Dois escritores de Mato Grosso do Sul terão suas obras publicadas fora do País. Henrique de Medeiros, publicitário e poeta, terá a coletânea de poemas “Azur Macadam” lançada em Paris no dia 7 de dezembro. A publicação foi feita pela editora francesa Éditions Estaimpuis. A tradução dos poemas é do professor Marcelo Marinho. Em Nova York, a procuradora Ariadne Cantú lançará o livro inédito “Awake” em 1o de dezembro.
Henrique conta que alguns editores franceses tiveram contato com sua obra e os temas lhes chamaram a atenção. “Grande parte de minha produção tem um olhar existencialista, trata de temas cosmopolitas. Não sou um poeta regionalista. Isso faz com que minha obra faça sentido aqui, em Paris ou em qualquer outra cidade”, explica. Por meio do contato com o professor Marcelo Marinho, da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, os poemas ganharam tradução e agora serão lançados na Cidade Luz.
O lançamento acontece durante o evento “Um Outro Brasil: Mato Grosso do Sul”, na Embaixada do Brasil na França. A iniciativa foi de Mazé Torquato Chotil, nascida em Glória de Dourados, mas moradora de Paris há mais de 30 anos. “Fazia tempo que eu estava a fim de fazer algum evento na embaixada. Os franceses conhecem pouco do Brasil além do Rio de Janeiro, Amazônia e outros locais turísticos”, explica.
Mazé conta que Marcelo Marinho está na cidade e, em parceria, eles decidiram criar uma noite para conversar com autores e falar sobre Mato Grosso do Sul, uma região desconhecida. “Eu tenho dois livros que se passam no Estado. Com o livro de Henrique, criou-se a oportunidade perfeita”, argumenta. “Lembranças do Sítio” e “Minha Aventura na Colonização do Oeste” serão apresentados por Mazé durante o evento. Além do bate-papo com ela e Henrique, haverá uma conversa com Marcelo e apresentação cultural do pianista César Birschner e da atriz Gabriella Scheer.
“Estudei francês durante quatro anos, ainda na juventude, no Rio de Janeiro. Ver um livro meu em francês é maravilhoso. Quando uma obra tua ganha tradução, o pensamento se abre”, afirma Henrique. Ele recebeu um volume da obra e conta estar bastante feliz com o resultado, sobretudo com a sensibilidade da tradução.
UM NOVO CONCEITO
Outra obra literária que ultrapassa as fronteiras brasileiras é “Awake”, de Ariadne Cantú. O livro também ganhará uma edição brasileira com o título “Despertar”. Contudo, o idioma da obra não é tão importante, uma vez que se trata de um “silent book” ou, em português, “livro silencioso”. Trata-se de um conceito descoberto pela autora durante a Feira do Livro Infantil de Bolonha, na Itália, da qual participou em 2015.
Um silent book é um livro ilustrado e sem palavras. A cada página, o texto deve ser imaginado pelo leitor, em um processo subjetivo de construção da narrativa. “Ao ler um silent book vários aspectos da construção da linguagem são despertados, os quais passam a ter um contexto que corrobora, compõe e enriquece a imagem”, explica Ariadne, que é autora de 16 livros.
Para ela, este método pode incentivar a leitura e criar um meio de aproximação entre os jovens e os livros. “Se você perguntar a um adolescente se ele gosta de ler, a grande maioria vai responder que não. Aqueles que estão se preparando para o vestibular estão assoberbados com literatura direcionada a questões de prova, que os distancia da busca da literatura por prazer e escolha”, acredita. A isso, ainda se soma a abundância tecnológica que pode fazer a literatura parecer enfadonha. “Um livro sem palavras, no entanto, poderia chamar a atenção dos jovens”, acredita.
A obra conta ainda com um “Livro Guia”, voltado aos que pretendem utilizá-lo em ações com grupos, sobretudo em sala de aula. Por meio do guia, o professor pode criar meios para se aproximar da proposta central da leitura oferecida pelos “silent books”. O guia aborda aspectos pedagógicos, assim como apresenta o conceito.
A obra será lançada na sede da organização sem fins lucrativos Brazilian Endowment for the Arts.