A enfermeira Gislaine Gonzaga realiza uma exposição com books fotográficos de grávidas, feitos por ela, durante os cinco anos de um projeto voluntário que executa, em Goiânia. Ela conta que começou a fazer
as fotos com a intenção de proporcionar autoestima para gestantes de baixa renda que, muitas vezes, engravidaram na adolescência ou de forma não planejada e não demonstram uma ligação afetiva com o bebê.
A exposição "FotográVIDA" será realizada neste sábado (20), das 8h às 12h, no Espaço Ipê, no Setor Jardim Guanabara. Em conjunto com a exposição, o evento terá outras atividades relacionadas à gravidez, como palestras de conscientização, exames preventivos, atividades educativas, além de uma campanha odontológica preventiva voltada para a saúde das gestantes e dos bebês.
Gislaine trabalha em uma unidade de saúde pública na capital e relata que, quando começou o projeto, em 2012, se juntou a uma equipe no Centro de Saúde Cachoeira Dourada e, posteriormente, foi transferida para o Centro de Saúde da Família Jardim Guanabara, onde seu continuidade aos books. Atualmente, a enfermeira realiza as fotografias nas duas unidades.
"Quando a gente começou, contratamos uma fotógrafa, mas, como os recursos eram poucos, decidi me aventurar. Daí, resolvi começar a fazer as fotos", afirma.
A enfermeira explica que, na época em que começou a desenvolver o projeto, pensou em presentar as grávidas com um kit de enxoval para o bebê, no entanto, analisou que isso não seria o suficiente para ajudar as mamães a aumentarem a ligação afetiva com os filhos.
"Há tempos, as unidades de saúde usam um método de 'moeda de troca' com as gestantes que fazem o pré-natal com elas. No nosso caso, a moeda de troca era um enxoval, mas o nosso grupo despertou em mim que, já que a maioria das gestantes tinham problemas com a gravidez, esse kit de enxoval não revolveria o problema, então, fiz a proposta das fotos, e o primeiro ensaio foi na unidade de saúde mesmo, no consultório, levei minhas maquiagens, roupas, e até uma vizinha para me ajudar", conta.
Gislaine conta que, para a produção das fotos, é feito um "dia de princesa" com as gestantes. Com os anos de projeto, ela reuniu uma equipe de profissionais da saúde que se especializaram com cursos de maquiagem, cabeleireiro, além de ter reunido roupas e acessórios para a escolha da gestante enquanto se produz para as fotos. A enfermeira conta que a maioria das fotos são tiradas na casa dela, onde foi preparado um espaço para as seções de foto e que a recompensa é a auto estima das gestantes.
"Na verdade, quando a gente fez o primeiro ensaio, a ideia era que não fosse para sempre, mas o efeito fez com que a gente não parasse. Elas se assustam com o resultado, parece que não são elas. A primeira surpresa que é com a maquiagem. Gestantes adolescentes, que se escondem e somem até das redes sociais quando engravidam, geralmente ressurgem nas redes com essas fotos. Elas se sentiam envergonhadas, mas com as fotos elas voltam a se mostrar de novo e as vezes até lançam palavras de carinho em relação à gravidez", disse.
A enfermeira conta que o projeto é gratuito e que a única condição para as mamães é que elas permaneçam no acompanhamento na unidade de saúde. "Hoje o negócio funciona muito de boca em boca. Porque, no pré-natal, quando uma gravida está com a gente, ela mesma já indica 'olha, faz naquele posto porque ali você já ganha a foto' e uma fala pra outra. Ensaio fotográfico hoje é caro, quem faz, paga caro, então, acaba que não é uma prioridade para elas. A vontade é só delas, não é do marido, não é da sogra, não é da mãe", afirma.