acessibilidade era um conceito distante. A reitoria da UFMS mandou então construir rampas especialmente para que o estudante pudesse circular. “Foi um legado positivo que deixei”, diz, orgulhoso.

Anos depois, Jairo continuou a desbravar os limites que lhe eram impostos. Por motivos  profissionais,  foi morar em São Paulo, sozinho novamente, em um hotel “caindo aos pedaços”.

 Apesar das dificuldades de viver com pouco dinheiro na maior cidade do País, o jornalista passou a aproveitar a liberdade recém-conquistada. “As estações de metrô já eram acessíveis. São Paulo me dava oportunidade de deslocamento. Era incrível. Às vezes, eu ia ao metrô sem necessidade, apenas porque eu podia ir”, conta.

VOCAÇÃO

Comunicativo e com talento para escrita, Jairo era inconformado, e o jornalismo parece ter sido a única atividade capaz de suprir suas necessidades.

“Eu me negava a achar que as possibilidades da vida eram aquilo que eu vivia. A necessidade de ir em frente morava dentro de mim”, analisa. “O jornalismo me catapultou para uma série de coisas. Fui pra outras partes do mundo, conheci gente que nunca imaginei conhecer”.

Apesar do grande reconhecimento que obteve como jornalista, o profissional destaca que a pessoa com deficiência sempre precisa reafirmar seu valor diante daqueles sem nenhuma limitação física ou sensorial.

“Se a pessoa com deficiência der uma brecha miníma, alguém vai apontar. A gente precisa se desdobrar 20 vezes mais, como profissional. Não existe uma consciência coletiva de igualdade, mas sim uma consciência de inferioridade, que muitas vezes te afeta”, avalia.

O jornalista destaca um momento marcante de sua carreira. Em 2003, os moradores de Florianópolis sofreram com um apagão que durou 55 horas. Jairo estava na cidade cobrindo uma feira de tecnologia, mas foi encarregado de preparar uma reportagem sobre o blecaute.

Para conseguir as informações e furos, precisou se deslocar e superar várias limitações. Seu editor perguntava se ele não queria deixar outro repórter fazer o trabalho, mas ele insistiu que era capaz. 

“Foi um dos momentos que me firmei como jornalista”, resume. A história detalhada está em seu livro.

HONESTIDADE

A palavra “malacabado”, para se referir a pessoas com deficiência, é uma preferência de Jairo. Ele acredita que o termo “deficiência” é cercado de estigmas e falso moralismo. Em seu blog, o jornalista trata das questões referentes à inclusão com honestidade e ousadia, evitando eufemismos ou rodeios.

A sinceridade e discurso direto podem render, de tempos em tempos, interpretações equivocadas e reclamações, mas Jairo garante que o apoio e incentivo são maiores.

Em “Malacabado”, o livro, o escritor quer utilizar esta honestidade para adentrar o leitor em sua realidade. 

“A vida de uma pessoa com deficiência é absolutamente observada, por causa de uma diferença latente que você tem e, muitas vezes, esse olhar das pessoas é carregado de valores que vão te afetar, para te impulsionar ou te chutar. A grande pegada é fazer o leitor pensar nos momentos em que cruzou com uma pessoa com deficiência, e quais valores ela lançou a esta pessoa”, diz. 

“Com oportunidades e direitos iguais, todo mundo consegue sobreviver”, finaliza Jairo, provando que sua intenção é causar reflexão e promover conscientização, e não impressionar com supostos atos de heroísmo.

Projeto cultural

Após encantar alunos, show "Pop & Poesia" chega a mais três escolas a partir de hoje

Jerry Espíndola e Ju Souc levam clássicos regionais aos estudantes do EJA da Rede Municipal de Ensino com sucesso

15/04/2024 15h23

As últimas apresentações do "Pop & Poesia" estão prontas para conquistar mais uma vez o coração dos alunos do Eja. Foto: Leandro Marques

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O projeto "Pop & Poesia" está chegando ao fim com três apresentações emocionantes programadas para a próxima semana em escolas de Campo Grande. Sob a liderança dos talentosos músicos e amigos Ju Souc e Jerry Espíndola, os próximos shows estão marcados para os dias 15, 16 e 17 de abril, sempre às 19h30.

Depois de oito apresentações bem-sucedidas em escolas de bairros periféricos da capital, o projeto continua sua missão de compartilhar cultura e emoção. As apresentações continuam a acontecer em escolas municipais de diversos bairros, proporcionando uma experiência enriquecedora aos alunos do Ensino de Jovens e Adultos (EJA).

