De jovens interessados em fazer música e falar sobre a terra em que viviam a um dos grupos musicais mais longevos do Estado, o Acaba – Canta-dores do Pantanal comemora seus 50 anos de atividade com o show de lançamento da Antologia Musical Pantanal: Nascentes, Rios e Vertentes. O show acontece amanhã, no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, às 20h.
“Ele faz parte de um projeto de comemorações que estão sendo realizadas”, afirma Moacir Lacerda, integrante e um dos fundadores do grupo. A apresentação contará com a participação de amigos que, de alguma maneira, contribuíram ou participaram da trajetória do grupo. “O show será gravado e, posteriormente, lançaremos um DVD com o mesmo título do disco”, pontua.
Segundo Moacir, além da Antologia, que reúne 85 canções em quatro CDs, ainda estão previstos o lançamento de um livro, escrito pelo jornalista Rodrigo Teixeira, que conta a trajetória do grupo e será publicado pela Editora UFMS, e o lançamento de um documentário, com direção de Fábio Flecha. “Comemorar cinco décadas de atividades, com certeza, não é um feito pequeno. Sabemos a dificuldade de tocar uma carreira por tanto tempo”, afirma.
TRAJETÓRIA
O grupo foi formado em 1966, mas seria batizado como Acaba apenas três anos depois. O nome, na verdade, é uma sigla para Associação dos Compositores Autônomos do Bairro Amambaí.
“Morávamos todos naquela região. Certo dia, na varanda de uma das integrantes, a Vera Gasparotto, resolvemos utilizar esse nome”, pontua o músico.
Na década seguinte, em 1979, os músicos lançaram seu primeiro disco. Canta-dores do Pantanal já deixava claro o posicionamento dos integrantes, que decidiram se voltar a temas que ainda não eram tão populares quanto as questões ecológicas e o Pantanal, além dos povos indígenas e outros grupos sociais. O grupo havia vencido o Fessul com a canção “Kananciuê”, o que os levou à gravação do LP. Este seria o primeiro gravado no Estado.
“Na época, todos iam para São Paulo. No nosso caso, a estrutura foi trazida até aqui e gravamos no Teatro Glauce Rocha. Levar o grupo inteiro para São Paulo seria muito trabalhoso e caro”, explica Moacir. A empreitada mostrou a viabilidade de produzir e gravar discos na região, o que possibilitou outros projetos.
Moacir conta que chegou a Campo Grande, vindo da região Pantanal, em 1966 e passou a estudar no Colégio Estadual Campo-grandense – atualmente conhecido por Escola Estadual Maria Constança Barros Machado. “Eu vinha de uma família humilde, mas meu pai escrevia partituras, então a música já fazia parte do meu cotidiano”, conta.
Ao chegar à escola, teve contato com uma geração musical e animadores culturais como a professora Maria da Glória Sá Rosa.
“Ela encampava projetos com a turma, nos fazia querer criar, e o projeto foi crescendo”, explica. Assim, os integrantes foram se encontrando e passaram a compor juntos. Aos poucos, o grupo ia ganhando contornos.
Dos momentos de destaque, há a participação do Acaba na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Eco-92. O grupo foi eleito representante de Mato Grosso do Sul depois de vencer como Melhor Intérprete um concurso que selecionaria um participante.
“A gente tinha algo que chamava atenção e tínhamos cuidado em oferecer isso ao público, uma beleza plástica – que ia além do musical”, comenta Moacir.