A singularidade do "Pop & Poesia" reside na excelência musical dos artistas e na interação calorosa com o público. Com um repertório criteriosamente selecionado, os espectadores terão a oportunidade não apenas de apreciar clássicos regionais, mas também de conhecer novas composições fruto da parceria entre os músicos. O objetivo do projeto é envolver as pessoas na rica cultura regional e despertar a curiosidade sobre as histórias por trás das músicas.

Marlene Barros, uma estudante de 40 anos que está concluindo o Ensino Fundamental na Escola Municipal Profª Maria Regina de Vasconcelos Galvão, expressou sua gratidão pela oportunidade de vivenciar o show.

"Eu gostei muito do show, muitas músicas da minha infância, que ouvia bastante e me trazem muitas recordações boas."

A diretora da escola, Ângela Maria de Brito, também elogiou a iniciativa e compartilhou o encantamento dos alunos com o espetáculo.

Tem muita gente aqui que nunca foi num show na vida, nunca viu música ao vivo e todos estamos encantados com o que vimos hoje”, afirma.

Com a promessa de noites repletas de emoção, cultura e entretenimento, as últimas apresentações do "Pop & Poesia" estão prontas para conquistar mais uma vez o coração do público campo-grandense.

O "Show Musical - Pop & Poesia" é um projeto financiado pela Lei Paulo Gustavo (LPG) do Ministério da Cultura, Governo Federal, por meio de edital da Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande. Mais informações podem ser encontradas no Instagram (@jerryespindola) e (@soucju).

Confira a programação:

- Segunda-feira (15 de abril) - E. M. Prof. Antônio Lopes Lins, rua Cibele, 460 - Portal Caiobá;
- Terça-feira (16 de abril) - E. M. Carlos Vilhalva Cristaldo, rua Pádua Gazal, 13 - Jardim Aeroporto;
- Quarta-feira (17 de abril) - E. M. José Mauro Messias da Silva, Rua Ivo Osman Miranda, 13 - Vila Moreninha IV.

*Com informações da assessoria

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PLATAFORMAS DIGITAIS

Confira as sugestões de filmes e séries desta semana

A dica da semana é o filme brasileiro "Rio 40 graus"

15/04/2024 14h34

"Rio 40 graus" está disponível no Globoplay e na Amazon Prime Video Divulgação

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“Rio 40 graus” é considerado um marco do cinema brasileiro, filme de Nelson Pereira mostra o Rio de Janeiro para além do estereótipo e possui críticas ainda muito relevantes para a cidade

Um dos mais importantes filmes do cinema nacional, “Rio 40 graus” (1955) foi o primeiro longa-metragem do cineasta Nélson Pereira dos Santos e um precursor do movimento chamado “Cinema Novo” no Brasil. Ao passo que as grandes companhias cinematográficas do país na época se preocupavam em tentar reproduzir um estilo hollywoodiano de contar histórias, “Rio 40 graus” inaugurou uma nova linguagem ao retratar o Rio de Janeiro – na época, capital do país – de uma forma realista, sem os floreios de “cidade maravilhosa” que povoavam o imaginário das pessoas. Atualmente, o filme está disponível no Globoplay e na Amazon Prime Video.

Uma espécie de drama com documentário, “Rio 40 graus” acompanha a trajetória de 5 meninos de uma favela carioca em um dia de domingo. Juntos, Zeca, Sujinho, Jorge, Paulinho e Xerife saem pelos pontos turísticos da cidade (Maracanã, Quinta da Boa Vista, Copacabana, Corcovado e Pão de Açúcar) para vender amendoim. Além de usarem o dinheiro para ajudar suas famílias, em especial Jorge – cuja mãe está doente e precisando de dinheiro para comprar remédios –, os meninos também desejam usar parte do valor arrecadado para comprar uma bola de futebol. Ao mesmo tempo, o filme aborda um conjunto de tramas paralelas, como a chegada de um coronel para visitar o Corcovado e a gravidez de uma migrante nordestina.

Apesar de, há muito tempo, o filme ser considerado um marco do cinema nacional, nem sempre foi assim. Na realidade, o longa sofreu com a censura na época do lançamento e a sua exibição foi proibida nos cinemas do país. O filme chegou a ser acusado de ser uma grande mentira e espalhar uma visão muito negativa da cidade – que, inclusive, nunca havia chegado aos 40° C de temperatura. Houve uma campanha para liberar a exibição do filme, que teve repercussão internacional entre artistas e intelectuais. A obra conseguiu sair da lista de filmes proibidos apenas no governo de Juscelino Kubitschek, em 1956.

 

A Disney Plus disponibilizará “Under The Bridge”, um original Hulu, no dia 17 de abril

A Hulu é uma plataforma de streaming norte-americana que vem se destacando no mercado por suas produções originais bastante premiadas, como foi o caso de “The Handmaid 's Tale” (2017). O serviço da empresa não está disponível no Brasil, porém, através de parcerias com outras plataformas, é possível assistir esses originais no país. Esse será o caso com o novo original da Hulu, “Under the Bridge”, uma série de “true crime” baseada no livro homônimo da autora canadense Rebecca Godfrey. Dessa vez, a responsabilidade de distribuir o original ficou a cargo da Disney Plus, que disponibilizará a série no Brasil a partir do dia 17 de abril em sua plataforma.

A série acompanha as investigações de um crime real que chocou o Canadá, no ano de 1977.  A história começa com o desaparecimento de uma menina de 14 anos chamada Reena Virk, que saiu para encontrar as amigas em uma festa e nunca mais voltou. Quando a adolescente é encontrada morta de uma forma brutal, a investigação corre para tentar encontrar os responsáveis pelo crime. Dentre os principais suspeitos estão um grupo de 7 meninas e um menino, todos entre 14 e 16 anos de idade.

“Under The Bridge” aborda o caso pelos olhos da escritora Rebecca (Riley Keough) e da policial local Cam (Lily Gladstone), que unem forças para tentar desvendar os acontecimentos que levaram à morte da jovem. Juntas, elas começam a investigar a realidade dos adolescentes acusados e, com diferentes abordagens, conseguem fazer com que a verdade vá se revelando até que o caso seja concluído de forma inesperada. O caso de Reena Virk, na época, escancarou de forma trágica os perigos do bullying e suas consequências desastrosas para os jovens. Ajudou a mostrar o quanto era importante que o assédio moral nas escolas fosse um tópico mais discutido e combatido no país – e no mundo.

 

Nova série da Netflix mergulha mais fundo no universo de “Sandman”, criado por Neil Gaiman, e conta a história de dois meninos que investigam mistérios depois da morte

Um dos escritores mais famosos e bem-sucedidos da literatura contemporânea, o autor britânico Neil Gaiman tem uma obra bastante versátil, que vai desde livros e contos, até histórias em quadrinhos e séries televisivas. Dentre os seus trabalhos mais conhecidos, estão “Sandman” (1989) – que ganhou nove Eisner, importante prêmio da indústria norte americana de quadrinhos –, “Deuses Americanos” (2001), “Coraline” (2020) e “Good Omens” (2019). As histórias criadas por Gaiman são um prato cheio para os amantes de fantasia e do macabro, uma vez que o escritor consegue manipular com maestria o que é conhecido como “o desconhecido”, criando novas realidades a partir de um universo pré-existente.

Sendo assim, todas as vezes que as histórias de Gaiman recebem uma adaptação cinematográfica, elas recebem uma atenção especial. Continuando uma parceria frutífera com a Netflix, no dia 25 de abril chegará à plataforma de streaming mais uma parte do universo criado pelo autor em “Sandman”. Com o título de “Garotos Detetives Mortos”, a primeira temporada do original contará com 8 episódios e dará um espaço narrativo especial para dois personagens que aparecem, de relance, na edição de 1991 de “Sandman”. Depois dessa aparição, a dupla até ganhou uma série de HQs próprias, que compunham o universo de spin-offs de “Sandman”.

Em “Garotos Detetives Mortos”, os protagonistas são os personagens Edwin Paine (George Rexstrew) e Charles Rowland (Jayden Revri), dois jovens britânicos que se conheceram após a morte e se tornaram melhores amigos. Juntos, os dois fantasmas fogem do Inferno e da Morte para solucionar mistérios no plano Mortal. Ao longo das investigações, a dupla ajuda outros fantasmas a solucionar os casos que levaram às suas respectivas mortes. Os protagonistas também irão contar com a ajuda da vidente Crystal Palace (Kassius Nelson) e de sua amiga Niko (Yuyu Kitamura). Juntos, eles vão encarar diversos desafios, como bruxas poderosas e seres sobrenaturais.

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